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A' Cerca de Coimbra



Terça-feira, 31.10.17

Coimbra: As festas que já não se fazem e os bolinhos e bolinhós

Já não se faz em Coimbra a procissão dos fogaréus ou farricocos, que saia da igreja da Misericórdia em quinta-feira das Endoenças (quinta-feira Santa), e tirava o nome de nela se incorporarem mendigos empunhando archotes; já não se faz a «serração da velha» pela quaresma, nem o «enterro das sestas» a sete ou oito de Setembro; mas ainda se fazem pelo Natal os «coscoréis», para gasto da casa e presentes aos amigos; e ainda pelo mesmo tempo se adornam as mesas e os presépios com searas de trigo em pratinhos.

Pelo entrudo, além de todos os projeteis vulgares, usa-se arremessar, atirar «laranjinhas». São estas compostas de uma delgada camada de cera, de cor e feitio diversos, segundo a fôrma empregada, e cheias de água, às vezes aromatizada.

Conserva-se ainda o costume de dar o folar ao pároco, pela Páscoa. O reverendo, acompanhado de um sacrista que conduz a caldeirinha da água benta, e de um menino de coro que leva um crucifixo, percorre as ruas, e entra nas habitações, dando a beijar o Cristo, aspergindo a casa com a água sobredita, e apoderando-se (é o fim da visita) da «pratinha», que as devotas da casa têm colocado respeitosamente numa salva, ou espetado delicadamente numa maçã ou num pero...

Outra costumeira mais curiosa se conserva ainda ali.

No dia de finados é costume irem os rapazes – os garotos – munidos de cestinhos ou saquitos, bater às portas designadas na gíria local pelo nome de «bolinhos»; fazem então grande gritaria cantarolando numa toada monótona os seguintes pseudo-versos:

Bolinhos, bolinhos,

Para mim e para vós,

E para os nossos finados.

Que estão enterrados

Ao pé da bela cruz

Para sempre. Amen, Jesus

Truz. Truz. Truz

... Geralmente dão-se à garotada os «bolinhos», isto é, figos secos, nozes, avelãs, doçarias, etc.; porque, se não se lhe entrega alguma oferta, fazem eles um barulho temível, berrando em uníssono:

Esta casa cheira a unto;

Aqui mora algum defunto:

Esta casa cheira a breu:

Aqui morreu algum judeu.

E a assoada não fica nisto algumas vezes, pois tem uma sequência de assobios e coisas piores.

***

 Esta tradição ainda se mantinha viva no início dos anos 50 do século passado na rua onde nasci, a Couraça dos Apóstolos.

Para além do que Borges de Figueiredo refere, há que acrescentar que nesse tempo os grupos de miúdos eram portadores da “caveira”.

Esta era feita com recurso a uma caixa de sapatos

bolinhos pobre.jpg

“Caveira” dos bolinhos e bolinhós dos miúdos pobres

 

Ou com recurso a uma abóbora

bolinhos rico.jpg

 “Caveira” dos bolinhos e bolinhós dos miúdos ricos

 Aos versos recolhidos por Borges de Figueiredo acrescento alguns que ainda cantei:

- Ao chegar à porta da casa depois do Truz. Truz. Truz, acrescentávamos:

A Senhora que está lá dentro assentada num banquinho

Faz favor abra a porta para nos dar uns bolinhos.

- Se eramos maltratados desatava-se a correr, gritando:

Esta casa cheira a alho

Aqui mora algum bandalho.

- Se eramos bem tratados, cantava-se diante da porta:

Esta casa cheira a vinho

Aqui mora um anjinho.

Outros, tempos, outras palavras, a mesma música por certo.

Figueiredo, A. C. B. 1996. Coimbra Antiga e Moderna. Edição Fac-similada. Coimbra, Livraria Almedina, pg. 359-360

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por Rodrigues Costa às 08:34

Quinta-feira, 26.10.17

Coimbra: Colégio de S. António da Pedreira

Era muito simpático este Colégio na sua humildade e pobreza franciscanas, exteriorizadas na singeleza das suas linhas arquitetónicas.

