Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

A' Cerca de Coimbra



Quarta-feira, 16.12.15

Coimbra, a Escola de Canteiros de Coimbra 1

Para lavrar os ornatos do imóvel (o atual Bussaco Palace Hotel) foram chamados canteiros-artistas da cidade mondeguina, formados na Escola Livre das Artes do Desenho … No ‘Tugúrio de Almedina’, onde as relações entre professores e alunos se estreitavam e confundiam, formaram-se serralheiros, canteiros, escultores, marceneiros, entalhadores, ceramistas e pintores, que procuravam colher ensinamentos válidos no campo da história da arte, quer através de conferências, verdadeiras lições, proferidas por alguns eminentes vultos deste ramo do saber ou, sempre que tal o justificasse deslocando-se às terras circunvizinhas, a fim de ‘in loco’, observar detalhadamente os monumentos … Foram homens como João Machado, José Barata, José da Fonseca, Alberto Caetano, José Ferreira, Anacleto Garcia e outros, que colocaram o seu saber e o seu talento ao serviço da cantaria lavrada, utilizada no imóvel: homens que eram considerados, nas folhas de pagamentos, como ‘escultores’.

… A autoria das estátuas é facto irrefutável, pois num dos ‘Livros de lucros e perdas de João Machado’, encontra-se escriturado na relação do ‘Trabalho executado durante o ano de 1897’ … 2.ª estátua para o Bussaco … 3.ª estátua para o Bussaco … “Acabei a estatua para o Bussaco que / representa a Victoria

… A caixa da escadaria nobre … duas airosas estatuetas representando uma açafata e um pajem, saídos … da oficina de João Machado … A pedra esculpida que ornamenta o grande salão de festas saiu do cinzel de João Machado … Para o mesmo salão lavrou a monumental chaminé … Ao centro surge um menestrel a tocar alaúde, estátua esculpida por Costa Mota … Do salão nobre passa-se, através de duas portas, encimadas por bustos … saíram do escopro de Costa Mota Sobrinho …

As obras iniciaram-se em Novembro de 1888 e desenvolveram-se … até 30 de Junho de 1891 … acabou por paralisar a construção … 28 de Julho de 1894, foi autorizado o seu prosseguimento.

Anacleto, R. 1997. Arquitetura Neomedieval Portuguesa. 1780-1924. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian / Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica. Pg. 312, a 320

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 11:38

Terça-feira, 15.12.15

Coimbra e a doçaria conventual 2

Doces e produtos retirados dos «Livros de Receita e Despesa» dos Conventos de Sandelgas e de Sant’Ana

Doces: Abóbora retalhada; Aletria; Amêndoas; Arroz de leite; Arroz doce; Arrufadas; Biscoitos de manteiga; Bolo de Páscoa; Bolo de São Nicolau; Bolos de Santa’Ana; Bolos e bolinhos dos Santos; Bolos secos; Broa doce da Assunção; Caramelos; Doces de cabaço, de chila, de pera ou de ginjas; Doces e bolos do Natal; Esquecidos; Folares; Manjar branco; Marmelada; Pães-de-leite; Pastéis do Entrudo; Sonhos.

Produtos: Açúcar; Açúcar fino; Água de flor de laranjeira; Amêndoas; Arroz; Canela; Chocolate; Cidra; Cravo; Farinha; Leite; Manteiga; Mel; Ovos; Queijos; Trigo de Soure; Trigo galego

Do núcleo que se segue, composto por 30 receitas pertença de famílias antigas de Coimbra e de alguns grupos etnográficos, considerámos também a receita do pão-de-ló de Coimbra, que registámos no núcleo de Coleções particulares Dr. João Jardim de Vilhena, existente no Arquivo da Universidade de Coimbra. Recorde-se que este afamado bolo surge já referido em um documento do século XVIII, intitulado «Suplicio dos Doces», da autoria do padre jesuíta Silvestre Aranha. Nesta rábula satírica, os doces de Coimbra são condenados num tribunal académico pelo mal que faziam aos estudantes. O primeiro a ser chamado foi o pão-de-ló, entrando bem fofo e vestido de amarelo gemado. Face às acusações foi condenado a morrer afogado em vinho.

