Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Alguns autores pretendem, justificando, que na história da arquitetura os revivalismos, vivificando o gosto e as formas de épocas passadas, são uma constante. Mas, embora tratando-se de um exagero, a verdade é que esse retorno, e não apenas no que concerne ao aspeto arquitetural, se referencia a lapsos de tempo cada vez menores.
A transposição do período medieval, acontecido sobretudo nos alvores da segunda metade do século XIX, encontra-se ligada ao romantismo e apresenta características novas.
Ao longo do século XVIII e mais propriamente no seu final, algumas correntes ideológicas tomaram lentamente forma, ganharam corpo e enraizaram-se. Decorrente de tal facto e não só, ocorreram alterações económicas, sociais e políticas, de tal modo profundas, que conduziram inevitavelmente a uma mudança de estrutura.
O homem novo que surgiu procurou, lançando mão dos meios ao seu alcance, libertar-se daquilo que poderia recordar-lhe a sociedade repudiada. Tudo o que, de algum modo, se relacionasse com esse passado, incluindo as formas plásticas, devia ser eliminado ou substituído.
A mutação verificado levou a que o passado próximo fosse hostilizado, situação essa que é normal em casos similares, e consequentemente a que a rutura com o rococó e com o classicismo se tornasse uma realidade. E assim, ao quebrar-se o sistema arquitetónico neoclássico que assentava em bases sólidas, é óbvio que se teria de procurar um estilo novo capaz de responder às aspirações dessa geração. Mas não foi fácil a substituição e, como solução, os revivalistas não encontraram outra saída que não fosse o retorno a épocas mais antigas.
... A literatura romântica que refletia também o espírito dos homens dessa época não ficou alheia ao movimento, valorizando tanto a Idade Média como as formas arquiteturais que então vigoraram.
... No final de Oitocentos os condes do Ameal fizeram erguer no cemitério da Conchada este belo jazigo neogótico
A «Casa da Sé» apresenta, sobretudo no grande janelão, semelhanças notórias com a velha catedral conimbricense
O Dr. Fortunato de Almeida fez erigir na Rua Antero de Quental esta bela moradia neobarroca.
Bastante idêntica a esta casa é uma outra que se ergue nas Lages, outrora arrabalde de Coimbra, pertencente à família Martins.
Anacleto, R. 1982. Arquitectura Revivalista de Coimbra. In Mundo da Arte, 8-9. Coimbra, 1982, p. 3-29.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.