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A' Cerca de Coimbra



Sexta-feira, 05.02.16

Coimbra e as suas estalagens

Coimbra, em 1269, não possuía ainda estalagens propriamente ditas, pelo menos na Almedina … Um século depois Coimbra possuía já estalagens «mui boas e tais em que bem poderiam pousar se quisessem» os fidalgos que chegavam à cidade. Ficavam no arrabalde, a par de S. Bartolomeu e de Santiago, em 1377 .
… por volta de 1585. Neste ano … a Câmara acordou, «para bom regimento e agasalho dos caminhantes e nobreza desta cidade», que era importante haver nela cinco estalagens, das quais uma em Santa Clara.
… O ano de 1617 apresenta nove nas quais poderão estar incluídas simples vendas. Neste cômputo, a partir de 1610 deverá contar-se a estalagem que Diogo Marmeleiro de Noronha fez na «estrada pública» da rua de Santa Sofia … em 1613 encontramos nomeados dois estalajadeiros no Paço do Conde. Um, na Rua de Santa Sofia. Outro na Rua de António Azevedo, freguesia de S. João de Almedina. Na Rua do Arco, da mesma paróquia, depara-se-nos o estalajadeiro e alugador de bestas António João … Em 1623 havia em Coimbra pelo menos onze casas que forneciam só comida. Oito outras unidades davam dormida. Seis, cama e mesa.

… O treslado do regimento devia ser pendurado, em cada venda ou estalagem, em sítio que se pudesse ler, «na primeira casa omde se recebe os ospedes». Dele constavam os preços das comidas e dormidas, cuja conta não devia ser dada «em soma senão pollo miúdo» … O regimento, quanto à comida, tabela pão, carne de vaca, de porco e de carneiro, pescada fresca e vinho. Cada posta cozida, de carne ou peixe, devia pesar um quarto de arrátel (cerca de 115 gramas) e custava cinco réis. O regimento não faz referência explícita ao «azeite para o prato». Mas embora não o nomeando, acusa a sua presença ao obrigar o estalajadeiro ou vendeiro a ter uma medida aferida do «real de azeite».
Se as refeições se resumiam à «ementa» do regimento, bem simples eram: um ou mais pedaços de carne ou peixe acompanhados de pão e vinho. As postas seriam dadas «com sua cozinha se lha pedirem».
O regimento não fala de assados ou fritos … Mas o consumo de peixe frito (ou assado) está documentado tanto antes, como depois de 1586 … As camas mais caras das estalagens, ao tempo deste regimento, custavam trinta réis por dia e noite: numa câmara fechada, uma cama de «emsergão colchão», dois lençóis de linho lavados, cobertor de papa ou de pano e travesseiro enfronhado. Havia «camas de somenos» com colchão, lençóis, cobertor ou manta, por 15 réis … Algumas pousadas, além das camas, tinham também esteiras. Outras só esteiras. A dormida numa esteira custava um real por pessoa.

Oliveira, A. 1971. A Vida Económica e Social de Coimbra de 1537 a 1640. Primeira Parte. Volume II. Coimbra, Universidade de Coimbra, pg. 59 a 62, 68 a 70

 

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por Rodrigues Costa às 09:57


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