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A' Cerca de Coimbra



Sexta-feira, 29.04.16

Coimbra: Incidente com a Milícia de Coimbra

Ao regimento de milícia de Coimbra, formado por habitantes da cidade e de numerosas povoações compreendendo a maior parte da Bairrada, tocou a obrigação (aquando das invasões francesas) de marchar para a praça de Almeida, e no aviso convocatório fora dada ordem para formar em parada, na força de 690 homens, no Rossio de Santa Clara, a 25 de Março de 1801.

A academia, que nesse ano atingira o número de 1648, entre alunos da Universidade e do Colégio das Artes … foi em grande número assistir à parada. Às tantas, porém, alguns dos seus membros entraram a dirigir chufas aos bisonhos milicianos… ridicularizando-os, numa provocação que chegou ao ponto de derrubarem algumas das armas que se encontravam ensarilhadas … um oficial mais assomadiço ou menos condescendente mandou calar baioneta à sua companhia e ordenou uma carga sobre os provocadores.

Fugindo tudo em debandada, nem por isso deixou de haver muita gente maltratada, tendo falecido um frade do Colégio de Santa Rita (vulgo Colégio dos Grilos), em consequência dos ferimentos recebidos. A noite chegou e os milicianos de fora tiveram de ser aboletados em casas particulares, como era de uso.

Os estudantes, ansiosos de um desforço, espalharam-se pelas ruas da cidade, preparados para a agressão aos milicianos, dirigindo-lhes ultrajes em altas vozes, tendo havido alguns conflitos e ferimentos … quando da partida do regimento para Almeida … os estudantes o fossem esperar no melhor ponto para o ataque, postando-se na Ladeira da Forca, sobranceira à moderna Rua da Figueira da Foz. Mas tendo-se feito constar que o regimento ia de armas carregadas, isso bastou para dissipar qualquer propósito de provocação, e pôde seguir pacificamente ao seu destino.

Para apurar responsabilidades, o conservador da Universidade logo instaurou uma devassa … Tempo depois, em 29 de Novembro, o reformador-reitor … remeteu a devassa ao ministro do reino, propondo que se expulsassem da Universidade três dos principais … Mas, o alvitre parece não ter sido aceite, pois o reitor repetiu dois anos mais tarde … como se nunca o houvesse apresentado anteriormente.

 

Loureiro, J. P. 1967. Coimbra no Século XIX. Separata do Arquivo Coimbrão, Vol. XXIII. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. Pg.24 a 26

 

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por Rodrigues Costa às 10:14

Quinta-feira, 28.04.16

Coimbra: os Paços do Concelho ao longo dos tempos

A Câmara funcionara naquele local (Torre de Almedina) desde tempos roçando pela fundação da monarquia, donde transitou para a chamada Casa da Audiência, defronte da porta principal da Sé Catedral (modernamente denominada Sé Velha).

E, em virtude de transação com o prelado diocesano no fim do séc. XV, passou para a «casa da cidade da praça pública», onde funcionou, por cima dos açougues da cidade, dando para a Praça de S. Bartolomeu (modernamente Praça do Comércio) e para a Calçada (modernamente Rua Ferreira Borges), e que servia também de «paaço dos taballiães».

Este «paaço» tinha-o a Câmara mandado edificar para nele estarem os tabeliães da cidade, tanto os de notas como os do judicial, servindo os seus cargos das 7 às 10 da manhã e da 1 às 5 da tarde, e ocupava o espaço onde atualmente se encontram as primeiras casas a sul das Escadas de Santiago, com as frentes ocidental para a atual Praça do Comércio e oriental para a Rua Ferreira Borges.

Porém, pouco depois do terramoto de 1755, por essa casa ser excessivamente alta e a «fugida lhe não poder ser fácil», as vereações voltaram a fazer-se no segundo pavimento da Torre de Almedina … até que, em 1755 … feitas umas indispensáveis reparações, voltasse a Câmara para a Casa da Cidade.

Mas, o incêndio provocado pelos soldados de Massena, a 3 de Outubro de 1810 … forçou a Câmara a regressar à Torre de Almedina.