Pertencia aos «Religiosos da Província de Santo António de Portugal, dos Franciscanos reformados ou Capuchos». Em calão académico eram denominados os «Pedreiras», por haver sido construído o seu edifício no local chamado «a pedreira», ao cimo da rua que veio a chamar-se dos Grilos.

Ficava muito próximo da Universidade. Os seus colegiais, saindo a portaria do Colégio e atravessando a rua dos Grilos, estavam nas escadas de Minerva, portanto dentro dos domínios da Universidade.

Foi este Colégio fundado em 1602... Era geralmente reconhecido e apreciado o espirito de pobreza e bondade desses simpáticos religiosos, aliado à alegria e paz que sempre os acompanhava.

Colégio de S. António da Pedreira portal.jpgColégio de S.to António da Pedreira, portal e fachada lateral

O próprio edifício, com a sua portaria modestíssima e devota, com o seu claustrim minúsculo, com a sua capelinha pobre, mas acolhedora e asseada; com as suas celas pequeninas e humildes, era alegre, amplamente banhado do sol, e segregado do convívio ruidoso e importuno da cidade, e tendo ante si, para o Sul, o panorama belo, esplêndido, incomparável, do rio Mondego, com as suas sinuosidades encantadoras, ostentando as quintas e ínsuas feracíssimas, onde se engastavam belas hortas e laranjais, e para lá de tudo isto, os montes formosos, povoados de olivais, vinhas e arvoredos, e mais ao longe, a fecharem a linha do horizonte, as serranias irregulares, cor de safira, dando ao panorama um aspeto cenográfico de maravilha.

Colégio de S. António da Pedreira claustro.jpgColégio de S.to António da Pedreira, claustrim

Suprimido, como todos os outros Colégios universitários, em 1834, foi abandonado dos seus habitantes. Seguiu-se a indispensável pilhagem; mas, diga-se a verdade, nesta casa pouco havia para rapinar.

... o edifício havia sido ocupado, um pouco sub-repticiamente, é certo, mas com conhecimento das autoridades coimbrãs, pelo «Asilo da Infância Desvalida», associação de iniciativa particular, que a 9 de julho de 1835 se constituíra ... Somente por carta de lei de 25 de julho de 1852 é que foi legalizada a concessão do edifício à associação do Asilo da Infância.

Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 262-264, do Vol. I

 

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por Rodrigues Costa às 12:28

Terça-feira, 24.10.17

Coimbra: Colégio de S. Agostinho 3

O estuque como arte decorativa tem vindo a ser utilizado ao longo dos séculos nas ornamentações de palácios e igrejas de todo o Portugal, não só como simples base de pintura mas também como elemento principal, adaptando-se à diversidade das linguagens e de critérios decorativos que coexistem nos vários polos artísticos.

... Ao nível decorativo destacam-se (no Colégio da Sapiência) os revestimentos azulejares seiscentistas e setecentistas e as decorações seiscentistas em estuque relevado.

Colégio de S. Agostinho claustro ornamentação 2

Colégio de S. Agostinho claustro ornamentação

 A zona do claustro, como espaço orientador da construção, terá sido a primeira parte a ficar construída (1596 é a data inscrita numa cartela do claustro); no entanto a decoração em estuque relevado das abóbadas da galeria terá sido executada mais tarde, por volta de 1630, aquando da ornamentação da igreja.

A decoração em estuque realça o jogo de cheios/vazios da galeria, reforçando o ritmo da arquitetura, marcado pelos arcos da cantaria e pela alternância de dois tipos de abóbada.

... O jogo cromático utlizado – vermelho, ocre e pedra – reforça também o esquema decorativo.

Colégio de S. Agostinho igreja estuques 1.jpgColégio de S. Agostinho igreja estuques 1

Em relação à igreja encontramos uma decoração muito complexa. Embora os primeiros professores e clérigos tenham entrado em 1604, só por volta de 1630 é que foram terminados os dormitórios altos, que se encontravam por cima da igreja, e foi efetuada a decoração desta (a igreja foi sagrada em 5 de Maio de 1637).

