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A' Cerca de Coimbra



Terça-feira, 21.03.17

Coimbra: o púlpito de Santa Cruz

 ... uma obra prima da escultura em pedra, a mais perfeita que há na Península e talvez na Europa. Designamo-lo pelo nome sob eu é tão célebre: o púlpito de Santa Cruz.

Do lado do evangelho, ao pé do que se chama transepto (não existe este, rigorosamente, nesta igreja), apenas à altura de um metro e meio, o púlpito parece ter sido ali colocado expressamente para ser visto, examinado e apreciado com toda a facilidade.

Ig. Sta Cruz. Púlpito 01.jpg

 

Talhado um só canto, sob a forma de um meio prisma octógono regular, assente sobre a base de um cone voltado, é de uma beleza extraordinária, inexcedível. O cone, cujo vértice é formado por uma hidra alada, compõe-se de algumas fileiras de arabescos, de frisos, de esfinges e querubins, na mais bela disposição.

Nas quatro faces do púlpito vêm-se, em elegantes nichos, estatuetas representando alguns doutores da igreja; ei-los por sua ordem, começando do lado da entrada. Santo Ambrósio, mitrado: S. Jerónimo, com chapéu de cardeal, tendo a seus pé um leão; S. Gregório, o magno, com a tiara; cada um destes com um livro na mão: por último, vem Santo Agostinho, de mitra, e sustentando em ambas as mãos um templo. Cada uma das arestas do meio prisma octogonal é ornado com duas estátuas, uma sobreposta à outra, representando as de cima a Religião e as Virtudes cardeais (mas não as dos cardeais), e sendo as outras as dos quatro profetas maiores, Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel, e a desse santo rei que fez morrer Urias para lhe ficar com a mulher. David tem nas mãos a harpa inseparável; os quatro profetas sustentam «volumina».

Os pedestais, os baldaquinos, as estatuetas, o arrendado da pedra, tudo enfim, desde os mais insignificantes cinzelados até às mais importantes figuras, é de uma perfeição que não pode ser excedida e muito dificilmente igualada.

Por cima dos baldaquinos dos nichos centrais, vêem-se dois escudos de diferente forma, sustentados por anjos; um tem a cruz da ordem de Cristo, o outro a esfera armilar, uma e outra, divisas do rei D. Manuel.

Figueiredo, A. C. B. 1996. Coimbra Antiga e Moderna. Edição Fac-similada. Coimbra, Livraria Almedina, pg. 55-56

 

 

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por Rodrigues Costa às 10:54


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