Informação adicional

Na Torre de Almedina funcionaram os Paços do Concelho no período que vai de Outubro de 1810 até à inauguração do atual edifício, a qual teve lugar a 13 de Agosto de 1879.

 

Loureiro, J. P. 1967. Coimbra no Século XIX. Separata do Arquivo Coimbrão, Vol. XXIII. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. Pg.8 e 9

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por Rodrigues Costa às 10:01

Quarta-feira, 27.04.16

Coimbra: o Executivo Municipal no início do séc. XIX

A Câmara Municipal era, na década de 1801-1810 e desde muito antes, constituída: por um presidente letrado, que era o juiz de fora do cível e, nas suas faltas ou impedimentos, o juiz do crime, correspondentes na jurisdição moderna respetivamente ao juiz de direito do cível e juiz dos juízos criminais; por quatro vereadores, três eleitos anualmente pela cidade e um pela Universidade; e também por um procurador do concelho, ou Procurador-Geral, eleito pela cidade. Coletivamente eram designados regedores da cidade, prestavam juramento e tomavam posse, depois de confirmadas as suas eleições por carta régia. E assistiam às «vereações» (assim se designavam as sessões ou reuniões da Câmara) sem propriamente fazerem parte do corpo administrativo, dois delegados eleitos pela Casa dos Vinte e Quatro, correntemente designados por «misteres da mesa».

A Câmara tinha vereações ordinárias às quartas-feiras e aos sábados de cada semana, e as extraordinárias exigidas pelas necessidade da administração, as quais se realizaram, durante séculos, no segundo pavimento da Torre de Almedina, ainda agora existente, destinando-se o primeiro às audiências do corregedor e dos juízes de fora, ali funcionando, portanto, como modernamente se diria, a Câmara e os tribunais.

… havia também o juiz dos órfãos, de jurisdição restritamente orfanológica, lugar por vezes acumulado com o de juiz do crime.

A eleição  dos vereadores e do procurador da cidade continuava a efetuar-se sensivelmente como no século XVI e o mandato era válido, não somente para o ano a que era expressamente destinado, mas por todo o tempo necessário, enquanto se não fizesse a substituição dos empossados pela aprovação de nova pauta de vereadores e procurador e subsequente juramento e posse dos novamente eleitos..

 

Loureiro, J. P. 1967. Coimbra no Século XIX. Separata do Arquivo Coimbrão, Vol. XXIII. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. Pg.8 a 10

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por Rodrigues Costa às 10:44

Terça-feira, 26.04.16

Coimbra: o Cabido e o Bispo na aclamação de D. João IV

A 4 de x.bro de 1640 chegou a esta Cidade noua q a Cidade de lx.a tinha levantado e aclamado ao Serenissimo s.or Dom Joaõ Duq de Brag.ca Por Rey destes Reinos de Portugal, e deste Successo teue o Illmo sor Bispo Conde nosso prelado huã Carta dos Ill.mos s.res Arcebispos de lx.a e Bragua Como governadores levantados pello pouo a qual naõ comunicou ao Cabido e a 7, do mesmo mandou o Cabido Dous s.res Capitulares a uizitar o s.or Bpõ. e consultar o q deuiamos fazer por esta Cidade ter feito o mesmo levantamento e acclamaçaõ de q naõ resultou couza alguã nem uerem os ditos s.res capitulares a Carta q tinha S. Ill.ma dos s.res Arcebispos governadores; So q se esperasse mayor certeza; e aos 8. dias do mesmo tornaraõ os mesmos s.res de parte do Cabido a dizer a S. Ill.ma q pareceria bem fazerse logo a demonstracaõ de Alegria ... e q nada queria o Cabido sem o Comunicar a S. Ill.ma respondeo o s.or Bpõ q assi lhe pareçia bem, q tinha mandado hu próprio q em uindo cõ noua certeza se faria a demonstração; e logo o Cabido ordenou q se continuasse o fogo de poluara q se estaua fazendo. e preparassem mtas luminárias para se porem na See e cada s.or Capitular as poria também em suas Cazas. e se chamou para nomear senhores q fossem beijar a mão e dar a obediencia a S. Mag.de ... os quais estaraõ na Cidade de lx.a ate fim deste mês de dezembro ... e logo tornaraõ outros dous senhores capitulares comunicar ao s.or Bpõ a demonstração q se hauia de fazer de luminárias e procissão; e o s.or Bpõ assentou com os ditos s.res q 5ª fr.a 13. Deste mês, poriaõ luminárias, e na 6.a fr.a pella tarde fariaõ pcissaõ.

