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A' Cerca de Coimbra



Quarta-feira, 29.11.17

Coimbra: Do Convento de S. Tomás a Palácio da Justiça

O Ministério da Justiça adquiriu, a 27 de Janeiro de 1928, um imóvel sito na Rua da Sofia, número 184, com a finalidade de nele reunir todos os serviços judiciais da Comarca e da Relação de Coimbra.

 

Palácio Ameal fachada nascente.jpg

 Palácio dos Condes do Ameal, fachada nascente

 ... Tratava-se de uma construção palaciana que pertencera aos herdeiros do Conde do Ameal, adaptada do antigo Colégio de São Tomás pelo arquiteto Augusto de Carvalho Silva Pinto, em 1895. Em 1920, com o falecimento do primeiro conde do Ameal, as obras foram suspensas e leiloadas a notável coleção de arte e a extensa biblioteca reunidas no recinto palaciano.

No final de 1927 ... descreve sumariamente o estado do imóvel: quatro alas, dispostas em torno do claustro de fundação quinhentista, desenvolvidas em três pavimentos (rés-do-chão, sobreloja e andar nobre). Destas quatro alas, a sul , voltada à atual Rua Manuel Rodrigues, «foi completamente reconstruída» e a sua fachada redesenhada num «estilo moderno que nada tinha de comum com o antigo convento» ... a ala norte, voltada à Rua João Machado, estava totalmente por edificar ... a ala nascente não tinha sido objeto de intervenção, permanecendo a fisionomia da construção original, cuja fachada ostentava um magnifico portal renascentista, posteriormente trasladado para o atual Museu Nacional Machado de Castro. 

Palácio da Justiça planta.jpg

 Palácio da Justiça, planta das casas e terrenos a expropriar

 ... Os primeiros estudos e projeto definitivo ...  datam, respetivamente de Março de 1928 e de 1929, tendo sido executado em 1930 o projeto para a ala nascente ... para além de acomodar o novo programa à preexistência, recompartimentou, pontualmente, o espaço interno, corrigiu as situações de assimetria em planta e desenhou de raiz as alas nascente e norte

Palácio da Justiça alas nasc e poente.jpg

 Palácio da Justiça, alas nascente e norte

 Nas suas linhas gerais ... toma o antigo claustro quinhentista como fonte estruturante, e torno do qual organiza espacialmente o programa ... O edifício desenvolve-se em três pisos hierarquicamente definidos ... Exteriormente, tanto a composição das fachadas, como a articulação volumétrica ou o recurso à simetria prolongam o padrão neoclássico.

 Figueiredo, R. Arquitectura judicial. O Palácio da Justiça de Coimbra. In: Monumentos. Revista Semestral de Edifícios e Monumentos. N.º 25, Setembro de 2006. Lisboa, Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, pg. 58-65

 

 

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por Rodrigues Costa às 08:39

Terça-feira, 28.11.17

Coimbra: Rua da Sofia, ou o porquê do surgimento desta rua 2

A primeira referência à intenção de abertura da Rua da Sofia surge numa carta régia, de 17 de Abril de 1535 ... Nela ficou clara a intenção e o partido topográfico-urbanístico da iniciativa. De 20 de Março de 1538 é o primeiro documento onde surge a sua designada extensa: «Rua de Santa Sofia». Trata-se de um dos contratos com que nesse mês e no seguinte se fizeram as cedências para construções de casa na sua frente poente ... Nesses contratos ficam expressos não só a obrigação de construir num curto espaço de tempo uma «arquitetura de programa» desenvolvida em três pisos, mas também outras normas com vista a assegurar a sua regularidade formal - «a formuzura».

A construção de casas foi lenta, tendo sido frequente a reversão dos lotes e a sua revenda.

... Tanto quanto até hoje foi possível apurar, o plano inicial para a nova rua era bem simples e regular. O seu traçado conjugou as condicionantes impostas pela topografia com um alinhamento sobre a frente colegial do Mosteiro de Santa Cruz, escamoteando a igreja.

... Um dos lados da Rua da sofia, o nascente arrimado a Montarroio, foi destinando à instalação de colégios... O outro lado da Sofia destinava-se à construção de casas, prioritariamente para professores, mas também para estudantes e funcionários, regra depois completamente ultrapassada.

