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Fr. Diogo de Murça, monge de S. Jerónimo, fundou em 1555 um Colégio universitário para os «Monges-estudantes de S. Bento», dando-lhes pousada provisória no próprio edifício dos paços reais.
... Não se descuidaram porém os beneditinos de irem tratando de arranjar instalação propriamente sua.
Adquiriram fora da Almedina, no lugar chamado «Genicoca», a Este e Sul da muralha da cidade, umas propriedades, que com o decorrer do tempo foram ampliando, até atingirem a margem do rio. Terreno fertilíssimo, admiravelmente exposto, e que se prestava a grande variedade de culturas, e a plantações florestais. Na parte mais alta, de vistas largas e maravilhosamente belas, projetaram a construção dum grande edifício para o seu Colégio.
De 1568 a 1570 construiu-se o aqueduto de S. Sebastião, para abastecimento de água da cidade, e os arcos daquele aqueduto ficaram em parte situados dentro da propriedade dos colegiais beneditinos.
Colégio de S. Bento, na primeira metade do séc. XIX
... Em 1576 haviam começado as obras do edifício...
Colégio de S. Bento, ala poente
A última das projetadas obras a realizar-se foi a construção da igreja. Quando esta se deu por pronta, já havia muito que o Colégio era habitado definitivamente pelos colegiais, que no interior dele tinham uma capela provisória... Realizou-se com grande solenidade a sagração do magnífico templo... 19 de Março de 1634.
Colégio de S. Bento igreja
... O Colégio beneditino era o maior e mais importante dos edifícios colegiais universitários, exceto o de Jesus, da fábrica maior; mas numa coisa se lhe avantajava o de S. Bento, na situação privilegiada em que se achava, com a esplendida cerca contígua, e o panorama formosíssimo que dele se gozava.
Foi demolido há pouco anos o templo de S. Bento. Era muito vasto e de grande valor arquitetónico, de traça bastante parecida com o templo da Sé Nova, mas tendo a abóbada da capela-mor ricamente ornamentada com decoração escultural admirável.
... Quando se realizou a reforma da Universidade em 1772, os beneditinos do Colégio de Coimbra ofereceram espontânea e generosamente ao Marquês de Pombal a parte da sua cerca, que fosse preferida, para nela se constituir o Jardim Botânico da Universidade.
... Pela extinção das Ordens religiosas; em 1834, ficou abandonado o edifício de S. Bento... 21 de Novembro de 1848 ... ordenou que fossem entregues à Universidade ... para colocação dos estabelecimentos filosóficos, gabinete de agricultura ... com a respetiva cerca, destinada para ampliação do Jardim Botânico.
... Em 1849 foi destinada uma parte do edifício a quartel militar. As barbaridades, vandalismos selvagens e atos de rapinagem, que a soldadesca lá praticou, constituem uma das páginas vergonhosas da história daquele tempo.
... No fim do ano letivo de 1869-1870, realizou-se a transferência do Liceu de Coimbra, que até este ano inclusive funcionara no edifício do Colégio das Artes, para o Colégio de S. Bento.
Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 243, do Vol. I
Em 1552 já havia em Coimbra alguns religiosos estudantes da «Ordem da Santíssima Trindade da Redenção dos Cativos», que se alojavam colegialmente numa casa ... Alguns anos mais tarde, em 1562, começaram as obras de construção do edifício do novo Colégio, no espaço que medeia entra a rua, que mais tarde tomou o nome de rua da Trindade, e a rua da Couraça de Lisboa, ocupando uma grande área, limitada a Leste pela rua de S. Pedro, a Oeste pelo que veio a denominar-se travessa da rua da Trindade.
Colégio da Trindade, fachadas oeste e sul da igreja
Achava-se o edifício bastante adiantado, quando ... 11 de janeiro de 1575 ...licença... para se assenhorearem dum pedaço da rua e travessa inútil ... 1630, quiseram os colegiais acrescentar um alpendre ao portal da sua igreja, que abre a Ocidente, sobre a travessa da rua da Trindade.... Cedo foi o Colégio incorporado na Universidade.