 

... Aos quinze de desembro de 1640 assentou o Cabido q se passassem prouizois paras as Camaras dos nossos Coutos a saber Tauarede, Villa noua de Mocarros. Agim, Paredes, e Val de todos, fazendo-lhe saber em Como nosso sor fora seruido darnos por Rey o serenissimo senhor Dom Joaõ o quarto Duq de Brag.ca

 

Almeida, M.L. 1973. Acordos do Cabido de Coimbra. 1580-1640. Separata do Arquivo Coimbrão. Vol. XXVI. Coimbra, Biblioteca Municipal de Coimbra. Pg. 375 e 376

 

 

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por Rodrigues Costa às 10:40

Segunda-feira, 25.04.16

Coimbra: conflitos do Cabido da Sé com o bispo D. João Mendes de Távora 2

Aos vinte, E hum dias do mês de Dezembro de 1638... acabada a prima E terça no Choro de sima E decendo o Cabido, E mais Beneficiados pera a Cappella mor, e Estando todos assentados nella; subio ao púlpito hum Cappellaõ do senhor Bispo Conde, E antes de se começar a Missa leo hum papel, que continha o seguinte.

... fazemos saber, que desejando nós que se guarde inteiramente o Ceremonial Romano, julgamos, que era coueniente atalhar alguns abuzos, que de poucos anos a Esta parte se tem começado a introduzir nesta nossa Igreja. E porque hum deles he vzarem de murça os Dignidades, Conegos, E meos Conegos da nossa See despois do falecimento do ... nosso predecessor , sendo o vzo de murça taõ preuiligiado, que so podem vzar della os Bispos nas suas próprias dioceses: Mandamos sob pena de excomunhão ipso facto incurrenda, que de hoje em diante Nenhuã pessoa de qualquer qualidade, ou dignidade, que seia possa vzar mais de murça, E em particular o mandamos a todos os Ecclesiasticos da nossa See sob a ditta pena de excomunhaõ ipso facto incurrenda, E pera podermos ao diante proceder, lhes assinamos desde logo tes horas distinctas pelas três Canonicas admoestacois: E alem da ditta penna de excomunhaõ ipso facto incurrenda, mandamos ás sobreditas pessoas que assi o cumpraõ sob penna de cem cruzados aplicados pera a Bulla da Cruzada por cada uez, que qualquer das ditas pessoas puzer murça; E pera vir á noticia de todas, mandamos que esta se lea na nossa See, E se fixe o treslado nas portas della.

... Chegando quem lia este papel às palavras, que na lauda atrás estaõ assinadas, se leuantaraõ todos os senhores Beneficiados dizendo que ante omnia appellauaõ de todas E quais quer Censuras, ou Ordens, que o Snõr Bispo mandasse notefiquar no ditto papel E se sahiraõ do Choro E se fez Cabido aonde se ... assentou que este negocio se cõmunicasse ao Sñor Doutor Goncalo Aluo Godinho E aos letrados da caza pera que com seu parecer se rezoluer de todo este negocio.

O secretário deixou largo espaço em branco para registar a resolução do Cabido, mas nunca a lançou.

Informação : Murça é uma veste era usada pelos cónegos por cima da sobrepeliz.

