Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

A' Cerca de Coimbra



Domingo, 24.12.17

NATAL, HOJE

Estamos chegados a mais um Natal.

Natal que como recentemente recordou Fr. Bento Domingues ocorreu num curral iluminado pela luz do céuà margem do Templo de Jerusalém e dos palácios imperiais.

Natal, em que tantos esquecem não só naquilo que considero o essencial e que respeito da mensagem de Cristo, o amor e o respeito entre os homens, bem como o significado mais profundo do pai-nosso que nos foi proposto, o perdoai os nossos pecados assim como nós perdoamos a quem nos ofendeu.

Estamos num tempo conturbado e perturbador. Tempo este que não nos pode fazer perder a esperança de que a mudança que nos foi proposta há mais de dois mil anos, possa fazer o seu caminho e trazer a tão cantada e desejada paz entre os homens. Paz que para mim implica o profundo respeito pelos princípios da liberdade, da igualdade e da fraternidade entre cada um e entre todos nós.

Será este, mais uma vez e nas nossas vidas, o Natal possível.

Daí o desejar aos Meus e àqueles que estão no rol dos meus Amigos um Feliz Natal junto das suas Famílias com saúde, paz e a alegria que a vida lhe possa permitir.

Para todos

Cartão BF 2017. RC.jpg

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 10:31

Quinta-feira, 21.12.17

Coimbra: Parque Verde do Mondego

No início do milénio, no âmbito do Programa Polis, foi projetado, pela empresa de arquitetura paisagista PROAP, o Parque Verde do Mondego, que se estende por 3 quilómetros da frente ribeirinha ao longo das duas margens do rio Mondego entre a Ponte de Santa Clara e a Ponte Europa. À beleza do rio veio, assim associar-se uma obra paisagística, já do século XXI, que permite uma valorização plena das famosas margens do Mondego

Parque Verde.jpg

 Parque Verde

 Três áreas se destacam, criando unidades diferentes: a frente rio, propriamente dita, plantada de salgueiros e choupos, com pequenos ancoradouros que se projetam sobre o rio e criam estadias sobre a água; a área de restaurantes e apoio aos desportos náuticos; e a zona de estacionamento. Recuada e separando a área de lazer da área de estacionamento, destaca-se uma enorme fonte-canal, paralela ao rio, de traçado inovador.

Rio Mondego pontes.jpg

 

Parque verde pontes

 Para ligar as duas margens, agora sempre distantes com o espelho de água que o Mondego passou a oferecer desde a construção do açude, foi projetada uma ponte pedonal pelos engenheiros Adão da Fonseca e Cecil Balmond que se completa no Outono de 2006.

A partir da saída da ponte, na margem esquerda, o projeto prevê uma ligação por túnel à área do Convento de Santa Clara-a-Velha e, mais além, ao Portugal dos pequenitos.

 

Nota:

Quanto ao Parque Verde cumpre-me dar um testemunho.

Um certo dia, ao fundo da ladeira do Batista designação popular do troço onde se inicia a Rua do Brasil, encontrei o Dr. Mendes Silva, então já ex-presidente da Câmara e, como advogado, regressado às suas funções de promotor imobiliário. Vinha eufórico. Segundo o que então me disse tinha acabado de estabelecer com os proprietários dos terrenos da Ínsua dos Bentos – que o atual Parque Verde parcialmente integrava – uma proposta de acordo a apresentar à Câmara da doação à Cidade do terreno da zona situada entre a linha da Lousã e o rio, em troca da possibilidade de construir na restante parte do terreno. Era a conclusão de um processo que, desde o seu mandato à frente da Câmara, vinha procurando erguer.

Não posso testemunhar o desenrolar das negociações, pois estas aconteceram num período em que, tendo concluído que me era impossível continuar a desempenhar o cargo de Diretor do Departamento de Cultura, Desporto e Turismo da Câmara de Coimbra, dentro do contexto que eu considerava ser o correto, tomei a decisão de renunciar a essa função e procurar trabalho onde se me pudesse realizar como pessoa e como profissional.

Coimbra, por vezes, é madrasta. E foi-o para essa figura ímpar de Conimbricense que se chamou Dr. Mendes Silva, a quem a Cidade ainda deve a homenagem e o reconhecimento do muito que por ela fez.