As 30 receitas acima referidas são as seguintes:
Arroz Doce; Arrufadas de Coimbra I e II; Bolachas de frade; Barriga de freira I e II; Bolos de Amor; Charcada de Coimbra; Doce de laranja; Doces de ovos; Esquecidos; Extrato de Marrasquino para licor; Licor de Rosas; Licor de Canela; Manjar branco de Coimbra I e II; Matrafões; Papos de Anjo; Pastéis de Santa Clara I, II e III; Pão-de-ló de Coimbra; Pingos da tocha; Pudim de Ovos; Pudim de limão; Receita para fazer pudim; Sopa dourada; Sonhos; Suplicas; Talhadas de príncipe.

Sousa, D. F. F. 2013?. Arte Doceira de Coimbra. Conventos e Tradições. Receituários (séculos XVII-XX). Sintra, Colares Editora, pg. 59, 97 a 113

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 11:32

Segunda-feira, 14.12.15

Coimbra e a doçaria conventual 1

O esplendor da doçaria conventual em Portugal terá ocorrido em meados do século XV já que, foi neste século, que o açúcar entrou na tradição gastronómica dos conventos. Até esta altura, o principal adoçante era o mel, sendo o açúcar usado como componente na confeção de mezinhas e medicamentos.

“… Nos conventos só a abadessa e a madre responsável pelo economato e cozinha tinham possibilidade de escrever as receitas em livros que estavam sob a sua guarda e que não podiam ser consultados por mais ninguém”.
É certo, porém, que estes princípios nem sempre foram seguidos, pelo que encontramos, para a mesma iguaria, variadas receitas consoante a região e o convento de origem. É o caso, entre outros, do leite-creme, do pudim da abadessa, da barriga de freira, da charcada, dos ovos reais, das trouxas-de-ovos, do arroz de leite, do arroz doce, do toucinho-do-céu, da marmelada, das compotas de frutas.
De referir, ainda, que a nomenclatura de alguns doces é comum, não só, a conventos de outras regiões do nosso país, como também de outros países. Na vizinha Espanha existem algumas similitudes, por exemplo, com os pastéis e biscoitos de Santa Clara, os melindres, os suspiros, o arroz de leite, o toucinho-do-céu ou com o manjar branco. Curiosamente, ao lermos «Zorro o começo da lenda» de Isabel Allende, deparamo-nos com o herói a deliciar-se com o manjar branco, numa altura em que se encontrava em Barcelona, a estudar.
… Com algumas limitações, consegue-se reunir um curioso manancial de informações possibilitando delinear um pouco da história dos conventos de Coimbra, onde floresceu a doçaria, a par de algumas práticas e tradições ligadas a esta atividade. Referimo-nos aos Mosteiro de Santa Clara e de Santa Maria de Celas e aos Conventos de Sant’Ana e Sandelgas.

Relatemos, a propósito, a oferta de “marmelada” e de “pêssegos cobertos de Celas de Coimbra”, bem como ameixas de Santa Clara que, em 1652, as freiras destes Mosteiros fizeram ao rei D. João IV … Para o mesmo período também as religiosas de Celas enviaram ao Abade de Alcobaça um presente que incluía as famosas tigeladas.

Sousa, D. F. F. 2013?. Arte Doceira de Coimbra. Conventos e Tradições. Receituários (séculos XVII-XX). Sintra, Colares Editora, pg. 14, 16, 17