Almeida, M.L. 1973. Acordos do Cabido de Coimbra. 1580-1640. Separata do Arquivo Coimbrão. Vol. XXVI. Coimbra, Biblioteca Municipal de Coimbra. Pg. 358 e 359

 

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por Rodrigues Costa às 10:02

Sexta-feira, 22.04.16

Coimbra: conflitos do Cabido da Sé com o bispo D. João Mendes de Távora 1

Aos dous dias do mez de Outubro de 1638 ... chamado pera Cabido ... que o senhor Bispo Conde Dom Joanne Mendez de Tauora tinha intento de vzar de docel na Capella mor desta See, sendo assi que se seguiaõ dahi muytos incouientes como era alterarsse o Costume antiquíssimo, que nesta Igreja há do contrário; e juntamente naõ se poder por commodamente este docel sem grande indecencia das Imagens Sagradas pella estreiteza da Capella mór, como também poder acontecer que Sua mg.deestranhe semelhante vzo, visto ser a Capella mór desta See sua...se assentou que se desse em primeiro lugar deste negocio ao senhor Bispo Conde escreuendoselhe a Carta...

... Aos 16 dias do mez de Outubro de 1638 Estando os senhores Capitulares juntos em Cabido pera se ver a resposta do Senhor Bispo Conde ... que tal couza naõ mandei propor a VMs. Desejando saber quem foi a pessoa, que sem ordem minha fez esta accaõ pera lho mandar estranhar; porque os Prelados naõ tem assento diferente nas suas Sees nos dias em que fazem Pontifical aos outros, em que soo assistem... o assento, que eu tomar nessa See, quando seia o mesmo, que aquelle, que eu tive Sempre na de Portalegre...

 ...No ditto dia, mez E anno a tarde ... visto o Senhor Bispo  Conde naõ querer superseder no intento, que tinha de vzar de docel na Capella mor desta See ... se desse de tudo conta a Sua Mg.de ...

 ... 22 diaz do mez de outubro de 1638 ... se esperua por horas pello senhor Bispo Conde Dom Joanne mendez de Tauora, E que seria necessario preuenir de antemaõ todas as couzas pertencentes à sua entrada  ... em cazo, que vindo com o ditto acompanhamento se ache docel no ditto lugar; o Cabido entre em comunidade ate o Choro sem subir ás cadeiras delle, nem ao altar os assistentes per obrigação a Este acto; mandando-se dizer ao senhor Bispo, que o naõ faz, porquanto acha na Capella mor aquella nouidade do docel contra o Costume antiquíssimo desta See ...

 ... Aos onze dias do mez de nouenbro de 1638 ... Carta de Sua Mg.de... ao Bispo, que não alterasse nella, em quanto se naõ tomaua rezolucaõ ...

 ... Aos 2. dias do mez de Nouembro de 1638 ... ler huã carta, que o Senhor Bispo Conde escreuia a Este Cabido ... Há oito dias, que cheguei a Esta Quinta (casa do Bispo, junto à Escola Superior Agrária de Coimbra) E vendo, que passados tantos dias nada se tem ajustado; me rezolui a fazer hoje a entrada ás duas horas ...

...Chegada a procissão a Esta See achamos na Capella mór posta huã cadeira debaixo de docel ...

 ... Aos 13 dias do mez de Dezembro de 1638 annos ... tratar do modo, com que o Cabido se hauia de hauer no intento, que o Senhor Bispo Conde tem de por docel na noyte de Natal ...

 ... Aos vinte dias do mez de Dezembro de 1638 annos ... chamado pera Cabido ... pera nelle seler huã carta de Sua Mg.de ... com que o Bispo Conde estaua no particular do docel ... lhe mando escreuer que cumpra o que na matéria tenho resoluto, naõ innouando, nem alterando nella couza alguã ate se ver o que mais conuem ...