 

Castel-Branco. C. Os jardins de Coimbra. Um colar verde dentro da cidade. In: Monumentos. Revista Semestral de Edifícios e Monumentos. N.º 25, Setembro de 2006. Lisboa, Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, pg. 180

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 09:25

Terça-feira, 19.12.17

Coimbra: Jardim Botânico, o jardim da sabedoria

É tradição dizer-se que o Jardim Botânico de Coimbra foi projetado por Vandelli. Uma análise mais aprofundada mostra, no entanto, que o Jardim que vimos hoje já nada tem que ver com Vandelli e foi sendo feito pelos sucessivos diretores. O projeto (c. 1773) ... foi chumbado pelo marquês de Pombal, por excesso de luxo.

... a proposta de Vandelli ficou reduzida a um terraço, a que se chamou o “Quadrado”: na encosta da cerca do convento beneditino, onde se instalara a universidade por altura da Reforma Pombalina. Deste projeto restam os muros de suporte, pois o espaço foi totalmente remodelado, correspondendo hoje ao tabuleiro mais largo com fontanário central e canteiros em arco, desenhados na altura em que o professor Abílio Fernandes foi diretor do jardim (de 1942 a 1974)

Jardim Botãnico planta.jpg

 Jardim Botânico planta executada em Agosto de 1807

Felizmente, encontra-se também no arquivo uma planta do Jardim Botânico, que segue as instruções de contenção do marquês e foi mandada desenhar sob orientação de Brotero. Este sim foi o primeiro impulsionador da maior parte do Jardim Botânico, construído e plantado para o ensino da Botânica na Universidade de Coimbra.

Jardim Botânico canteiros.jpgJardim Botânico, canteiros

 ... Das descrições de Brotero sob a forma de preparar um jardim, confirmamos ainda hoje, no terreno, algumas partes, e o belíssimo resultado de um jardim bem planeado, mesmo passados duzentos e quarenta anos. Os tabuleiros que hoje vimos quando entramos na porta central do jardim, onde uma estátua foi erguida ao grande mestre Brotero, são preenchidos por canteiros longitudinais ladeados de buxo. Apesar de hoje não existirem as três mil espécies que Brotero ali juntou, o traçado é bom, a rega foi pensada, a exposição é a melhor da colina que desce para o Mondego, a drenagem funciona: quando for possível refazer a coleção broteriana, não haverá grande dificuldade em plantar as famosas escolas, segundo o sistema de classificação que se entender.

... No século XIX, Júlio Henriques melhora o sistema de águas e, no século XX, Abílio Fernandes manda construir a estufa fria ... Durante a direção deste professor, é colocada uma fonte no centro do Quadrado e são efetuadas melhorias de canalizações, hoje visíveis.

... a estufa que hoje vemos, à direita da grande escadaria, é um belo exemplar da arquitetura de ferro de meados do século XIX.

Jardim Botânico bambuzal.jpg

 Jardim Botânico bambuzal

 ... quando um dia abrir (a mata) os seus 13,5 hectares e ligar a  parte alta da cidade às margens do rio, por onde, no passado, chegavam as remessas de plantas, a visita poderá oferecer um passeio pelo mágico bambusal de «Phyllostachys bambusoides», e, escondida no meio deste ambiente oriental, permitir encontrar a capela de São Bento abobadada e coberta de musgo. Relembra-nos a presença dos beneditinos, que mais abaixo deixaram também uma fonte alimentada por uma mina de água, com parede e banco forrados a azulejos do século XVII, local de paragem antes de subirmos para o miradouro.

Castel-Branco. C. Os jardins de Coimbra. Um colar verde dentro da cidade. In: Monumentos. Revista Semestral de Edifícios e Monumentos. N.º 25, Setembro de 2006. Lisboa, Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, pg. 177-180

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 09:38

Quinta-feira, 14.12.17

Coimbra: Claustro de Celas

É tão surpreendente a igreja de planta redonda do mosteiro cisterciense de Celas que quase ofusca a beleza do claustro e a originalidade da sua fonte central, cavada e escondida.

Celas claustro.jpg

 Convento de Celas, claustro

Mas neste quadrado ao ar livre, pouco estudado e ainda menos visitado, surge-nos, na fonte, o fascínio renascentista pela geometrização dos espaços. A disposição em planta do claustro, que se liga à igreja redonda, é o resultado criativo deste esforço de arrumação dos elementos construídos, deixados pela Idade Média neste ermo distanciado de Coimbra, conhecido por Vimarães.

