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O átrio, retangular, corresponde ao coro alto e, relativamente à frontaria anterior aos frades, resulta num avanço. De cada lado podem observar-se portas retangulares, fechadas por grades, saídas da forja de Daniel Rodrigues, em 1941.
Pormenor de uma das grades existentes no átrio da igreja de Santo António dos Olivais. Daniel Rodrigues
A da direita (a de Nossa Senhora da Conceição), dá para uma capela de plano octogonal, a funcionar atualmente como sacristia, e mostra a última cena do escadório, isto é, a lamentação de “Cristo deposto da Cruz” ...O portão da esquerda cerrava a capela do Senhor dos Passos, com a sua imagem. Atualmente alberga apenas um Crucifixo.
As paredes do átrio encontram-se envolvidas por um alizar de azulejos, de motivos independentes, mas de qualidade superior aos do escadório e, no teto, pode ver-se um escudo com as armas franciscanas.
Acede-se à nave da igreja através de uma porta da segunda metade do século XV, ainda com impostas, mas já sem capitéis.
Igreja de Santo António dos Olivais. Interior
Sobre o átrio fica o coro, mostrando um insignificante cadeiral do século XVIII.
O interior da igreja é muito simples e cobre a nave uma abóbada de tijolo, de traçado rebaixado e de lunetos.
Os retábulos são de talha dourada, do primeiro terço do século XVIII, tendo o da capela-mor colunas torcidas e os colaterais ao arco cruzeiro, hermes femininos. As mesas de altar são posteriores.
No altar-mor encontra-se uma grande tela representando a Senhora da Conceição. Está assinada: PASCVAL PARENTE PINXIT. 1779.
No mesmo altar podem ver-se duas esculturas em madeira, uma, de S. Francisco, da época do retábulo e a outra, de S. João Baptista e do mesmo século; num nicho da parede encontra-se um Cristo Flagelado. Estas esculturas são obras secundárias. Os retábulos laterais apresentam Santo António no lado do evangelho e S. José no da epístola. Estamos perante obras agradáveis mas inferiores.
O interesse da igreja reside nos azulejos que revestem a maior parte da parede. Os da capela-mor, que a forram inteiramente, são do fim do século XVII, só a azul, em dois motivos, um de composição de folhas acantiformes e outro de entrelaces quadrifoliados com rosetas centrais.
Os azulejos do corpo da igreja pertencem à primeira metade do século XVIII, tendo muito interesse pelo grande desenvolvimento de composição dos enquadramentos; são, no entanto, fracos nas figuras. Representam cenas da vida de Santo António, com a seguinte distribuição: do lado do evangelho, começando a partir da porta: cura de um frade possesso, o santo livra o pai da forca, uma tomada de hábito e milagre da mula; do lado da epístola: pregação aos peixes, milagre do pé cortado, aparecimento de S. Francisco no capítulo de Arles e morte do santo. A reparar umas falhas azulejares, principalmente junto ao chão, foram colocadas peças cerâmicas de diversas épocas, com realce para alguns, sevilhanos de aresta, datáveis do século XVI.
No corredor de acesso à sacristia existem algumas telas dos séculos XVII ao XIX, mas sem interesse. Existe, num pequeno altar improvisado, uma escultura de S. Brás, de pedra e de tamanho pequeno, do fim do século XV e um santo franciscano, de barro, pintado a preto, datado do século XVII, a que chamam S. Benedito.
Devido ao avanço do altar ficou na parte traseira da capela-mor um espaço que se pode considerar um estreito corredor a ligar com a sacristia. Encontra-se aí, suspensa, uma caixa relicário, do século XVII, em acharoado e madrepérola, que tem dentro uma caveira. Trata-se de um exemplar interessante, embora esteja em mau estado.
A sacristia imita muito uma pequena igreja, com capela-mor e brevíssima sacristia. A arquitetura é da primeira metade do século XVIII e a decoração foi completada na segunda metade.
Sacristia da igreja de Santo António dos Olivais. Interior
Os azulejos das duas quadras datam da primeira metade desse século; são do mesmo tipo dos da igreja e apresentam também cenas antoninas. A pintura do teto consiste em enrolamentos de acanto, vendo-se ao centro um brasão eclesiástico, pouco legível. São da segunda metade o arco e os espaldares de talha lavrada e dourada, com seis telas da vida antonina, possivelmente de Pascoal Parente. Há três esculturas de barro, do século XVIII, sendo a que representa Santo Antão de certo mérito. Assentam nas mísulas da abóbada doze meios corpos de santos relicários, da segunda metade do século XVIII.
A quadra que faz de capela-mor tem altar da mesma época e uma tela representando Santo António a tomar o hábito franciscano. Está assinada: PASCOAL PARENTE/O PINTO NO ANO DE/1796. A abóbada é a fresco, com motivos arquitetónicos perspetivados e deve ser do mesmo artista. Sobre a porta da sacristia encontra-se um espelho com regular moldura, também da segunda metade do século XVIII.
Anacleto, R. 2005. Santo António dos Olivais: De Ermitério a Freguesia. Conferência na cerimónia comemorativa do aniversário da criação da freguesia.
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