Rua da Sofia esquema programático.jpg

Rua da Sofia, diagrama do esquema compositivo e programático (executado por Sandra Pinto)

 ... Interessante e disciplinarmente relevante é o rigor geométrico-compositivo com que, tudo o leva a crer, o conjunto foi planeado. Ainda que na execução se não tenha caprichado tanto e algumas preexistências tenham imposto ajustamentos. Para tal terá sido usado um módulo quadrado com 6 braças (13,2 metros) de lado. Para cada colégio, num total previsto de cinco, foram deixados cinco módulos de frente e quatro de fundo, o que, com o módulo para a largura da rua, perfaz quadrados de 5x5 módulos.

... No fundo, o sistema previra 5+1 propriedades de 5x4 módulos de base 6 braças, tendo ainda mais quatro módulos de fundo.

... As igrejas eram o interface com o público de três dos quatro colégios ... o mais inovador e coerente espaço dos colégios universitários da Rua da Sofia reside nos seus claustros de dois pisos. Nele podemos encontrar a evolução portuguesa para o apuramento de um tipo que já não é o do «horto conclusus» medieval, mas sim o elemento central de composição e de distribuição da arquitetura e da vida comunitária.

Rua da Sofia excerto da gravura Hoefnagel.jpg

 Rua da Sofia, excerto da gravura de Coimbra de Georg Hoefnagel, c. 1567

 Um dos aspetos que tem sido menos valorizado no processo e realidade da Rua da Sofia é o facto de a sua abertura ter consistido numa ação urbanística verdadeiramente revolucionária para o urbanismo da cidade, em especial por ter ocorrido no momento em que a lenta, mas inexorável, subida do leito do Mondego ditava uma cada vez mais frequente e perniciosa invasão das suas margens... Quando as águas invadiam o Arnado, a já de si apertada e única saída norte da cidade, a Rua Direita, ficava intransitável.

A abertura e nivelamento da Rua da Sofia, implicaram a remoção de um considerável volume de aterro, o reacerto dos acesos a Montarroio ... A «rua nova» desde logo se constituiu coimo novo aceso norte da cidade, vendo erguida no seu extremo torre e porta com funções aduaneiras e de instauração de quarentenas, a Porta de Santa Margarida. 

Rossa, W. A Sofia. Primeiro episódio da reinstalação moderna da Universidade portuguesa. In: Monumentos. Revista Semestral de Edifícios e Monumentos. N.º 25, Setembro de 2006. Lisboa, Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, pg.19-22

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por Rodrigues Costa às 11:58

Quinta-feira, 23.11.17

Coimbra: Rua da Sofia, ou o porquê do surgimento desta rua 1

A pedra de toque da reforma do ensino empreendida por D. João III, nas décadas de 1530 e 1540, foi a criação de um nível propedêutico à universidade para o ensino das Artes.

... Numa fase prévia ... assistimos à consubstanciação planeada das novas instalações universitárias na Baixa de Coimbra dentro e a partir do Mosteiro de Santa Cruz. Depois, já no curso assumido da reforma, esse processo deu lugar ao estabelecimento da universidade em ensanche segundo uma «rua nova», a de Sofia, mas também à súbita necessidade de se ocuparem estruturas preexistentes na alta e de para ali se planear a ocupação de terrenos vagos, designadamente em todo o setor nordeste. Em Outubro de 1537, meio ano após a transferência de Lisboa para Coimbra, o rei decidiu que, afinal, a Universidade propriamente dita – os «estudos« ou os «gerais» - ficavam na Alta e que na «rua nova» da Baixa se fixariam colégios de religiosos e habitações.

No lugar inicialmente previstos para os «estudos», à cabeça dessa «rua nova», acabariam por se erguer os colégios crúzios de S. Miguel e de Todos os Santos, que, em 1544, sofreriam, por sua vez, uma profunda reforma com vista a albergarem a instituição propedêutica laica, o Colégio das Artes... O desenvolvimento e a consolidação do «campus» («avant-la-lettre») na Alta, a necessidade de instalações maiores para o Colégio das Artes ... acabaram por determinar a mudança do Colégio das Artes da Sofia, primeiro (1566) para o Colégio da Companhia de Jesus, depois para o edifício próprio iniciado em 1568.

... Pouco mais de três décadas depois de ter sido concebida como expoente urbano, urbanístico e até ideológico da reforma e concomitante instalação da Universidade em Coimbra e após ter sido reformada em sede dos estudos propedêuticos, a Rua da Sofia acabou relegada para um desempenho urbano distante do conceito e programa de «campus» universitário que a determinara.