Uma vez dentro do próprio claustro votamos a ter novo atrativo que desvia a atenção da fonte central: são os extraordinários capitéis, minuciosamente esculpidos e pintados com as cenas da vida de Cristo, cuja datação dos séculos XIII a XIV é insegura, mas que vieram do Paço Real da Coimbra, oferecidos por volta de 1533, por D. João III.

Celas Claustro fonte.jpg

 

Convento de Celas, fonte do claustro

 ... A originalidade da fonte reside no facto de ela estar afundada e mal se ver, apesar de respeitar a quadripartição por eixos e se encontrar no centro exato do claustro. De facto, a fonte redonda está abaixo  do plano do claustro e a ela se acede por escadas que descem cerca de 1,5 metros «Ao centro do jardim cava-se um tanque circular para onde se desce por quatro escadas de sete degraus dispostas segundo os eixos do claustro. Uma inscrição esclarece: ESTE . CHAFERIS . MANDOU / REIDIFECAR . A ILMª . SNRª . D / THEREZA . LUIZA . RANGEL . / SENDO . SGDª . VES . ABBADESA / DESTE MOSTRº . NO ANNO / DE 1761».

O espaço criado forma um cilindro e isola-se visualmente de quem está no claustro, oferece bancos redondos de pedra em circunferência assim criada, que escondem ainda mais quem neles se senta. A taça de água redonda com cerca de 40 centímetros de altura é cilíndrica e, do seu centro, a que corresponde também o centro geométrico do claustro, sai um repuxo. O conjunto não tem um único ornamento. Esta invenção pode ser uma simples resposta ao nível da água que se encontra, de facto, a 1,5 metro abaixo da cota do claustro com uma mina visível numa das paredes em arco deste cilindro vazio.  

Esta simplicidade revelou-se esteticamente genial: o desenho afundado, num claustro tão pequeno, aduziu-lhe a terceira dimensão, mas em negativo; conseguiu dar o efeito de espaço redobrado e, sem qualquer ornamento, consegue animar as paredes e as formas com efeitos de sombra projetadas nos degraus e nas paredes concavas. Interrogamo-nos, então, se este jogo de geometria a três dimensões e a total ausência de ornamento chegarão para confirmar o traço de um bom artista do Renascimento?

... Resta-nos assim apresentar – reconhece-se que um pouco a medo – a hipótese de poder ter sido João de Ruão o imaginário da fonte do claustro de Celas. 

Castel-Branco. C. Os jardins de Coimbra. Um colar verde dentro da cidade. In: Monumentos. Revista Semestral de Edifícios e Monumentos. N.º 25, Setembro de 2006. Lisboa, Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, pg. 175- 177

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 08:55

Terça-feira, 12.12.17

Coimbra: Jardim da Sereia ou Parque de Santa Cruz

Na parte superior da cerca, para onde o espaço da encosta lhes permite abrir os eixos que formarão um parque traçado e dimensões barrocas. É assim que a quinta do Mosteiro de Santa Cruz se transforma num parque que adota a gramática construtiva de Versailles: um eixo de simetria, que se define ao longo de um imenso jogo da bola, duas vezes a dimensão do que havia sido construído em Mafra, no palácio real, e o eixo na cascata dividem-se em duas escadarias monumentais, com 5 metros de largura e totalmente simétricas, que sobem a encosta, formando o tão famoso «pied-de-poule» copiado por todas as cortes da Europa.

Sereia arco de entrada.jpg

 Jardim da Sereia, arco de entrada

O significado deste empreendimento monumental merece ser abordado: a simbologia é predominantemente religiosa, com o arco triplo da entrada enquadrando a perspetiva profunda do jogo da bola. Duas inscrições em latim revelam-nos a intenção do dono da obra: «Que o bosque de Idálio esconda, agora, os milagres da arte / E que o sagrado Ida não espalhe as suas fontes, / ao mesmo tempo, a arte e o murmúrio das águas honram este bosque / E não existirá outro igual a ele, nem mesmo o paraíso.»

E dão as boas vindas a quem entra: «o zelo dos antepassados preservou este jardim para eles, ó mundo, / para que não voltem às perfídias e às tuas tentações / e não voltarão às tuas volúpias; agora, este jardim enclausurado / é o único que tem as alegrias que eles conhecem verdadeiramente.»