Colégio de S. Agostinho igreja estuques 2.jpgColégio de S. Agostinho igreja estuques 2

 ... A decoração da abóbada é composta por ornatos de grandes dimensões, muito salientes em relação à linha média da abóbada, cruzando-se em dois níveis diferenciados. No nível principal, que marca os eixos da capela, salienta-se o relevo de Santos Agostinho e, em seu redor, simbologia agostinha; num segundo nível de ornatos, florões e pontas de diamante.

... Face à qualidade de execução dos ornatos deste teto, principalmente das cartelas e dos baixos-relevos, quem aqui trabalhou foi alguém já com experiência neste género de trabalho, conhecimentos sólidos de tratadística e grande domínio da arte escultórica.

Silva, H. Estuques maneiristas do Colégio de Santo Agostinho ou da Sapiência. Apontamentos para o seu estudo. In: Monumentos. Revista Semestral de Edifícios e Monumentos. N.º 25, Setembro de 2006. Lisboa, Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, pg. 76-85
 

 

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por Rodrigues Costa às 20:46

Quinta-feira, 19.10.17

Coimbra: Colégio de S. Agostinho 2

Foi longo o processo de maturação que, no Mosteiro de Santa Cruz, haveria de conduzir à construção do Colégio de Santo Agostinho que sobrevive... Num ambiente de contenção financeira sempre denunciada pelos cronistas, apenas do Capitulo Geral de 1569 «se comessou a tratar da mudança do nosso Collegio apartado do Convento de S. Cruz» a despeito de todos os obstáculos movidos pelo bispo de Coimbra, contra a eventualidade de que o «Collegio se apartasse do Convento de S. Cruz e se edificasse nas cazas de João de Ruão, que he o mesmo sitio onde depois de muitos annos o fundou» ... no local encostado à muralha, onde, aliás, já anos antes o mosteiro se tinha preocupado em alargar através de compras e trocas de terrenos.

... Tradicionalmente... o edifício do Colégio de Santo Agostinho anda atribuído a Filipe Terzi, mas, intencionalmente ou não, os cronistas nem sempre têm acertado nas atribuições que fazem ... a presença frequente de Jerónimo Francisco em Santa Cruz indicia uma ligação que parece apontar para a hipótese de uma fortíssima contribuição no problema construtivo que, nesta data, mais afetaria os crúzios: o colégio novo.

Colégio de S. Agostinho pulpito.jpgColégio de S. Agostinho igreja púlpito

A estrutura colegial, que sobrevive às transformações posteriores e ao violento incêndio de 1967, ajusta-se à especificidade do terreno ocupado, com a linha da fachada poente assentando os alicerces no antigo pano da muralha da Almedina.

A igreja e o claustro dinamizam o espaço onde se encontraram a estabilidade e o equilíbrio para fornecer aos colegiais um percurso ordenado e inteligível. Tanto quanto é possível apurar pelas plantas do edifício, e depois das reformas do século XIX para albergar o Colégio dos Órfãos, a Misericórdia e, recentemente, a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, a nota mais dissonante à normal constituição dos espaços colegiais é dada pela presença do corredor que estabelece a ligação entre o portal (aberto em 1859) e o claustro (desembocando no ângulo sudoeste), protegendo a entrada principal da igreja e provocando a formação de uma ala com diversas dependências, onde se instala, agora, a Misericórdia.

Colégio de S. Agostinho claustro.jpgColégio de S. Agostinho claustro

... Inteiramente nova na cidade é a conceção plástica que envolve o claustro retangular datado de 1596.

Craveiro, M.L. O Colégio da Sapiência, ou de Santa Agostinho, na Alta de Coimbra. In: Monumentos. Revista Semestral de Edifícios e Monumentos. N.º 25, Setembro de 2006. Lisboa, Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, pg. 68-71

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por Rodrigues Costa às 22:19

Terça-feira, 17.10.17

Coimbra: Colégio de S. Agostinho 1

Colégio de Santo Agostinho ou da Sapiência, vulgarmente conhecido pela denominação de Colégio Novo. (Hoje Faculdade de Psicologia).