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 Rua da Sofia, ortofotomapa com a localização dos colégios

 ... Em rigor, a universidade nunca chegou a estar na Rua da Sofia, ainda que para tal tenha a rua sido aberta. Isso faz com que para um qualquer processo de avaliação patrimonial ou de valoração nos domínios da teoria e história urbanísticas, o seu programa original e a sua expressão material atual primeiro se devam isolar para então se lerem em conjugação. A Rua da Sofia vale mais pela sua materialidade arquitetónica e urbanística, pelo seu papel de ensanche de uma cidade atrofiada, pelo seu longo e rico processo de transformação sedimentada, do que pelo frustre plano funcional e ideológico que determinou a sua conformação, mas acabou longe de concretização plena.

Rossa, W. A Sofia. Primeiro episódio da reinstalação moderna da Universidade portuguesa. In: Monumentos. Revista Semestral de Edifícios e Monumentos. N.º 25, Setembro de 2006. Lisboa, Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, pg. 16-19

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por Rodrigues Costa às 08:11

Terça-feira, 21.11.17

Coimbra: Colégio de S. Paulo I Eremita

É o mais recente dos Colégios universitários de Coimbra. Fundou-se já depois da reforma pombalina da Universidade, em virtude da provisão... de 27 de Setembro de 1779... a fim de fundar em Coimbra um Colégio para os religiosos universitários da «Ordem de S. Paulo I Eremita».

 

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 Colégio de S. Paulo I Eremita

 ... Ficou o edifício situado em frente do Colégio de S. João Evangelista tendo fachadas para as ruas Larga, do Borralho, e do Guedes.

Andando ainda em obras o prédio, foi este Colégio incorporado na Universidade pela provisão de 28 de maio de 1782.

O projeto do edifício era importante, mas não chegou a ser concluído, sendo executada apenas uma parte. Fez-se a metade ocidental, e a portaria de entrada, que ficava ao centro da fachada Norte.

Após a extinção, em 1834, foi a casa do Colégio... entregue à Universidade... a portaria de 10 de outubro de 1859 destinou o edifício... para depósito dos livros dos extintos conventos, e para casa de detenção académica; mas esta 2.ª aplicação não chegou a ser-lhe dada... os livros numerosos que restavam do espólio das casas regulares, e lá ficaram arrumados no rés-do-chão até 1870, ano em que foram vendidos ao livreiro francês Demichelis pela quantia de 9.000$000 reis.

No andar nobre achava-se então instalado o «Instituto de Coimbra».

Haviam tido berço comum a «Academia Dramática» e o «Instituto»

Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 286, do Vol. I

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por Rodrigues Costa às 10:30

Quinta-feira, 16.11.17

Coimbra: Colégio dos Grilos ou de S. Rita

Era dos «Eremitas descalços de St.º Agostinho», que fundaram este seu Colégio universitário em 1755, dando-lhe, como titular da pequena igreja, S.ª Rita de Cássia.

Construíram um bom e amplo edifício, ao cimo do sítio denominado Palácios Confusos, na escarpa ocidental do monte onde assenta a Universidade, e muito próximo desta; local magnífico, com belas e dilatadas vistas para Ocidente, estendendo-se pelos campos e colinas dos arredores de Coimbra.

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 Colégio de S. Rita ou dos Grilos, portal e fachada meridional

 Em 1785 ainda não haviam sido dadas como conclusas as obras de construção, embora já de há muito ali vivessem os colegiais. A 3 de setembro deste ano... adquiriram e consolidaram o seu domínio direto com o útil, das três moradas de casas, cuja compra haviam ajustado ... para a construção da sua igreja.

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 Colégio de S. Rita ou dos Grilos, fachada ocidental

O povo denominava os eremitas descalços - «Grilos»... Aquele apelido, um pouco extravagante, vinha do nome da quinta, perto de Lisboa, onde tinham a sua sede.

... Primavam os «grilos» pelo seu carater modesto, pacifico, bondoso, que os tornava muito simpáticos ao povo, e no meio universitário, sem contudo deslustrar ou prejudicar os seus merecimentos e reputação de muito eruditos e sábios, e de pedagogos distintos. Apesar de ser curta a história deste Colégio, pois não chegou a ter oitenta anos de existência apontam-se com veneração e elogio os nomes de alguns dos seus frades.

...Pela extinção dos Colégios em 1834, e expulsão dos seus colegiais, não ficou o edifício abandonado, como sucedeu a quase todos. Instalou-se logo ali a autoridade administrativa distrital, que veio depois a chamar-se Governador Civil, com as repartições respetivas.