João V pagou ... toda a obra do jardim da quinta de Santa Cruz ... o que é sempre extraordinário ... é a sua consistência em dar expressão às regras europeias do barroco.

... A monumentalidade disciplinada a um eixo, própria do estilo barroco, levaria, sem dúvida, à construção de duas escadarias simétricas em redor das cascata, não fora a habitual tendência para deixar obra incompleta. Uma só escadaria foi levada ao cimo da encosta, trabalhada em patamares de plantas diferentes, ornamentados com fontes ao nível dos pavimentos e azulejos nos assentos que os envolvem.

A última fonte do topo da escadaria termina numa parede revestida de pedra irregular calcária, formando uma gruta com um tritão com barbas quer abre a boca a dois golfinhos. Surpreendentemente é a este másculo tritão que chamaram sereia e, a partir dele, nasceu a designação de Jardim da Sereia.

 

Sereia lago.jpg

  Jardim da Sereia lago

 ... O outro arranque da escada desemboca numa íngreme ladeira que em tempos foi coberta por um túnel de loureiros e leva até ao grande lago circular. Esta peça é o ponto vital do jardim porque todo o sistema de repuxos das escadarias e da grande cascata é por ele alimentado. No centro do lago, numa ilha foi plantada uma laranjeira e, em redor do lago, uma sebe alta de ciprestes com arcos. Toda esta composição vegetal desapareceu e os bancos que encostavam à sebe de ciprestes, que um dia foram cómodas estadias viradas para o lago, flutuam tristes num espaço agora mal resolvido. 

Castel-Branco. C. Os jardins de Coimbra. Um colar verde dentro da cidade. In: Monumentos. Revista Semestral de Edifícios e Monumentos. N.º 25, Setembro de 2006. Lisboa, Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, pg. 173-175

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 09:06

Quinta-feira, 07.12.17

Coimbra; Mosteiro de Santa Cruz, os claustros que haviam

D. Manuel I mandou reconstruir o Claustro do Silêncio, já na altura com quatrocentos anos. Durante cinco anos (de 1517 a 1522) o arquiteto Marcos Pires refez os arcos e o deambulatório, reservando para um canto uma fonte triangular, cuja taça mais parece medieval por tão simples e sólida.

Santa Cruz claustro.jpgClaustro do silêncio

Todo o espaço do claustro se submete a uma geometria simples de cinco arcos em cada lado, mas os motivos vegetais e as cordas estilizadas, que na Idade Média se concentravam nos capitéis, revestem agora por completo as três colunas de cada arco, sobem ao fecho das abóbadas do deambulatório e desdobravam-se em frisos à volta da fonte triangular que ocupa o canto sudoeste.

Não admira que ao entrar no Claustro do Silêncio se reconheçam, em espaço menor, as mesmas formas, penumbras e ambiente do claustro dos Jerónimos; as plantas, frutas, cordas e ramos talhados em pedra vieram trazer o manuelino ao mais antigo monumento de Coimbra... A fonte central ... pertence já a um período distante do manuelino: foi encomendada ... ainda durante o domínio espanhol, sendo, no entanto, encimada por uma estátua que segura o escudo nacional.

 

Claustro da Manga.jpg

 Claustro da Enfermaria ou da Manga

 A D. Manuel I se deve, também, a decisão do aumento do convento em redor de um novo claustro: o claustro da Enfermaria, ou da Manga, que hoje não conhecemos como claustro, mas onde uma fonte de traça tão arriscada quanto bela marcou – esse sim – o seu centro; peça inigualável da nossa arte paisagística do Renascimento, nela convergem a inovadora pureza de traços e o uso da água em grande espelho, sobre o qual se eleva um pavilhão abobadado. Um repuxo ao nível do chão marca o centro geométrico de toda a construção, e cai sobre uma taça circular encastrada no pavimento. Para chegar a este pavilhão-ilha, quatro pontes nos eixos do claustro conduzem a quatro degraus que elevam a construção central e reforçam a terceira dimensão do claustro.

