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Extintas em 1834 as ordens religiosas, os seus bens foram alienados pelo Estado e posteriormente vendidos a particulares. Esta também, na cidade mondeguina, a sorte da Quinta de Santa Cruz, propriedade dos crúzios, que mais tarde, a 18.01.1885, a Câmara Municipal adquiriu pela soma de 22 000$000 réis.
... No dia 27.11.1890 a Câmara Municipal de Coimbra levou à praça uma série de 21 lotes, situados na Avenida Sá da Bandeira, mas, a pedido de vários cidadãos que queriam construir naquele local um Teatro Circo, retirou os terrenos números 4, 5 e 6 ... um grupo de 20 proprietários com quem o Presidente da Vereação teve de se entender, a fim de chegar a acordo. Terminou por ser cedida uma área de 1602 m2 ao preço de 300 réis por unidade ... Mas não o fez sem imposições. A cedência dos terrenos obedeceu à feitura de uma escritura pública, datada de 14.02.1891, em que ficaram estipuladas, entre outras, as seguintes cláusulas:
“Condição 4.ª O terreno não pode ser aplicado a outro fim, voltando nesta hipótese para a posse do município."
... A construção do Teatro, que em 1892 ... passou a ostentar o nome de Teatro Circo Príncipe Real, iniciou-se logo de seguida, nos primeiros meses de 1891.
Em 1910, depois da implantação da República, passou denominar-se Teatro Avenida.
... o arquiteto austríaco Hans Dickel (foi) o responsável pelo projeto. Em Dezembro de 1891 trabalhavam na feitura do imóvel aproximadamente 100 operários. Dos estuques encarregara-se Francisco António Meira. As grades dos camarotes, as colunas que os sustentam e as cadeiras para a prateia foram fundidas na oficina de Manuel José da Costa Soares.
A capacidade da sala era de 1.700 lugares e o seu custo ultrapassou os 20 000$000 réis. Podiam lá realizar-se espetáculos equestres, de declamação e canto.
Parece que o «pano de boca» seria pintado por mestre António Augusto Gonçalves.
Depois de inaugurado o teatro, a 20.01.1892 com a atuação de uma «companhia equestre, gymnástica, acrobática, cómica e mimíca, do Real Coilyseo , de Lisboa, de que é director o sr. D. Henrique Diaz»
... Ao longo dos anos passaram pelo Avenida e lá atuaram muitas e famosas companhias, mas o velho teatro também teve papel de relevo na vida académica. No entanto, logo em 1894, se verificou uma tentativa de mudança de donos, que não sabemos se realmente veio a concretizar-se e em 1902 o Sr. António Jacob Júnior passou a ser o novo proprietário do imóvel, embora se falasse no surgimento de uma empresa que passaria a explorá-lo.
E o Teatro Avenida, melhor ou pior, mas com uma grande tradição na vida da cidade, ao longo de quase uma centúria, lá tem vindo a servir o fim para que foi construído.
Anacleto, R. O fim do Teatro Avenida?, In Domingo, n.º 458, Coimbra de 1983.07.24
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