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A' Cerca de Coimbra



Quinta-feira, 25.08.16

Coimbra: Chafarizes e fontes que desapareceram 1

No terreiro ou largo de Sansão teriam existido três chafarizes. Os dois primeiros estavam colocados nos extremos norte e sul, “como mostra a vista panorâmica da cidade de Coimbra, de Jorge Braunio, impressa em 1572”.

... Estes chafarizes chamados de Sansão e de S. João foram mandados construir no ano de 1400, por D. Afonso Martim, 19.º prior mor do mosteiro de Santa Cruz ... mandou alargar o terreiro de Sansão, para se realizarem as festas a cavalo, aproveitando a colocação dos chafarizes, como balizas, para se jogarem “canas” e “alcanzias”, antigos jogos portugueses.

O jogo das canas consistia em os cavaleiros se acometerem com canas, espécie de torneio brincalhão. E as alcanzias eram bolas de barro cheias de cinza, pó, flores, etc. que os cavaleiros lançavam. Esta brincadeira simulava as granadas ou panelas cheias de matérias acesas ou inflamáveis, com que na guerra arremessavam ao inimigo.

O chafariz de S. João era de água doce e “maravilha de se contemplar o engenho enganoso com que lançava nove tornos de água, não sendo os tornos verdadeiros mais de três”.

Apesar desta maravilha, o chafariz de S. João foi demolido quando el-rei D. Sebastião, ao mandar construir o aqueduto de S. Sebastião, precisou desta e doutras águas que estavam na posse do mosteiro de Santa Cruz, mandando-as retirar, para as encaminhar para o referido aqueduto ...

No centro do chafariz de Sansão foi colocada, em 1592, num pedestal quadrangular, a estátua de Sansão imaginada pelo mestre Manuel Fernandes. As mulheres cobiçavam muito a água que, “por ser um bocado salôbra”, era muito aproveitada para amassar o pão e para lavar o rosto, dizendo-se que o tornava mais alvo.

A estátua de Sansão, hercúleo juiz dos hebreus, foi derrubada e feita em pedaços, pelo embate de umas traves transportadas por um carro, no mês de Setembro ou Outubro de 1819. Parece que o destino desse chafariz estava marcado, porque o deixaram deteriorar e, como tal, a Câmara mandou-o demolir em 1838.

Dessa demolição beneficiou o terceiro chafariz, na medida em que a água do demolido mais a água do Claustro do Silêncio deram para as duas bicas desse novo chafariz sem nome, construído em 1839, na frontaria do antigo mosteiro de Santa Cruz.

... Em 1870, quando foram construídos os novos paços municipais, o chafariz acabou por ser demolido.

 

Lemos, J.M.O. 2004. Fontes e Chafarizes de Coimbra. Direção de Arte de Fernando Correia e Nuno Farinha. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. Pg. 159 a 161

 

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por Rodrigues Costa às 09:32

Terça-feira, 23.08.16

Coimbra: o Chafariz de D. João V

O Chafariz de D. João V é uma maravilhosa obra de decoração do séc. XVIII.

Situa-se no Terreiro da Fonte, ao lado esquerdo da Igreja Paroquial, no lugar e Freguesia de Eiras e está bem conservado. Tem a sua abundante nascente a cerca de 1.000 metros acima, no lugar do Gingil.

De arquitetura baseada na Fonte Nova, da cidade de Coimbra ... pode dizer-se que é a filha mais nova desta. É formada por um corpo central e dois laterais mais baixos, tendo um tanque a todo o comprimento.

Compõem o corpo central duas pilastras, entablamento e frontão curvo. Neste corpo, e por cima do tanque central, existem dois mascarões em que duas bicas jorram água que, em 1921, corria das nascentes até ao Terreiro da Fonte por caleiras de pedra de cantaria assentes num muro de alvenaria.