Colégio da Trindade, loggia voltada a sul
... Depois da extinção das Ordens religiosas o edifício do Colégio foi pelo Estado vendido em praça pública com o quintal anexo, no dia 14 de Maio de 1849 ... pelo preço ridiculamente mesquinho de 3.200$000 reis. A igreja porém com o contiguo claustro e suas pequenas dependências, continuaram durante muito tempo a pertencer à Câmara Municipal, que na sucessão dos tempos lhe deu vários destinos, funcionando lá, durante muito tempo, o tribunal judicial da comarca.
Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 240-242, do Vol. I
Já em 1549 tinham os «Monges de S. Jerónimo» adquirido um terreno, a norte do castelo de Coimbra, não longe da porta oriental da cidade (chamada «porta do castelo»), para ali construírem o seu Colégio Universitário. Havia nesse terreno umas casas, onde em 1550 se instalaram provisoriamente, principiando então a viver vida colegial.
Era muito deficiente tal instalação... projetaram então construir um edifício condigno no seu terreno junto da muralha, não longe do castelo, procurando para isso ampliar essa sua propriedade com a aquisição de terrenos contíguos.
... Em 1562 achavam-se os pobres universitários jerónimos em situação extremamente aflitiva, não tenho onde residir... Conseguiram, em 1565, o terreno de que para isso precisavam, junto do castelo.
Colégio de S. Jerónimo, fachada ocidental
... as obras do edifício realizaram-se então, mas ainda com incidentes embargatórios em 1566 e 1568 ... Ficou um grandioso edifício colegial que, bastante modificado, ainda hoje existe ... A sua fachada oriental erguera-se sobre a muralha da cidade, desde a porta do castelo, à qual ficou encostada a igreja, e continuando-se o dormitório em direção ao Norte. Ainda hoje se reconhece bem delimitado o edifício, com os seus cubelos de reforço na fachada oriental, onde assentam terraços, e ainda se admira a grandiosidade do portal, a majestosa escadaria de acesso ao 1.º andar, assim como o formoso claustrim, infelizmente desfigurado pelas infelizes construções, que modernamente lhe sobrepuseram.
Colégio de S. Jerónimo, escada nobre
Os monges adquiriram também, em 1587, por compra aos padres da Companhia (de Jesus), uma boa cerca na encosta do monte, ou «Ribela», sobre a qual abriram as janelas de toda a fachada oriental do edifício, e que descia até à rua que veio a denominar-se de «Entre-muros», ladeante da quinta de Santa Cruz.
... Horrivelmente se fez sentir neste Colégio o terramoto de 1 de novembro de 1755. As paredes abriram grandes brechas, e houve desabamentos parciais, que obrigaram os monges a fugir ...Em 1834 foi este edifício abandonado ... em ... 21 de novembro de 1848 ... destinou-o para hospital ... 21 de junho de 1851 ... o hospital dos Lázaros ... em fins de 1853 ... o hospital da Convalescença.
Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 236-240, do Vol.
Sé Nova: do Maneirismo ao Barroco – formas, símbolos e história.
Visita orientada pelo Professor Doutor Nelson Correia Borges
Data do evento:
14.10.2017, sábado, às 10h00
Organização
A’Cerca de Coimbra (blogue)
Apoios
Paróquia da Sé Nova
Câmara Municipal de Coimbra
Clube de Comunicação Social de Coimbra
"Cromos", Personalidades e Estórias de Coimbra (blogue)
Coimbra antiga e moderna (blogue)
Coimbra livre e aberta a todos (blogue)
Penedo da Saudade Tertúlia (blogue)
Público-alvo
Todos os interessados na história e cultura coimbrã
Visita livre (sem prévia inscrição)
Objetivos
- Integrar o monumento no seu contexto histórico
- Identificar alguns seus elementos constitutivos
- Sensibilizar os participantes para a relevância da Sé Nova no património cultural da Cidade
Programa
09h45 – Concentração dos participantes junto às escadas de acesso da Sé
10h00 – Início da visita
. Breve exposição: o Colégio de Jesus, a sua época e o seu projeto
. Percurso
11h30 – Fim da visita
AJUDE À DIVULGAÇÃO
Foi este Colégio fundado por D. João III para os «Franciscanos Conventuais da Província de Portugal» (em calão académico denominados os «Venturas»), cerca do ano de 1550.