Referem os cronistas do mosteiro crúzio, que lá dentro do mosteiro, houve, desde a reforma joanina das escolas gerais fixadas em Coimbra, um Colégio universitário propriamente dito ... Decorridos porém alguns anos, vieram os cónegos regrantes a reconhecer as grandes vantagens que lhes resultariam de constituírem um Colégio distinto e separado do seu mosteiro.

... Adquirira o mosteiro em 1552, por escambo feito com a Câmara Municipal, um pedaço de chão à «porta Nova» (que mais tarde se denominou «porta de Santo Agostinho») com seu muro e barbacã. Ficava ao fundo da Couraça dos Apóstolos, encostado à muralha, no ângulo N-O de «almedina», em sítio de soberbas vistas sobre o arrabalde e os campos do Mondego. Foi este o local destinado ao «Colégio-Novo».

Mas a área desse terreno era bastante irregular, terminando a N-E num ângulo muito agudo. Escolheu-se para elaborar o projeto do edifício o célebre arquiteto italiano Filippo Terzi.

... Correu célere a construção. Decorridos escassos onze anos, a 25 de março de 1604, já ali se instalaram os cónegos regrantes, mestres e alunos universitários.

Colégio de S. Agostinho fachadas.jpgColégio de S.to Agostinho, fachadas ocidental e setentrional

 Eis um dos mais interessantes e grandiosos edifícios colegiais de Coimbra.

Colégio de S. Agostinho igreja.jpgColégio de S.to Agostinho, igreja

 Construção no estilo da renascença, é bem uma obra de arte italiana; especialmente o claustro e a igreja chamam e prendem as atenções – aquele pela euritmia e nobreza das linhas, esta por isso também e pela bela ornamentação das abóbadas.

Colégio de S. Agostinho claustro.jpgColégio de S.to Agostinho claustro

 Este Colégio tinha uma boa cerca, hoje bastante reduzida, que se estendia pela riba N da cidade, entre a muralha que a coroava, e a rua pública que acompanhava a quinta de Santa Cruz, a qual em baixo, no vale, se dilatava a N-E; confinava a E a cerca do Colégio da Sapiência com a cerca dos jesuítas.

... O Colégio da Sapiência comunicava com a respetiva cerca por um passadiço sobre o arco de Santo Agostinho ou porta Nova, e perfurava a parte inferior da contígua torre de defesa, ultimamente transformada em casa de habitação; e tinha também comunicação direta com o mosteiro de Santa Cruz, por um corredor subterrâneo abobadado e com escadas.

... em 1834... sucedeu a este edifício o mesmo que aos restantes: ficou abandonado, e exposto à voracidade da escória social.

... 15 de setembro de 1841 ... ordenou que fossem entregues à Santa Casa da Misericórdia, tanto o edifício deste Colégio, como a cerca anexa.

Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 257-261, do Vol. I

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por Rodrigues Costa às 12:02

Sábado, 14.10.17

Coimbra: Sé Nova visita guiada

Conforme oportunamente foi anunciado realizou-se hoje, numa organização do blogue A’Cerca de Coimbra, a visita guiada orientada pelo Professor Doutor Nelson Correia Borges, a qual contou com a presença de cerca de 60 pessoas, cuja participação atenta é de assinalar e agradecer.

Agradecemos, de novo, os apoios que permitiram a realização deste evento, a saber: Paróquia da Sé Nova, Câmara Municipal de Coimbra Pelouro da Cultura, Clube de Comunicação Social de Coimbra, Grupo de Arqueologia e Arte do Centro e os blogues "Cromos", Personalidades e Estórias de Coimbra, Coimbra antiga e moderna, Coimbra Moderna, Bairro Norton de Matos, Coimbra livre e aberta a todos, Penedo da Saudade Tertúlia.