 Almeida, M.L. 1973. Acordos do Cabido de Coimbra. 1580-1640. Separata do Arquivo Coimbrão. Vol. XXVI. Coimbra, Biblioteca Municipal de Coimbra. Pg. 341 a 357

 

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por Rodrigues Costa às 09:47

Quinta-feira, 21.04.16

Coimbra: A Sé de Coimbra e os fugidos à justiça que a ela se acolhiam

Aos 14. dias do mes de Julho de 631) sendo prim.ro chamado p.a Cabido p.a se tratar se conuinha q os homiziados, q se recolhiaõ a esta Se temendose de sere presos pellos ministros da iustica per seus crimes, se se deuiaõ de admitir. e deixar andar nesta Sé como ate agora tinha acontecido, em algus q a ella se recolheraõ, e de psente inda oie estaõ recolhidos, assentou o Cabido, q os tais homiziados naõ pudessem estar nesta Sé mais q tres dias, e passados eles naõ fossem mais consentidos nella, saluo se dentro desse tempo, ou de mais, os ministros da iustica estiuesem de fora, e tiuesse cercada a Sé pa prendere o dito omiziado tanto q saísse, e naõ sendo nesta forma, fosse passado o dito tempo lansado fora, porq nesta forma, se atalhaua, a algu escândalo, se os ministros da iustica tiuese de uere os omiziados passear pelo ladrillo da Sé huã e m.tas uezes sem os podere prender, e iuntamte  naõ socedese q uendo a larguesa, e liberdade q os omiziados tiueraõ nesta Sé, ou possaõ uir a ter, se naõ incite alguns ministros da iustica, a quebrabre, ou em algu modo diminuire a imunidade da igreja, e pa lembrança mandaraõ a mim secretario o Dtor Anto frz de Caruo q fizesse em q me assinei.

 

Almeida, M.L. 1973. Acordos do Cabido de Coimbra. 1580-1640. Separata do Arquivo Coimbrão. Vol. XXVI. Coimbra, Biblioteca Municipal de Coimbra. Pg. 298

 

 

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por Rodrigues Costa às 10:16

Quarta-feira, 20.04.16

Coimbra: o sino balão da Sé

Referindo os sinos existentes na Sé Nova... O de horas do relógio, também de grande tamanho, que veio da Sé Velha, aonde era conhecido por «sino balão» em virtude da sua forma tendendo para uma meia esfera, diz um letreiro, que a estreiteza do lugar torna de leitura muito dificultosa, que foi renovado e dedicado à Santa Virgem no ano de 1633, na vacância episcopal.

Correia, V. e Gonçalves, A. N. 1947. Inventário Artístico de Portugal – Cidade de Coimbra. II. Lisboa, Academia Nacional de Belas Artes. Pg. 16 e 18

 

A 6. de 9bro se asentou em cab.o q uisto mandar pidir o mestre da capela, q auendo res.to a seus m.tos serviços lhe facaõ m.ce de querer mandar tanger o sino balaõ

... No mesmo dia (ii de julho de 618) Considerandosse outrosi os m.tos inconuientes q há de se mandar tanger o sino Ballaõ taõ ordinariam.te pello falleçim.to de m.tas pessoas... se assentou q o dito Balaõ se naõ podesse tanger de nenhu modo ... saluo se ale da pessoa ser de muyta qualidade, der dez Cruzados pera a dita Fabrica.

... Aos 4 de Março 626... tratar do modo q auia no tanger do sino Ballaõ ... q se naõ tangese por nhua pessoa (tirado  Bpõ, e Cabido) saluo dando quatro mil rs E sendo pessoa de qualidade...

... 21 dias do mês de feuro de 629 ... tratar de atalhar a alguãs quexas q hauia de o sino ballaõ se tanger a m.tas pessoas assentou o Cabido ... se uota por fauas ... e votando mais de tres fauas pretas o tal sino se naõ tanja ..

... Aos 26. de feur.º de 1631 ... E outrosi se naõ tangerá o Sino Balaõ senaõ uotandose na mesma forma, pello perigo q pode acontecer, tangendose m.tas uezes, de poder quebrar...

... No mesmo dia (13. de Mayo de 1631)...p.a se açertar a uia, q se hauia de seguir no tanger do Sino Balaõ. Assentou o Cabido q o ditto Sino de nehu modo se tangesse por pessoa alguã por mais graue q fosse, senão pelos Senhores Benefiçiados, e q todo o senhor, q propusesse em Cab.do e tratasse q o dito sino se tangesse, e este assento se revogasse seria descontado em hu mez.