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 10:09

Sexta-feira, 11.12.15

Coimbra: O Despertar, um jornal da Cidade

Hoje, pouco se sabe de concreto relativamente à fundação de O Despertar, em 1917.
Sem dúvida que houve reuniões preparatórias … Numa dessas reuniões assentou-se na escolha do Diretor – o Dr. José Pires de Matos Miguens – e deu-se o nome do novo periódico: O Despertar. Quem lhe deu o nome foi o colaborador Ezequiel Correia…
… Coimbra despertara, havia tempos, e transformava-se, graças à colaboração de dois grupos: de um lado, os gestores de origem universitária …; e do outro, os enérgicos burgueses das casas comerciais da Praça Velha ou da Calçada … Depois, houve uma paralisação: as forças nacionais, ou se empenhavam na Guerra, ou corriam o risco de serem submergidas pelos faciosismos que surgiram e se digladiavam.
Era preciso ressurgir – e lutar contra a miséria moral e material que espreitava a Grei.
Aqui e além, esse esforço começava.
Era o despertar dum povo, no nosso caso, duma cidade. De Coimbra.
Era O Despertar.

No seu curto programa, Magna Carta do jornal, estabelece-se que o Despertar:
- Só tem uma norma: a da Correção;
- É independente, alheio às forças partidárias;
- Louvaria, e reprovaria com altivez, o que lhe parecesse merecer reprovação;
- Punha, acima de tudo, os legítimos interesses de Coimbra.

… em 3.XI.1934, a empresa passou às mãos de João Henriques … e o jornal estava arriscado a um colapso fatal se, nesse momento, António de Sousa, que lá trabalhava, não tomasse … o encargo de continuar a publicação de O Despertar.
E assim foi. Tomou conta da Administração desta empresa que, se não é ruinosa, é empobrecida. Foram anos de sacrifício e de devoção: o espirito de cruzada e de apostolado dos homens de 1917, herdou-o ele e continuou, intemeratamente.

… Há dois tipos fundamentais de jornais: o noticioso e informativo e o de esclarecimento e orientação … Entre estes dois tipos extremos, encontram-se numerosos tipos intermediários de jornais, principalmente na chamada Imprensa de Província ou Imprensa Regional, quase sempre eclética.
O Despertar pertence ao grupo dos jornais ecléticos.

Machado, F. F. 1967. Um Jornal de Coimbra: O Despertar. 1917-1967. Coimbra, Edição de O Dspertar. Pg. 3 e 4, 7 e 8, 11

 

Crentes no futuro, como no início, em 1917 eis “O Despertar”, quase a entrar no seu 98.º ano de publicação ininterrupta, rumo ao centenário. Com os olhos postos no futuro mas fiel aos valores dos seus fundadores e continuadores. A Honra e a Dignidade não têm preço, nem hiatos, nem prazos de validade. A Verdade tem hoje – em todas as linhas e páginas do jornal – a mesma forma que teve ontem e a que terá amanhã.

Acedido em 06.12.2015, em http://odespertar.com/pt/index.php/estatuto-editorial

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 09:37

Quinta-feira, 10.12.15

Coimbra, o edifício Chiado 4

Quando em 1991 fomos convocadas para fazer este projeto, sentimos uma forte emoção … pela significação cultural deste edifício e pela situação de extrema sensibilidade e delicadeza que se cria, por muito pouco invasiva que seja a intervenção num edifício com estas características … A Grande Intervenção da Camara Municipal de Coimbra em 1992 no Edifício Chiado, visou a sua conservação, restauro e salvaguarda … As modificações a executar deveriam ter o menor impacte possível, devendo ser compatíveis.
… Os edifícios da época – falamos do fim do séc. XIX início do séc. XX – eram todos bastante semelhantes … Se olharmos para todos os edifícios da Rua Ferreira Borges e Visconde da Luz vemos que basicamente correspondem a este padrão, variando unicamente a riqueza formal do trabalho nas decorações, talhas ou cantarias e/ou madeiras nos guarda corpos em ferro e trabalhos em ferro. Todos menos um – o Edifício Chiado de 1910.
Este aponta-nos para uma nova Era – a Era pós Revolução Industrial, a era pós Exposição Mundial de Paris e pós Gustavo Eiffel. É um edifício moderno – moda efémera, mas com seguidores um pouco por toda a Europa.
… O Edifício Chiado era basicamente o Corpo da Frente com quatro pisos e sótão (encoberto pelo frontão) e o Corpo de Trás com três pisos e sótão em torno de sanguão central coberto (poço de luz)
… Em 1910 o edifício sofreu grandes obras de alteração … Onze anos mais tarde (em 1921) foram realizadas obras de ampliação …