A visita teve os seguintes momentos:

1.– Introdução histórica.

  1. – Análise da fachada.
  2. – Guarda-vento. Azulejaria.

4.– Espaço litúrgico. Características.

  1. – Capelas do flanco esquerdo:
  2. – Capela do Sacramento.
  3. – Capela da Vida da Virgem.
  4. – Capela de S. Francisco Xavier ou S. Tomás de Vila Nova.
  5. – Grades de pau-preto e bronzes dourados.
  6. – Capela de Nossa Senhora das Neves.
  7. – Transepto. Retábulos. Relicários.
  8. – Senhora da Boa Morte.
  9. – Capela-mor. Retábulo. Cadeirais. Órgão.
  10. – Sacristia. Arcazes. Pinturas Inacianas e Xavierianas. Gaspar de La Huerta.
  11. – Relicários

Uma palavra muito especial de agradecimento do Senhor Professor Doutor Nelson Correia Borges.

Da folha de apoio à visita e da própria visita ficam as seguintes imagens.

Sé Nova. Planta.jpg

Planta da igreja, antes da ampliação

Sé Nova. Sra da Boa Morte.jpg

Festa de N. Senhora da Boa Morte

Visita 1.JPG

Visita

Visita 2.JPG

Visita

Visita 3.JPG

Visita

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por Rodrigues Costa às 22:44

Quinta-feira, 12.10.17

Coimbra: Sé Nova 2

Roteiro dos visitantes

Sé Nova planta.jpg

Sé Nova planta

 1 – Escadaria de vários degraus, em forma poligonal

2 – Átrio, sob o coro ... guarda-vento porticado, setecentista

3 – Nave ... num austero programa de formas arquitetónicas maneiristas, italianas

4 – Capela de Santa Maria Madalena ... Pia batismal, manuelina, de feições ainda góticas

5 – Capela de Sant’António ... Tem entablamento, no qual sobressaem duas mísulas, que são continuadas no corpo superior, por duas pilastras, onde figura Nossa Senhora

6 – Capela de Nossa Senhora dos Prazeres, ou da Ressurreição de Cristo ... duas telas alusivas ao Senhor Ressuscitado, que quis aparecer, em presença real, à Vigem Maria, Sua Mãe ... notável escultura da virgem e mártir conimbricense da Reconquista, Santa Comba

7 – Capela de Sant’Inácio de Loiola, fundador da Companhia de Jesus ... dez imagens de vulto, com doçura nos rostos e quietude nas atitudes.

8 – Púlpitos ... posicionam-se de frente, para que dois pregadores participassem, simultaneamente, no desenvolvimento da temática tartada, num diálogo, por vezes cerrado, pois, um expunha pontos doutrinários que, por sua vez, um outro rebatia, proporcionando, por isso, benéficos confrontos argumentativos

9 – Retábulo do braço poente do transepto ... preenche todos os espaços da parede: na parte central ... encontram-se dois grandes armários relicários, aos quais se sobrepõem as esculturas dos evangelistas São Marcos e São Mateus

Sé Nova altar lateral.jpg

Retábulo da glorificação da Virgem Maria

 ... composição retabular da glorificação da Virgem Maria, representada num painel policromo, central, de tamanho natural

10 – Sacristia ... retangular, com abóbada de tijolo, semicircular, e janelas ornadas d grinaldas ... nas paredes ... quinze telas seiscentistas, em fiadas sobrepostas, alusivas, quer à vida de Sant’Inácio de Loiola, quer de São Francisco Xavier ...além de duas grandes tábuas de meados de Quinhentos: a Circuncisão de Jesus ... e Natividade

11 – Capela colateral ... com retábulo setecentista

12 – Capela-mor foi prolongada no século XVIII, logo que ficou pertença da diocese ... o retábulo do fundo barroco, ligeiramente côncavo, de finais de Seiscentos, tem um par de grandes colunas nas extremidades, torcidas, enramadas de pâmpanos, com aves do paraíso, grossas uvas em cacho e «putti», com instrumentos musicais ou participando noutras tarefas infantis ... Sant’Inácio de Loiola, São Francisco Xavier – em dimensões naturais – São Francisco de Borja ... Sant’Estanislau Kostka, já menores ... Na parece central, uma tela seiscentista, do Presépio