Almeida, M.L. 1973. Acordos do Cabido de Coimbra. 1580-1640. Separata do Arquivo Coimbrão. Vol. XXVI. Coimbra, Biblioteca Municipal de Coimbra. Pg. 200, 218, 262, 279, 293, 296

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por Rodrigues Costa às 09:10

Terça-feira, 19.04.16

Coimbra: conflito do Cabido da Sé com o bispo Afonso de Castelo Branco

Nota: a leitura dos seis textos que de seguida iremos publicar – para além das naturais diferenças entre o português do século XVII e do português de hoje – deve ser feita considerando: o uso recorrente de abreviaturas; a utilização na escrita do u em vez do v; a impossibilidade de transcrever grafias utilizando o til sobre consoantes.

Aos 14 dias do mes de 7bro (1612) sendo chamado para Cabido … para se tratar do modo em q o Cabido se deuia auer com o sõr Bispo … en q era notório o sõr Bispo tratar o Cabido em Comu e particulares do Cabido com palavras mui afrontosas ao mesmo Cabido, e aos particulares delle, e mui particularmente aos quatro Capitulares q o Cabido tinha eleito para tratar do Statuto q estaua inuiado a sua Mag.de … e em mesmo sôr Bispo escrever huã carta ao Conego Jo da Costa en q lhe mandaua dar hu recado ao Cabido, cõ hus remoques afrontosos ao mesmo Cabido, e assi maes mandaua na mesma carta outro recado aos quatro Capitulares … ameaçandoos e mandandolhes dizer q as couzas paririaõ ao diante como tinhaõ parido as couzas do marachão, e porq de todas estas couzas consta claramte ser o sõr Bpõ suspeito a este Cabido, e por outras maes q se cumularaõ a seu tempo…

… foi assentado per todos q se uiesse com suspeicoens ao sõr Bispo por assi conuir a honra desta Igreja e de sua fazenda … E q para se uire com as ditas suspeicoens se aiuntasse todas as maes cauzas q para bem dellas fosse necessárias, e q depois de juntas se puzesse em efeito, e intimasse as ditas suspeicoens sem dillaçaõ alguã.

… Aos ij de Outubro de 1612 sendo chamado pera cabido pera se tratar das sospeicoes q estauaõ ordenadas pa se intentare ao sor Bpõ dõ A.o de Castelbranco nosso prelado, se lerão em cabido, E se asentou que se pusesse e se asinassem por todos os presentes.

… assinarão todos os capitulares q estalão acima do s.or D.tor Ant.º home, e chegando a elle disse mandado pello presidente q assinasse q o naõ hauia de fazer sem embargo de o estatuto dispor o contrario …

… Aos 21. de Outubro de 1612, sendo chamado pera Cabido pera se uere e assinare as sospeicoes q atras uaõ lancadas por se tere uisto e emendado diminuindo e acrescentando em partes segudo pareçeo ao Cabido quaes se intentaraõ ao s.or Bispo Dom Afonso de Castelbranco …

Estas saõ as razoes de sospeicaõ ...

... Que o Sumo Pontifice Clemente oitauo passou hu Motuproprio a instancia de sua m.de pera que nenhua pessoa da naçaõ hebrea podesse neste Reyno de Portugal ter Conesia em See Cathredal …

… e porq o Cabido procura a limpeza desta sua See …

... Que depois do sobredito uieraõ outras bullas apostólicas de outra conesia desta see de renuciaçaõ que fez Goncalo Carreiro em Crispim da Costa ambos criados do sõr (Bispo) recusado, a qual o Cabido recusante impedio por elle ser de nacaõ hebreo ...