Os problemas essenciais que se colocam (à intervenção em 1992) eram ao nível das coberturas (Corpo de Trás e Corpo da Frente), Saguão Central e Fachada …
No processo de conservação e reabilitação, as principais formas de intervenção adotadas foram a demolição/substituição parcial ou integral …
Em 1999, sete anos depois da intervenção de 1992, o destino deste edifício vai mudar – é a musealização do edifício para a instalação da Coleção Telo de Morais em 2001.
… Hoje passados 18 anos sobre este projeto, pensamos que também ele já faz parte da História. Já é um layer, uma marca no Percurso de Vida deste Edifício através dos tempos.
… Finalmente queremos afirmar, que é enorme o orgulho de termos feito a reabilitação do Edifício Chiado – é talvez a obra que mais prazer nos deu, até porque continua vivo e a desempenhar um papel indiscutível na nossa cidade.

Freitas, T. e Quinta, T. 2010. Edifício Chiado. Obra de conservação e reabilitação. In Caminhos e Identidades da Modernidade. 1910. O Edifício Chiado em Coimbra. Actas. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra, pg. 227 a 245

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 10:26

Quarta-feira, 09.12.15

Coimbra, o edifício Chiado 3

Durante os anos que se seguiram (ao 5 de Junho de 1978, a “Noite de Coimbra”) foi fundamental a ação destes serviços (os Serviços de Turismo da CMC) … Terá sido aqui que surgiram eventos que estiveram na génese de importantes programas culturais da cidade, como por exemplo os Encontros de Fotografia e a Feira do Livro. Foi também aqui que funcionou uma escola de fado e o local onde se instalaram os primeiros serviços de cultura da autarquia, o Departamento de Ação Educativa e Cultural.

Magalhães, R. 2010. Edifício Chiado. Uma das curiosidades de Coimbra. In Caminhos e Identidades da Modernidade. 1910. O Edifício Chiado em Coimbra. Actas. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra, pg. 218

 

Tendo tido a honra de liderar a equipa que ergueu os eventos acima referidos importa, para memória futura, enumerar do conjunto de eventos então realizados, os mais relevantes, primeiro no âmbito dos Serviços Municipais de Turismo, depois do Departamento de Cultura, Desporto e Turismo.

- Eventos de temáticas diversas

. Encontros de Música Ibérica
Apoio à organização da II edição em 1978
. Festival Internacional do Filme Amador de Coimbra (FIFAC)
Organização em colaboração com a Secção de Cinema da AAC das edições de 1979, 1980 e 1981.
. Encontros de Fotografia de Coimbra
Organização em colaboração com a Secção de Fotografia da AAC: edição de 1980, comissariada por Zeferino Ferreira; edição de 1981, comissariada por António Miranda.
Apoio às organizações subsequentes
. Curso e Concurso Internacionais de Guitarra de Coimbra
Organização das edições de 1984, 1985, 1986.
. Salão de Pintura Naïve
Organização de quatro edições
. Recuperação e divulgação da Doçaria Tradicional de Coimbra
Exposição no edifício Chiado, Julho de 1982
. Ciclo de palestras sobre História de Coimbra «Descobrir Coimbra»
1º ciclo de Fevereiro a Abril de 1983; 2º ciclo Janeiro a Março de 1984, num total 20 sessões). Programação de Berta Duarte
. Prémio Literário Miguel Torga Cidade de Coimbra
Lançado em 1984 e que continua a ocorrer anualmente
. O Postal Ilustrado. Contributo para a Imagem de Coimbra
Exposição temporária, de 28.06 a 15.07 de 1986. Edifício Chiado.
Recolha e catalogação de Berta Duarte e Carlos Serra.