Colégio de S. Boaventura, na Rua da Sofia e na atualidade
Construiu-se o edifício primitivo deste Colégio a meio da rua da Sofia, à mão esquerda de quem caminha de Santa Cruz para o Carmo, em frente do Colégio do Espirito Santo. Está atualmente transformado em casas de residência particulares, mas ainda se distingue a parte que foi igreja, pelo timpano triangular que lhe remata a fachada, pela grande janela poligonal que a ilumina, e pela porta de arco semi-circular da sua entrada.
... Era bastante modesto este edificio; as portas que se acham abertas no rés-do-chão da sua fachada, são indicadas pelos n.ºs 73 a 85. O «bêco de S. Boaventura» indica-nos o limite e lado N-O da casa; o limite S-E é determinado pelo cunhal de cantaria, que se conserva bem visivel.
... passado algum tempo aqueles, que tinham edificado a casa, e a quem esta pertencia ... resolveram abandoná-la, e passaram em 1616 a viver numas casas que lhes foram emprestadas no começo da mesma rua ... Ali residiram, até que se mudaram para o Colégio definitivo, perto da Universidade.
Nesse tempo existia na rua Larga ... no quarteirão compreendido entre a rua de S. João e a que veio a denominar-se dos Loios, o modesto «Colégio Amiclense», fundado em 1552 ... Os religiosos Venturas pensaram em adquirir esta morada, e outra vizinhas ... Feitas as reparações indispensáveis na casa, para ela mudaram o seu Colégio universitário.
Depois planearam erguer no mesmo local um novo edifício, próprio e mais amplo, cuja primeira pedra foi solenemente benzida e colocada a 14 de Julho de 1665 ... A 7 de setembro de 1678 deu-se por concluída a obra.
Colégio de S. Boaventura, na Rua Larga
Desde cedo fora o Colégio de S. Boaventura contado em o número dos Colégios da Universidade, na qual o incorporara a carta-régia de 20 de maio de 1566.
Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 234-238, do Vol. I
Pertencia aos «Monges Cistercienses», e principiara a ser construído o edifício no ano de 1545 ... mas foi fundado em 1550, e depois dotado pelo Cardeal-Infante D. Henrique ... Nele se instalaram os monges universitários da Ordem de S. Bernardo.
Ficava situado na rua da Sofia, no alinhamento e vizinhança do Colégio dos carmelitas calçados, do qual era separado pela azinhaga do Carmo.
Colégio de S. Bernardo, muito transformado
... O edifício acha-se hoje, em parte, completamente modernizado e vestido de azulejos ... ainda conserva na fachada um pouco da antiga feição colegial, onde existem duas pilastras de cantaria, uma das quais determina o limite S-E do antigo edifício. As portas, que se veem rasgadas no novo rés-do-chão em toda a extensão da fachada do Colégio, estão atualmente indicadas pelos n.ºs 82 a 100.
Tinha dois claustros, e uma pequena igreja cujo titular era o Espirito Santo, a qual já não existe.
... Era afamada por sua riqueza em livros, muitos deles raros, a biblioteca, apontada como uma das melhores dos Colégios universitários.
... Muitos religiosos notáveis jaziam sepultados na igreja colegial.
Entre a variada cultura pela qual sobressaíam os frades colegiais do Espirito Santo, avultava o conhecimento profundo das línguas clássicas e orientais.
Gozou sempre os privilégios da Universidade, na qual se achava incorporado pela carta-régia de 1 de março de 1560.
Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 232-234, do Vol. I
Foi primitivamente destinado a clérigos pobres, que quisessem vir formar-se na Universidade.