Mais acima, encontra-se um grande rótulo com o letreiro seguinte:

ESTA OBRA MANDOV FA

ZER EL REI DOM JOÃO V DOS

SOBEJOS DO CABESAM DAS

SIZAS DESTA VILA DE EI

RAS, ANNO DE MDCCXXXX

Por cima deste rótulo, um nicho, em meio de ornatos, mostra a imagem de Santo António com o Menino ao colo, e umas palavras meio gastas de que é ainda possível decifrar as seguintes: do lado esquerdo, SISHD; do lado direito, SIGILDVH.

Ao alto, o escudo da Nação, interrompe, a meio, o frontão.

 

O Chafariz foi recebendo, ao longo do tempo, várias reparações; são conhecidas as dos anos de 1842 e 1851.

Era no Chafariz de D. João V e na Fonte do Escravote, situada próximo, onde a população da freguesia se abastecia, principalmente em cântaros de barro, pois só em 1973 é que se iniciaram as obras de distribuição de água ao domicílio e o saneamento.

Lemos, J.M.O. 2004. Fontes e Chafarizes de Coimbra. Direção de Arte de Fernando Correia e Nuno Farinha. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. Pg. 127

 

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por Rodrigues Costa às 23:46

Quinta-feira, 18.08.16

Coimbra: a Fonte do Castilho

A fonte do Castilho, com um conjunto de rara beleza, encontra-se situada na brasonada Quinta das Canas, na Lapa dos Esteios, na margem esquerda do rio Mondego.

Entrados na Quinta e caminhando para a Lapa dos Esteios, encontramos do lado direito a fonte dedicada ao «cantor da Primavera» (António Feliciano de Castilho). Esta exibe a sua efígie dentro de um medalhão de pedra que encima a bica da fonte, dentro de um coração, que despeja a água para uma bacia em forma de meia concha que, por sua vez, é vazada para um tanque decorado.

Na sombra das árvores, quatro estátuas simbolizando a Fé, a Esperança, a Caridade e a Morte (?), embelezam o local.

 

Esta quinta foi vendida ... em 1979, para alojamento da Guarda Fiscal, da Guarda Nacional Republicana ... Para dar a conhecer tão rara beleza do património Coimbrão, o Comando do Batalhão da Guarda Fiscal organiza diariamente visitas guiadas a esta maravilha da natureza.

Lemos, J.M.O. 2004. Fontes e Chafarizes de Coimbra. Direção de Arte de Fernando Correia e Nuno Farinha. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. Pg. 105

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por Rodrigues Costa às 22:06

Terça-feira, 16.08.16

Coimbra: o Chafariz dos Olivais

O Chafariz dos Olivais existe ... no largo do adro da Igreja de Santo António dos Olivais.

É composto por um grande tanque no centro e dois mais pequenos a ladear o primeiro.

A sua arquitetura á simples, tendo apenas um baixo-relevo a contornar o frontispício do tanque principal. As costas, voltadas para a Igreja, contêm um painel de azulejos em azul, em que se pode ver a figura de um frade, talvez frei António, ajudando uma figura feminina que transporta uma bilha de água.

Com o arranjo urbanístico de todo o conjunto do largo fronteiriço à vistosa escadaria da Igreja, que incluiu o alteamento das ruas, efetuado em 1996, foi alterado o acesso ao chafariz. Este acesso faz-se agora por umas escadas, em formato de “U”, sendo necessário descer cinco degraus para chegar à única torneira.

Não é conhecida a data da sua construção e é possível que tenham existido anteriormente este ou mais chafarizes, pois, conforme é referido no Inventário Artístico de Portugal, “... na parte escarpada e a meio do vale por onde foi a cerca do convento de Santo António dos Olivais, há uma nascente dentro de uma pequena construção quadrada, com cúpula hemisférica de tijolo, amparada na parede da capela mor por meio de um arco. Abaixo da capela vê-se um mascarão fontanário e imediatamente, noutro piso, um tanque de abundante água.”

Situa-se a poente e imediatamente a seguir à Capelinha do Cristo dos Olivais, de João de Ruão.