13 – Capela colateral ... retábulo setecentista, pequeno

14 – Cúpula majestosa pelas grandezas volumétricas .. culminar os abobadamentos das linhas axiais ali cruzadas ... coroado pelo lanternim

15 – Retábulo ... do braço nascente ... similar ao que lhe fica diante ...na composição central, tem a Sagrada Família ... em dimensão natural ... os outros dois evangelistas, São Lucas e São João

16 – Capela do Santíssimo Sacramento, também chamada da Santíssima Trindade, forma-se de dois corpos sobrepostos: o primeiro tem ... uma tela de Nossa Senhora da Conceição ... no corpo superior ... a tela da Trindade Santíssima

17 – Capela de São Francisco Xavier ... magnifico trabalho, situado na transição dos retábulos clássicos aos barrocos

Talha predela c evoc S. Fr. Xavier.jpg

Predela com evocação de São Francisco Xavier

18 – Capela da vida de Virgem ... muitos episódios marianos ... Glorificação da Virgem, Anunciação, Sagrada Família, Visitação, bem assim da Coroação ... singular escultura de vulto, da Conceição

19 – Capela de Nossa Senhora das Neves ... quase nada se sabe do primitivo retábulo ... foi substituído na terceira década do século XVIII

20 – Torres sineiras ... subsistem sinos com símbolos jesuíticos

21 – Claustro ... de boa mas severa composição, do século XVII.s

Coutinho, J.E.R. 2003. Sé Nova de Coimbra. Colégio das Onze Mil Virgens – Igreja dos Jesuítas. Coimbra, Paróquia da Sé Nova, pg. 40-87

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por Rodrigues Costa às 22:26

Terça-feira, 10.10.17

Coimbra: Sé Nova 1

Partindo dos elementos da fachada, nota-se que se distribuem através do plano vertical, com pequeno jogo de volumes, pois, compõem-se de pilastras dóricas, ficando, nos três espaços centrais, as três portas de frontões, que são sobrepujadas por outras tantas janelas, também superiormente decoradas; nos dois laterais, há quatro nichos, com as imagens de santos jesuítas dos primeiros tempos, figurando Sant’Inácio, São Luís Gonzaga, São Francisco Xavier e São Francisco de Borja, respetivamente distribuídos em grupos, a cada lado.

Sé Nova 06 a.jpg

 Sé Nova, fachada

Logo por cima, tem lugar o corpo superior, mais estreito, conforme previam os cânones epocais, oito por dois agrupamentos de pilastras jónicas, sustentando frontões interrompidos, além daquele central, mais elevado, num espaço preenchido pelas armas heráldicas nacionais. Três grandes janelas iluminavam a nave; duas outras, como que flanqueiam aqueles símbolos portugueses.

Felizmente, harmonizam as diferenças de largura duas enormes aletas fitomórficas, que quase chegam à base das esculturas dos apóstolos São Pedro, bem como de São Paulo, qualquer delas em dimensões correspondentes ao dobro do que seria natural.

Grandiosos pináculos piramidais, alongados, e terminados em composições esferoidais, parecem indicar a suprema projeção da cruz redentora, colocadas no topo da composição frontal.

Vista no geral, a vastíssima nave, tipo salão de reconhecida largueza, cheia de luz, é de quatro tramos, também divididos por pilastras dóricas aos pares, que suportam grandes entablamentos: entre cada conjunto lateral, abrem-se capelas nos flancos, cujas entradas são de pilastras iguais às mencionadas. Comunicam entre si, de modo que há como que corredores estreitos, longitudinais às linhas axiais da mesma nave.