Mas não foi prolongada essa aplicação... Transferiu-se para lá em breve a Administração geral do distrito, e o edifício foi entregue à Universidade... 27 de outubro de 1836. Passou a ser arrendado a uma república de estudantes ... Decorridos anos, o Governo mandou-o vender, avaliado em 5.600$000 reis, base de licitação. Realizou-se a praça a 27 de Abril de 1844.

Posteriormente, neste Colégio funcionou até à construção da sua nova sede, a Associação Académica de Coimbra.

Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 280, do Vol. I

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por Rodrigues Costa às 11:44

Terça-feira, 14.11.17

Coimbra: Colégio de Santo António da Estrela

No princípio do referido século (século XVIII), constituiu-se uma nova província dos «Frades Franciscanos da Observância Recoletos ou Capuchos».

... Em 17 de janeiro de 1707... dava licença... para em Coimbra fundarem um Colégio, nas casas para isso destinadas (junto à Porta de Belcouce).

Colégio de S. António da Estrela.jpg

 Colégio de S. António da Estrela

 ... Fez-se pois o projeto da obra do Colégio, amplo mas modesto e... a 29 de março de 1715, benzeu e colocou a 1.ª pedra... As obras correram sem delongas... foram muito bem aproveitadas as condições excecionais do sítio e a área de que dispunha.

Colégio de S. António da Estrela igreja.jpg

 Colégio de S. António da Estrela, portal da igreja

 Faceava a fachada oriental com a rua que vai, desde o fundo da Couraça de Lisboa, até ao ponto de convergência das ruas das Fangas e do Correio.

Colégio de S. António da Estrela portal aplicado

 Colégio de S. António da Estrela, portal aplicado a uma capela recente

 O portal, modesto mas belo, rematado pelo emblema escolhido por esta província franciscana – a imagem de Nossa Senhora da Conceição, cercada pelo cordão de S. Francisco, e tendo aos pés o escudo real português.

... Das antigas edificações, que aqui havia, foi poupado o arco romano ... e a parte inferior, que restava, da célebre torre quinária de Belcouce. (Posteriormente demolidos)

Alcançou o Colégio os privilégios da Universidade em 1752... Extinto em 1834, teve este Colégio sorte idêntica aos outros: o edifício foi abandonado... a 30 de maio de 1835, a Câmara municipal  pedia ao Governo que fosse retirado da lista dos edifícios destinados à venda... para ser aplicado a prisão... Não chegou porém a ser-lhe dada tal aplicação. O Estado veio a aliená-lo... passando a ser propriedade particular.

Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 271-277, do Vol. I

 

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por Rodrigues Costa às 08:40

Sexta-feira, 10.11.17

Coimbra: Colégio de S. Boaventura (2.º) ou dos Pimentas

Quando os franciscanos da regular Observância da província de Portugal («Venturas«) abandonaram, em 1616, o seu Colégio de S. Boaventura, na rua da Sofia... nele permaneceram instalados os religiosos de outro ramo da mesma Ordem, os «Franciscanos da Província dos Algarves», que já ali viviam, havia trinta anos, em companhia daqueles.

Colégio de S. Boaventura.JPG

 

 Colégio de S. Boaventura 2, adaptado a residências e estabelecimentos comerciais

Desde a referida data de 1616 em diante, é que este começaram a o Colégio de S. Boaventura, da rua da Sofia, como privativamente seu; desde então é que se pode contar, em o número dos Colégios universitários, o 2.º Colégio de S. Boaventura, pertencente aos «Pimentas», nome por que eram designados os religiosos desta província, distinguindo-se assim dos «Venturas». Os hábitos, que trajavam, também eram distintos dos destes, não no corte ou feitio, mas na cor. Usava-nos os «Venturas» de cor acastanhada, e cingiam-se com cordão de linho cru; os Pimentas tinham hábitos pretos e cordões amarelos.

Colégio de S. Boaventura 2 planta meados séc. XI

 Colégio de S. Boaventura 2, planta de meados do séc. XIX

 

Em 1715... foi reconstruído o velho edifício colegial, que se encontrava muito arruinado, ficando então na forma que manteve até 1834.

A igreja era pequena, como ainda hoje se pode verificar-se, mas elegante e muito asseada, e tinha três altares.

... Foi o edifício colegial abandonado em 1834, como os restantes... vendido em hasta pública... pela quantia de 1.201$000 reis, no dia 14 de maio de 1859.

Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 269-270, do Vol. I

 

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por Rodrigues Costa às 21:58

Quarta-feira, 08.11.17

Coimbra: Colégio dos Militares

Era destinado aos «Freires das duas Ordens militares – de S. Tiago da Espada, com sede em Palmela e de S. Bento de Avis».

Para assento do edifício colegial escolheu-se um terreno que havia a Sul do Castelo, vindo por isso a denominar-se rua dos Militares a rua que, em continuação da Couraça de Lisboa, sobe do Arco da Traição e corre em frente da fachada ocidental deste Colégio, e beco dos Militares a viela que, partindo desta rua, ladeia por sul o mesmo edifício. Anteriormente aquela «rua» chamava-se de Alvaiázere.

O Colégio ficou com uma pequena cerca fora da barbacã, sobre a qual abriam as portas e janelas da fachada oriental. Um caminho estreito, que vinha do arco da Traição, separava a cerca dos Militares, da do Colégio de S. Bento. Tudo isto pode ainda hoje (em 1938) verificar-se.

Colégio dos Militares planta finais séc. XVIII.j

 Colégio dos Militares planta finais do séc. XVIII

 

Benzeu-se e assentou-se a primeira pedra no dia 25 de julho de 1615

... Este Colégio, ficava de modo particular sob a proteção real. Para que os freires conventuais de qualquer das duas Ordens pudessem ser admitidos ao Colégio, era necessário que já contassem, pelo menos, dois anos completos de religião, não tivessem mais de vinte e cinco, de idade, e não fossem de baixa estirpe. A lotação era de doze colegiais, sendo seis de cada Ordem.

Hospital dos Lázaros. Aqueduto 02.TIF

 Colégio dos Militares

 

... Extinto o Colégio em 1834, foi... mandado entregar à Universidade... 27 de Outubro de 1853, os lázaros, que havia dois anos estavam hospitalizados no edifício do Colégio de S. Jerónimo, passaram para o dos Militares.

Hospital dos Lázaros antigo.TIF

 Aqui se conservam até à atualidade (em1938)... integrando nas vastas instalações dos Hospitais da Universidade, deixando de ser hospital dos Lázaros.

Nota: O edifício foi, posteriormente, totalmente demolido para dar lugar à Praça de D. Dinis e ao Departamento de Matemática.

 

Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 267, do Vol. I

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por Rodrigues Costa às 22:15

Quinta-feira, 02.11.17

Coimbra: Colégio de S. José dos Marianos, ou dos Carmelitas Descalços

Chegou o dia em que os «Carmelitas Descalços» também tiveram em Coimbra o seu Colégio universitário, conhecido pela denominação de S. José dos Marianos.

Instalou-se provisoriamente, no dia 18 de julho de 1603... junto da porta de Belcouce.

... Trataram porém logo de projetar e construir um edifício próprio a sul do Colégio de S. Bento, no monte fronteiro, ficando a sua cerca contígua à deste Colégio. A primeira pedra do novo edifício foi benzida e colocada... a 11 de Outubro de 1606.

Colégio de S. José dos Marianos igreja.jpg

Colégio de S. José dos Marianos, fachada da igreja

 Apesar de pertencer a uma Ordem humilde e pobre, a casa ficou ampla e alegre; a sua situação é simplesmente admirável. Perpendicular à fachada do Ocidente, na extremidade setentrional, há uma grande varanda, resguardada de Norte e exposta a Sul, cuja vista sobre o Mondego e ínsuas marginais, é formosíssima. A igreja, como todo o edifício, era modesta, desprovida de primores arquitetónicos, entretanto alegre e devota.

Colégio de S. José dos Marianos adaptado a hospi

 Colégio de S. José dos Marianos, fachada ocidental

 Em 1834, a onda vandálica e rapinante invadiu também este edifício, e nele causou bastantes estragos.

Depois instalou-se nele o hospital dos Lázaros, e o decreto de 21 de novembro de 1848 ... confirmou esta aplicação.

Em breve porém é-lhe dado outro destino.

Havia sido fundado no meado do séc. XVIII, na vila de Pereira, não longe de Coimbra, um Colégio para educação de meninas... com a denominação oficial de Real Colégio das Chagas... o decreto de 21 de Junho de 1851, concedendo... o edifício de S. José dos Marianos, para nele se instalar aquele Colégio... e o Real Colégio Ursulino das Chagas havia-se instalado muito bem naquele edifício, onde se manteve com grande prestígio e progressivos aperfeiçoamentos até outubro de 1910.

Hoje está neste edifício o hospital militar.

Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 264-267, do Vol. I

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por Rodrigues Costa às 08:49


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