 

Lemos, J.M.O. 2004. Fontes e Chafarizes de Coimbra. Direção de Arte de Fernando Correia e Nuno Farinha. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. Pg. 82 e 83

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por Rodrigues Costa às 16:38

Quinta-feira, 11.08.16

Coimbra: a Fonte da Cheira

A Fonte da Cheira fica situada na Rua do Brasil, em frente à Rua da Fonte da Cheira.

Segundo F. A. Martins de Carvalho, a “composição arquitetónica desta fonte era o claustro da Anunciação, ou dos «Meninos de Palhavã», que se encontrava na galeria alta do claustro de Santa Cruz. Demolida a capela, aplicaram o portal na entrada da mala-posta, estabelecida no mesmo convento, passado em 1860 para esta fonte. É uma agradável composição arquitetónica, de pilastras em forma de suporte de hermes, arco bem concatenado com o remate, que é uma transformação do frontão curvo”

... Desde a sua construção, esta fonte teve apenas uma bica, que, inicialmente era constituída por uma caleira de pedra por onde a água corria, tendo sido, posteriormente, substituída por uma bica de bronze que lança a água num amplo tanque.

O nome, «Meninos de Palhavã», foi dado pelo povo de Coimbra aos infantes ... filhos naturais reconhecidos de D. João V que, ainda muito jovens, foram de Lisboa, onde viviam no lugar da “Palhavã”, para Coimbra receber educação literária no mosteiro de Santa Cruz.

A água desta fonte nasce na referida Quinta da Cheira, de que foi proprietário, no séc. XIX, o deputado às “Cortes Constituintes” em 1821 e lente de química da Universidade de Coimbra ... Tomé Rodrigues Sobral ... conhecido por ter fabricado pólvora e outros apetrechos de guerra, no seu laboratório químico da Universidade, no ano de 1808 ... um numeroso grupo de soldados, do exército de Massena, ao entrar em Coimbra no dia 1 de Outubro de 1810, depois da derrota no Buçaco ... dirigiram-se à quinta e incendiaram a casa, bem como a biblioteca e os valiosos manuscritos, entre eles o compêndio de química deste insigne professor.

Dada a relevância dos serviços prestados, o governo mandou reconstruir as casas deste lente por aviso de 31 de Outubro de 1861.

 

Lemos, J.M.O. 2004. Fontes e Chafarizes de Coimbra. Direção de Arte de Fernando Correia e Nuno Farinha. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. Pg. 73

 

 

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por Rodrigues Costa às 10:28

Terça-feira, 09.08.16

Coimbra: a Fonte de S. Jerónimo

A Fonte de S. Jerónimo, de uma beleza surpreendente, está situada na quinta com o mesmo nome. Esta quinta fica situada imediatamente a seguir à Quinta da Mãozinha, no sentido norte sul ... na Cumeada, numa das leves pregas do lado nascente.

Pertenceu ao Colégio Universitário de S. Jerónimo.

... A data da primitiva construção não foi possível comprovar, mas a remodelação efetuada no séc. XVIII é evidente, uma vez que os azulejos dos rótulos das várias legendas são dessa data ... A fonte está cavada no talvegue da depressão do terreno. O topo do corte tem três arcos fundos: o do meio maior, é o da bica mais pujante, ornamentada por mascarão, bem como os outros dois que debitam menos água para dois tanques.

No rótulo de azulejos que encima o tanque central está a legenda:

ANTRA FUGIT, CLAUSIS NE ...EAT UNDA

FUENTIS

INTERDUM, UT PRAESTES ROBORE LINQUL-

LARE (SIC)

Sobre a bica vêem-se restos duma pintura.

Acima do arco da direita existe outro rótulo que diz.

DIVES ERAM, PAUPER ME NUNC CAPIT NA-

GULUS ORBE

QUID FIRMUM EST? MUTAT, CEU LEVIS UNDA

VICES

Num outro plano, inferior, fica um grande tanque.

Nota: Mais a baixo do referido tanque, foi criado um grande lago onde, normalmente, nadam muitos patos. De salientar, ainda, a magnifica recuperação que foi feita de todo o espaço e a bela ponte sobre o mesmo. Um local a visitar!