... D. João III mandou preparar-lhe edifício condigno, aproveitando o terreno e parte das casas arruinadas dos «Estudos-velhos», isto é, da Universidade dionisiana. Seria demolido o velho edifício, e far-se-ia nova construção. Nesse local ergue-se atualmente... o novo edifício da Faculdade de Letras.(o espaço aqui referido é hoje ocupado pela Biblioteca Geral da Universidade)
Colégio Real de S. Paulo, fachada setentrional
Principiou a construção do Colégio em 1550, e sobre a porta principal, a meio da fachada norte, que olhava para a rua Larga de acesso à Universidade, esculpiu-se o escudo das armas reais.
... Foi incorporado na Universidade por carta-régia de 23 de outubro de 1562.
Fez-se com toda a pompa a inauguração solene a 2 de maio de 1563 ... ficou ele sendo um Colégio secular de doutores e licenciados, que se propunham ascender ao magistério universitário, ou a outras posições sociais categorizadas.
... O trajo distintivo dos colegiais ... era, no feitio, perfeitamente igual ao dos de S. Pedro ... mas, desde o século XVII, diverso na cor das becas ... os de S. Paulo também a princípio as tinham roxas, mas depois, no século XVII, para se não confundirem ... passaram a usá-las azuis, e mais tarde, a 9 de janeiro de 1699, deliberaram substituir esta cor pela vermelha, quase cardinalícia, que conservaram até à extinção do Colégio..
Colégio Real de S. Paulo, fachada oriental
Foi funesto ao edifício do Colégio de S. Paulo o terramoto de 1 de novembro de 1755, que se fez sentir com grande violência no bairro alto da cidade de Coimbra. Ficou muito danificado este edifício, e a parte média do seu lanço oriental derruiu. Havia grande perigo em continuarem a habitá-lo.
... Não se demorariam as providências, em breve estava reparado este edifício.
... Depois da extinção do Colégio em 1834, o edifício foi entregue à Universidade... Ali funcionou o Teatro Académico durante quase meio século.
... Por volta da era de 1888 ... foi totalmente demolido ... e principiou-se desde os alicerces a construção dum novo Teatro Académico ... (fevereiro de 1889), pararam as obras, e depois só de longe em longe iam prosseguindo morosamente, Por fim desistiram da continuação, e, decorridos anos de abandono, foi entulhada a parte construída, transformando aquele espaço num terreiro.
... portaria ... de 25 de julho de 1912 ... manda que seja cedido à mesma Faculdade (de Letras) o edifício em construção ... que se destinava ao Teatro Académico ... a Faculdade construiu para si, no lugar do Colégio Real de S. Paulo Apóstolo, aproveitando e adaptando parte da obra já feita, e fabricando de novo tudo o mais.
Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 225-232, do Vol. I
Pertencia à Congregação dos Cónegos seculares de S. João Evangelista, denominados vulgarmente «os Loios», em virtude da cor azul dos seus hábitos.
... D. João III atraiu a Coimbra os Cónegos regulares de S. João Evangelista, e confiou-lhes a provedoria e administração do hospital real (Hospital Real de Nossa Senhora da Conceição, na praça de S. Bartolomeu, ao qual se deu princípio no ano de 1503), para cujo edifício foram viver.
Colégio dos Loios
... Em 1597 obtiveram umas casas, perto do castelo e não longe da Universidade, para onde logo mudaram. Auxiliou-os a boa-fortuna; viram em breve ampliada a área do seu terreno, e angariaram recursos para a construção dum edifício amplo e majestoso, a defrontar-se com o magnifico templo, então em via de construção, do vizinho Colégio de Jesus.
A 6 de Maio de 1631 ... foi solenemente benzida e colocada a primeira pedra do edifício ... Correram rápidas as obras, e assim, em 1638, colocava-se sobre a fachada príncipe, que olha ao Norte, a estátua colossal do «Discípulo dileto», sob a qual se lê em grandes carateres a indicação daquele ano.
Colégio dos Loios claustro
Ficou o edifício com três fachadas: - a do Norte é voltada para o largo da Feira, a do Sul com a rua Larga que dá acesso direto à Universidade, e a do Poente acompanha a rua dos Loios, cujo nome se refere aos colegiais desta casa.