Sé Nova.Interior da igreja. Geral 02.jpg

Sé Nova, nave

Realçam-se, mais ainda, certos aspetos arquitetónicos: às pilastras correspondem, nos abobadamentos, arcos torais de menor teor, nos quais se fazem apoiar os caixotões, que formam, por tramo, três ordens, com onze cada.

Todavia, nas abóbadas dos braços do transepto, bem assim da capela-mor, têm tramos mais curtos, somente de duas ordens de treze quartelas.

Justamente, depois, a cúpula do cruzeiro, sem tambor intermédio, reproduz uma portentosa configuração hemisférica, composta de cinco notáveis ordens de caixotões, tendo seis cada qual. Também assenta num entablamento, circular, apoiado nos arcos, por intermédio de triângulos esféricos, e termina por um lanternim; externamente, fica posicionada num maciço quase cúbico. 

Coutinho, J.E.R. 2003. Sé Nova de Coimbra. Colégio das Onze Mil Virgens – Igreja dos Jesuítas. Coimbra, Paróquia da Sé Nova, pg. 35-38

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por Rodrigues Costa às 20:24

Sábado, 07.10.17

Sé Nova: visita guiada, sábado 14 de Outubro, 10h00

Sé Nova: do Maneirismo ao Barroco – formas, símbolos e história.

Visita de estudo orientada pelo Professor Doutor Nelson Correia Borges

Sé Nova altar lateral.jpg

 

 Data do evento:

14.10.2017, sábado, às 10h00

 Organização

A’Cerca de Coimbra (blogue)

 Apoios

Paróquia da Sé Nova

Câmara Municipal de Coimbra

Clube de Comunicação Social de Coimbra

"Cromos", Personalidades e Estórias de Coimbra (blogue)

Coimbra antiga e moderna (blogue)

Coimbra livre e aberta a todos (blogue)

Penedo da Saudade Tertúlia (blogue)

 Público-alvo

Todos os interessados na história e cultura coimbrã

Visita livre (sem prévia inscrição)

 Objetivos

Integrar o monumento no seu contexto histórico

Identificar alguns seus elementos constitutivos

Sensibilizar os participantes para a relevância da Sé Nova no património cultural da Cidade

Sé Nova planta.jpg

 

 

 Programa

09h45 – Concentração dos participantes no passeio junto ao edifício da Faculdade de Medicina

10h00 – Início da visita

. Breve exposição: o Colégio de Jesus, a sua época e o seu projeto

. Percurso: capelas laterais, abside, sacristia

11h30 – Fim da visita

 

 

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por Rodrigues Costa às 12:03

Quinta-feira, 05.10.17

Coimbra: Colégio dos Borras ou de S. Pedro dos Franciscanos Calçados

Quando os colegiais de S. Pedro, em 1572, deixaram o edifício da rua da Sofia, para irem habitar a sua nova casa junto da Universidade, foi entregue aquele edifício aos «Religiosos da 3.ª Ordem regular de S. Francisco» (franciscanos calçados), vulgarmente denominados «Borras», que ali ficaram tendo o seu Colégio universitário.

 

Colégio de S. Pedro.jpg

Colégio de S. Pedro ou dos Bôrras

 

Obtiveram mais tarde o alvará de 15 de Outubro de 1697, que os autorizou a ampliar o seu dormitório 14 braças à face da rua, em direção à porta de S.ta Margarida, sem pagarem foro à cidade.

Em 1586 já o Reitor da Universidade passava carta de privilegiado... como sendo do quadro do pessoal universitário.

Extintas em 1834 as Ordens religiosas, não foi logo abandonado... Depois sucedeu a esta casa o mesmo que às suas congéneres: foi abandonada, e por fim vendida em praça.

... Depois foi adquirido por compra pelo Asilo da Mendicidade, que atualmente (em 1938) se encontra instalado neste edifício.

... Na igreja esteve muitos anos estabelecida a «Escola Dramática Afonso Taveira», que organizara o seu modesto teatro popular na mesma igreja

 

Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 256-257, do Vol. I

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por Rodrigues Costa às 09:33

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