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Santo António dos Olivais não podia fugir à regra, porque em Portugal tudo termina consumido pelas chamas, umas vezes reais, outras virtuais. Aqui foram reais e na noite de 10 para 11 de Novembro de 1851 o conjunto ardeu, salvando-se apenas a igreja e a sacristia.
Santuário antoniano dos Olivais
Anos antes, em 1843 ... o despacho real que concedia autorização para entregar ao presbítero João Mendes Garcia a igreja e a sacristia de Santo António dos Olivais, a fim de que este, depois de lhe introduzir os benefícios indispensáveis, pudesse ali celebrar os ofícios divinos.
Restaurava‑se o culto e, sem se poder adivinhar, preparava‑se, onze anos antes, o aparecimento da freguesia civil criada por decreto governamental de 20 de Novembro de 1854.
Depois deste introito convido-os a acompanharem-me numa breve visita ao conjunto sagrado. Paremos na base da pequena elevação. À nossa frente desenvolve-se um escadório datado do século XVIII, de tipo popular, mas de efeito muito cenográfico a que se acede por um pórtico de três vãos, rematado por aletas e pirâmides, mostrando ao centro e num pequeno nicho, uma tosca escultura de barro, de Santo António.
A escada é de seis lanços, com três capelas por banda e um arco de servidão a abrir-se a cada parte. Pequenos templos quadrados, rematados por coruchéus piramidais recobertos, tal como o cruzeiro, por azulejos de orelha, esmaltados de verde e de melado, albergam grupos escultóricos de barro colorido, formados por figuras independentes, de categoria popular, que representam cenas da Paixão de Cristo. Datáveis do século XVIII, saíram, certamente, da mão e da oficina de artesãos locais.
Pormenor das capelas que se estendem num dos lados do escadório
A entrada das capelas, excetuando as do último patamar, faz-se através de janelas quadradas, emolduradas por azulejos, tanto na verga como no avental. Contudo, se estes últimos apresentam motivos independentes, os primeiros, a par com mísulas, putii e concheados, inscrevem numa cartela central letreiros alusivos, retirados dos Evangelhos. Todas as peças cerâmicas saíram de olarias conimbricenses na primeira metade do século XVIII.
À medida que vamos subindo passamos pela “Oração no Jardim das Oliveiras”, pela “Prisão”, pela “Flagelação” e pela cena da “Verónica”.
As últimas capelas, de porta rasgada e com as paredes do patamar revestidas com azulejos de motivo independente, mostram, à esquerda, o “Calvário” e à direita o “Descimento da Cruz”.
A frontaria da igreja, com o seu arco em forma de asa de cesto, característico das igrejas franciscanas da época, data da primeira metade do século XVIII e, embora a sua arquitetura se não possa considerara despicienda, a verdade é que não ultrapassa uma certa modéstia; contudo, a grade de ferro que cerra o arco, embora simples, é autêntica e o escadório valoriza o conjunto. O referido arco rebaixado permite, simultaneamente, o acesso ao templo e à portaria. No exterior, ladeiam a janela do coro dois nichos que albergam regulares esculturas de S. Francisco e Santo António.
A torre atual, construída no final de Oitocentos a substituir o antigo campanário imprimiu elegância ao conjunto.
Anacleto, R. 2005. Santo António dos Olivais: De Ermitério a Freguesia. Conferência na cerimónia comemorativa do aniversário da criação da freguesia.
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