... se escãdalizou grandem.te do cabido, soltando contra elle e seus capitulares muitas palavras afrontosas e iniuriosas chamandolhe çuios e mentirosos ... dizendo que os hauia de fazer moer na atafona ... porque os não nomea por seus nomes próprios, senaõ pelas alcunhas ... antes afrontou (o Cabido) de palavra chamãdolhe barbacas, *caraça* e outros nomes iniuriosos ... disse publicam.te e mandou dizer que ainda que fosse iulgado por sospeito nos feitos dos foros do azeite, e dos capoes, o que senaõ hauia de prouar, se contentaua com fiquar juiz dos costumes.

... Aos 30. de Jan.ro 1613 mandou o Cabido que aqui neste libro dos acordos se tresladasse hua carta de Sua Mag.de ... Por elRey ao Daiaõ e Cabido da See de Coimbra... E proque eu desejo que se tome nelle algu bom meio de compossicaõ sem damno uosso com que cesse os inconuinientes, e inquietações que poderiaõ resultar, se passasse adiante, uos emcomendo e emcarrgo m.to que tanto q receberdes esta carta o suspendais ... e o mesmo mando escrever ao Bpõ.

Almeida, M.L. 1973. Acordos do Cabido de Coimbra. 1580-1640. Separata do Arquivo Coimbrão. Vol. XXVI. Coimbra, Biblioteca Municipal de Coimbra. Pg. 144 a 179

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por Rodrigues Costa às 14:50

Segunda-feira, 18.04.16

Coimbra: propriedades do município em 1529

… inventário dos bens, rendas e foros do concelho, ordenado por previsão de D. João III, em 3 de Dezembro de 1529 … Das 174 propriedades arroladas restringiu-se a análise às 130 consideradas relevantes para o estudo da casa corrente. Para além das habitações propriamente ditas e dos espaços anexos como chãos e quintais, optou-se por contabilizar, azinhagas, andaimes de muros e torres ou até mesmo edifícios administrativos como o paço dos tabeliães e a casa de ver o peso … De lado ficaram os dois rossios camarários tal como olivais e vinhas quase sempre situados no aro periurbano em Banhos Secos, Água de Maias, Carrapito, Fontura ou S. Martinho de Eira de Patas.

 

Tipo de propriedade

Número

Casa

52

Pedaços de casa

3

Botica

3

Chão

19

Pardieiro

1

Azinhaga

9

Quintal

9

Cortinhal

7

Ar sobre azinhaga

1

Torres

5

Andaimo de muro

9

Barbacã

2

Alicerce de casa

4

Açougue

1

Paços dos Tabeliães

1

Casa de ver o peso

1

Casa da Gaiola

1

Forno de pão

1

Estrabaria e palheiro

1

Total

130

 

… cerca de dois terços dos bens arrolados situam-se no exterior das muralhas ou arrabalde. Embora se espalhem por uma vasta área, desde a igreja de São Bartolomeu ao convento de São Domingos, surgem claramente concentradas na Rua da Calçada, a mais importante e dinâmica artéria da cidade quinhentista. De ambos os lados da rua a câmara é proprietária de um total de quarenta e três propriedades, na sua esmagadora maioria casas de moradas de vários sobrados, algumas na situação singular de confrontarem na parte posterior do lote com a Praça da cidade, o que as torna particularmente atrativas.

Um segundo núcleo de concentração, numericamente muito inferior, pode ser detetado junto à saída Norte da cidade, na Rua da Figueira Velha (1), também local de passagem obrigatório de gentes e mercadorias.

… interior da cerca verificamos que para além de serem em número muito inferior, representam apenas um terço do total, são também de natureza diversa: predominam os chãos, azinhagas, cortinhais e pedaços de terra sendo escassas as casas de morada … ganham peso os aforamentos relativos à barbacã, muralha e respetivas torres

 (1) José Pinto Loureiro propõe a seguinte identificação "... na via de comunicação que do Terreiro de Santa Cruz seguia para o Arnado: a Rua dos Caldeireiros a sul, a Rua da Figueira Velha a norte, e a Rua Direita ao centro.

Trindade, L. 2002. A Casa Corrente em Coimbra. Dos finais da Idade Média aos inícios da Época Moderna. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. Pg. 132 a 136

 

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por Rodrigues Costa às 10:17

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