Lemos, J.M.O. 2004. Fontes e Chafarizes de Coimbra. Direção de Arte de Fernando Correia e Nuno Farinha. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. Pg. 65

 

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por Rodrigues Costa às 11:37

Quinta-feira, 04.08.16

Coimbra: a Fonte do Castanheiro

A Fonte do Castanheiro está situada num lugar muito pitoresco, o Vale da Arregaça ao fundo de uma escadaria de 35 degraus separados por alguns patamares, que sai da rua da Fonte do Castanheiro, a cerca de 50 metros, para poente, do portão da Quinta que recebeu o mesmo nome. Esta fonte possui uma bica encimada pelo escudo do Reino, com adornos do princípio do século XVIII. No remate, no meio de duas aletas com grandes volutas, lê-se:

ANNO

1701

A REFORMA DA OBRA

DESTA FONTE DO CAS

TANHEIRO A MONDOV

FAZER O.D.O.O.R.SV.D.TE

A última linha deve entender-se como:

FAZER O DEZEMBARGADO SUPERINTENDENTE.

 

A água que a abastecia era proveniente de uma nascente designada de Póvoa.

A água da Fonte do Castanheiro, juntamente com a águas das Fontes do Cidral e da Cheira ... eram mandadas buscar pelos habitantes de Coimbra, que muito as apreciavam, apesar da distância a que se encontravam.

... Em 1828, foi publicada uma lenda, da autoria do escritor Manuel Ferreira de Seabra ... A referida lenda, que se intitula «Almira e Felizeu ou a Fonte do Castanheiro. Metamorfose» ... reza ... que o pastor Felizeu, pelo crime cometido contra a ninfa do Mondego, fora transformado em «Castanheiro» e a ninfa, a seu pedido, transformada em «Fonte».

Lemos, J.M.O. 2004. Fontes e Chafarizes de Coimbra. Direção de Arte de Fernando Correia e Nuno Farinha. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. Pg. 60 e 61

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por Rodrigues Costa às 11:03

Terça-feira, 02.08.16

Coimbra: a Fonte de Celas

A Fonte de Celas, também designada antigamente por “Fonte d’El Rei”, é uma das mais belas fontes construídas na cidade de Coimbra e seus arredores.

Encontra-se situada à entrada do antigo burgo de Celas, na estrada que lhe dá servidão da parte da cidade, Rua Bernardo de Albuquerque, contra a parte sul. A obra arquitetónica é do séc. XVIII, do tempo de D. José.

Ficava em plano inferior ao da rua, sendo necessário descer duas escadas paralelas, de dezoito degraus (três de acrescento posterior, em virtude dum rebaixe do terreno), com guardas plenas, da mesma época.

Composição arquitetónica simples: quatro pilastras lisas (com maior avanço as centrais e o plano intermédio); frontão curvilíneo sobre a parte medial, e acrotérios na perpendicular das pilastras. Tem a meio um grande escudo com as armas da nação portuguesa, envolvido em largos ornatos.

Num grande rótulo, imediatamente abaixo, está gravada a seguinte epígrafe:

HUNC POPULO JUSSIT MANARE JOSEPHUS:

HOCQUE EMOR PATRIAE TOLLERE JUSSIT OPUS.

QUALIS ALIT SPARSO PELICANUS SANGUINE PULLOS

SPARSIS SIC OPIBUS NOS BEAT IPSE JOSEPH.

ANNO REGNI XI ER CRISTI.MDCCLXI

Já no basamento ficam dois mascarões por onde, originariamente, era lançada a água ... “A água provém de uma mina que tem a sua origem numa propriedade contígua e são três as ramificações que alimentam a fonte. Os sobejos dessa água, quando os havia, eram canalizados para a cerca pertencente ao “Real Mosteiro de Santa Maria de Celas, de Vimarães, da Ordem de S. Bernardo”

Lemos, J.M.O. 2004. Fontes e Chafarizes de Coimbra. Direção de Arte de Fernando Correia e Nuno Farinha. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. Pg. 46 a 49

 

 

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por Rodrigues Costa às 22:48


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