A data da feitura desta obra é conhecida: entre 1553 e 1534 foram feitos pagamentos a Jerónimo Afonso, o empreiteiro, e a João de Ruão, o “imaginário”. Em 1589,o castelhano Frei Jerónimo Logroño, percorreu o país, fazendo-lhe referência: (...) o pátio deste claustro não é de lajes ou jardim, mas sim de água, embora não faltem pedra e verdura para a perfeição da obra / O centro está ocupado por uma fonte, de tão raro gosto que quase nem sei descrevê-la, isolada entre quatro pomares, separados por canais que enchem tudo de frescura / Quatro escadas de pedra, ricamente lavrada, cada qual de sete degraus, acompanhada de bestiães esculpidos. Conduzem a um soco oitavado muito perfeito e galante, sobre o qual se levanta uma fonte de grande artifício, porque a água que cai dela sobre os tanques, recolhe-se por canos secretos e assim corre a água continuadamente, sem que se saiba de onde vem, nem para onde vai / Em volta, sobre a água, erguem-se quatro capelas redondas, abobadadas, lavradas primorosamente, de mui formosa pedra, a que chamam as Ermidas, aonde os religiosos vão orar quando querem; e para a sua tranquilidade, o que se recolhe levanta uma ponte levadça que há para entrar, a qual serve ao mesmo tempo de porta, e ali se conserva o tempo quen lhe parece.

Claustro da Manga (2).jpg

 Claustro da Enfermaria ou da Manga na atualidade

... Por altura do restauro efetuado em 1957 ... quando se abriu a rua a norte, reduziram-lhe a dimensão total e a dos lagos, ficando só a notável escultura de João de Ruão, apertada entre os edifícios e amputada do seu espelho de água.

 Castel-Branco. C. Os jardins de Coimbra. Um colar verde dentro da cidade. In: Monumentos. Revista Semestral de Edifícios e Monumentos. N.º 25, Setembro de 2006. Lisboa, Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, pg. 171-173

 

O terceiro claustro – o Claustro das Limeiras – estava localizado junto à portaria do convento e foi destruído aquando da construção dos Paços do Concelho, na área hoje ocupada, grosso modo, pelo átrio de entrada.

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 10:30

Terça-feira, 05.12.17

Coimbra: Mosteiro de Santa Cruz, o porquê do nome

É sabido que os mosteiros e conventos ocupam os melhores troços de paisagem: vales férteis, outeiros com vistas soberbas, e, em regra geral, assegurando a presença de água dentro das suas cercas – bem cumprida no caso do Mosteiro de Santa Cruz.

... sempre seguro na sua excelente localização ao longo do vale da Ribela, vale largo de terras férteis para onde corriam águas de nascentes, formando um pequeno afluente que terminava no Mondego.

Vale da Ribela (2).jpg

 Vale da Ribela, atual Av. Sá da Bandeira

 A escolha do lugar merece ser contada e Ilídio de Araújo transcreve-a de D. Nicolau de Santa Maria, que, por sua vez, conta como D. Tello, varão amigo e contemporâneo de D. Afonso Henriques, escolhe o sítio: «(...) achou hum fora da cidade, nos arrabaldes dela, onde chamavam os Banhos da Rainha, que lhe contentou mais que todos, por ter da parte Norte hum monte coroado de oliveiras, árvores bem afortunadas e ditosas que sempre pronosticavão grandes felicidades; porém a principal razão que o moveu a escolher este sítio foi aver nelles hua Igreja antiga de invocação de Sta. Cruz, que no tamanho e no estar fundada junto de hua horta se parecia com o Santo Sepulcro, que D. Tello trazia estampado na alma (...)». Razões da qualidade física e espiritual da paisagem misturam-se na origem da escolha do lugar. 

Mosteiro de Santa Cruz Planta.tif

 Planta do Mosteiro de Santa Cruz em meados do séc. XIX

 Os espaços exteriores deste convento foram mantidos intactos até meados do século XIX, garantindo séculos de utilização ao serviço da comunidade monástica. É certo que a área a área construída em redor da igreja passou de uma unidade com um claustro a três claustros com os respetivos edifícios em redor, mas a horta que comovera D. Tello, o parque e o cabeço das oliveiras mantiveram-se intactos de cima abaixo do vale.

É certo, também, que neste longo percurso de séculos, outros monarcas representado por outros religiosos deixaram a sua marca no convento e na cerca.

 Castel-Branco. C. Os jardins de Coimbra. Um colar verde dentro da cidade. In: Monumentos. Revista Semestral de Edifícios e Monumentos. N.º 25, Setembro de 2006. Lisboa, Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, pg. 108-121

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 09:01


Mais sobre mim

foto do autor


Pesquisar

Pesquisar no Blog  

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

calendário

Dezembro 2017

D S T Q Q S S
12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930
31