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A' Cerca de Coimbra



Segunda-feira, 07.03.16

Coimbra e o teatro que aqui se fez 4 e o princípio do cinema

... E a todas as causas de decadência... juntava-se ainda outra, de cor inteiramente local, nascida aqui em Coimbra do desrespeito de uma parte do público, tomando correntemente atitudes irreverentes e perturbadoras, mesmo para artista de elevada categoria e de grande consideração ... «A rapaziada garota do D. Luís – lê-se num periódico dessa época (Correspondência de Coimbra, Janeiro de 1879) – continua com o seu chinfrim reles, sem graça, vulgar mas atrevido. Grita, solta obscenidades e fuma. Três coisas mereciam pelo menos palmatoadas»

... E vinte ou trinta anos mais tarde, ainda a intolerável costumeira não se modificara grandemente... Além das memoráveis «pateadas» de desagrado com que por vezes se castigaram o mau desempenho ou a mediocridade das peças, a falta de urbanidade com que os artistas eram recebidos e tratados tornou a plateia de Coimbra muito de temer, ao ponto de só boas companhias se arriscarem a enfrentá-la.

Em compensação é de justiça reconhecer que, quando as peças valiam e os grandes artista mereciam ser aplaudidos, ninguém se mostrava escasso. «E a ovação ali feita – no dizer de testemunha presencial (Trindade Coelho, em In illo tempore) – não esquecia mais quem a recebia; e, se era mulher, além da chuva de flores dos finais de ato e dos intervalos, e o diploma de mérito da Academia Dramática entregue numa linda pasta, e com um discurso ainda mais lindo, tinha à saída do teatro, a fazerem-lhe tapete, as capas dos estudantes, vivas e palmas que eram um delírio, e a acompanhá-la até ao hotel, numa ovação que não despegava, a guarda de honra de toda a academia, com música a tocar o hino académico, e archotes à roda da carruagem»

... Mas a decadência, que já muito anos antes invadira o «amadorismo», alastrou também para o profissionalismo e acentuou-se de ano para ano, até que o cinema, proporcionando espetáculos mais variados, de mais largas perspetivas e de menor custo para os espectadores, de perto seguido pela organização de clubes desportivos, levaram o teatro de vencida, em Coimbra como no resto do País.

... O cinematógrafo do Teatro Príncipe Real estreou-se em 31.VIII.1908, e ao lado das fitas, exibia um fonógrafo combinado com elas para produzir os sons apropriados.

Loureiro, J.P. 1959. O Teatro em Coimbra. Elementos para a sua história. 1526-1910. Coimbra, Câmara Municipal. Pg. 35 a 37

 

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por Rodrigues Costa às 10:38


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