... Extinto o Colégio de S. João Evangelista em 1834, foi logo o edifício abandonado pelos seus proprietários.
... Hoje (em 1938) lá funcionam: o Governo Civil, a Auditoria Administrativa, a Junta de Província da Beira Litoral, a Direção de Finanças, e a Policia de Segurança Pública.
Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 222-225, do Vol. I
Nota: Este edifício viria a ser destruído por um violento incêndio que ocorreu em 18 de Novembro de 1943.
Principiou a funcionar em 1548, e por alvará de 16 de Fevereiro de 1553, foram-lhe concedidos os privilégios da Universidade.
Não havendo edifício próprio para a instalação definitiva do Colégio das Artes, foram os cónegos regrantes que para a sua acomodação emprestaram os Colégios de S. Miguel e de Todos os Santos, que ficavam na vizinhança do seu mosteiro, no princípio da rua da Sofia.
... Em1566 transferiram os jesuítas o Colégio das Artes para a cidade alta, instalando-o provisoriamente na vizinhança do seu Colégio de Jesus, nas casas onde haviam estado os freires de Cristo, e noutras próximas.
Mas não passava de instalação insuficiente e inadequada. Projetaram logo a construção dum novo edifício para o Colégio Real, cuja primeira pedra foi assente em 1568.
Colégio das Artes, fachada norte
Bom edifício, muito bem estudado pensado, como em parte pode ainda hoje observar-se...
Colégio das Artes portal
Ainda é o mesmo o portal que dá ingresso ao edifício: acha-se porém mutilado pela supressão do grande escudo real, que o rematava.
Colégio das Artes pátio
Também ainda se conserva o pátio ou claustro, de planta quase quadrada (51,50 m x 45,70m), que se nos depara além da portaria, o qual é limitado por todos os lados por um formoso quadripórtico; para este abrem as portas... as salas das aulas dos «gerais». Nos curtos intervalos entre umas e outras lições sucessivas, bem podiam nesse largo pátio espairecer ao ar-livre e distrair-se os alunos de todos os cursos, embora numerosos, bastando um pequeníssimo número de pessoas para os vigiar.
Tudo isto ficava no rés-do-chão: no andar superior, eram as habitações.
Gastaram-se muitos decénios antes de se conseguir o acabamento das obras, que se prolongaram pelo século XVII adiante.
... a carta-régia de 15 de março de 1760 mandou separar este colégio do que fora o Colégio da Companhia (o Colégio de Jesus)... assim reaberto o Real Colégio das Artes com professorado novo.
... Em tempo do reinado de D. Miguel foram os jesuítas estrangeiros vivamente solicitados pelo Governo português... tomarem novamente conta do Real Colégio das Artes, em Coimbra... chegaram enfim a Coimbra, a 18 de Fevereiro de 1832... Após a vitória do constitucionalismo, foram logo expulsos, como era de prever.
... O decreto de 17 de novembro de 1836 remodelou o ensino secundário... determinou: «O Liceu de Coimbra substituirá o Colégio das Artes, e formará uma secção da Universidade»... Foi o Liceu mandado colocar no mesmo edifício que ocupara o Colégio das Artes... mas, como o Liceu não tinha internato, e as aulas se encontravam muito bem instaladas no rés-do-chão, nos antigos «gerais» do referido Colégio, aproveitou-se o 1.º andar para depositar ali grande quantidades de livros, que vieram dos Colégios e conventos extintos.
Apareceram então pretensões da Faculdade de Medicina, que... por insuficiência de espaço. Considerava as imensas vantagens que haveria, se os instalasse no edifício do Colégio das Artes... portaria de 22 de agosto de 1853, autorizando a transferência ou mudança dos doentes dos hospitais da Universidade para o Colégio das Artes.
... A função docente, para que fora construído o edifício do Colégio das Artes, cessava pois ali no meado de junho de 1870.
Vasconcelos, A. 1987. Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra. Reedição preparada por Manuel Augusto Rodrigues. Volume I e II. Coimbra, Arquivo da Universidade de Coimbra, pg. 207-220, do Vol. I
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