- Eventos de apoio à Etnografia e Folclore do concelho de Coimbra
. I Seminário sobre a Etnografia e o Folclore de Coimbra e seu termo
Fevereiro de 1978
Na sequência deste evento foram desenvolvidas, nomeadamente, as seguintes ações:
- Esquema de apoio ao Folclore da Região de Coimbra
Assente no funcionamento de uma Comissão de Análise dos Grupos Folclóricos que avaliava o mérito dos grupos e na atribuição de apoios financeiros àqueles que era reconhecido “interesse folclórico”.
- Cursos de Formação de Responsáveis de Grupos Folclóricos
Organização dos cursos realizados
- Recuperação da viola toeira coimbrã
Viabilização da recuperação através da prévia aquisição de exemplares e distribuição destes pelos grupos folclóricos classificados
- II Congresso da Federação do Folclore Português, em 15 e 16 de Setembro de 1979
Organização e publicação das Atas.
. Aspetos do Trajo Popular Feminino em Coimbra
Exposição inicialmente apresentada no Casino Estoril e posteriormente no Edifício Chiado (Outubro de 1984) e no Casino do Funchal (Abril de 1990).
Planificação e textos de Berta Duarte e Nelson Correia Borges.

- Eventos de apoio ao Fado de Coimbra
. Seminário sobre o Fado. Seu passado. Seu futuro
Organização do Seminário que incluiu a realização da primeira serenata na Sé Velha depois de 1969, em Maio de 1978
. II Seminário sobre o Fado de Coimbra
Organização do Seminário, em Maio de 1979
Na sequência destes eventos foram desenvolvidas, nomeadamente, as seguintes ações:
- Edição: do disco “Coimbra tem mais encanto”; do opusculo Fado de Coimbra ou Serenata Coimbrã? da autoria de Francisco Faria; do livro “O Canto e a Guitarra na Década de Ouro da Academia de Coimbra (1920-1930), da autoria de Afonso de Sousa; do disco “Zeca em Coimbra”; viabilização da edição do álbum com seis discos “Tempos de Coimbra. Oito décadas no canto e na guitarra”.
- Escola de Fado de Coimbra
Criação e financiamento da Escola que funcionou no Edifício Chiado de 1979 a 1981, sob a direção de Jorge Gomes e Fernando Monteiro
- Guitarras de Coimbra
Exposição temporária. Edifício Chiado, em 1982, comissariada por Berta Duarte e Carlos Serra (Museu Académico)
- Fado de Coimbra – Memória Fonográfica (1896-1930)
Exposição temporária, em 1986, comissariada por Berta Duarte e Carlos Serra (Museu Académico)

- Eventos de apoio ao Artesanato da Região de Coimbra
. Colóquio sobre o Artesanato
8 a 11 de Novembro de 1979
Organização e publicação das respetivas Atas
. Jornadas sobre a Cerâmica em Coimbra
Janeiro de 1981
Organização e publicação das Atas, editadas pela Comissão de Coordenação da Região do Centro.
. Casa do Artesanato da Região de Coimbra que funcionou no edifício da Torre de Anto de 1979 a 1995
. Exposições sobre as Técnicas Tradicionais da Região de Coimbra, a saber:
-Tecelagem da Região de Almalaguês
Exposição temporária. Edifício Chiado, de 21 de Outubro a 5 de Novembro de 1978. Encenação e catálogo de Henrique Coutinho Gouveia
- Funilaria e Latoaria na Região de Coimbra
Exposição e demonstrações ao vivo realizadas na Casa de Artesanato da Região de Coimbra, a partir de 7 de Setembro de 1979. Organização de Ângela Sobral
- Palitos de Pá e Bico
Exposição itinerante. Casa de Artesanato da Região de Coimbra, Novembro de 1979.
Organização do Museu e Laboratório Antropológico da Universidade de Coimbra
- Estatuária Popular de Gondramaz
Exposição temporária. Casa de Artesanato da Região de Coimbra, 27 de Novembro de 1982.
Planificação e texto de apresentação de Ângela Sobral
- Colheres de Pau
Exposição temporária. Casa do Artesanato da Região de Coimbra, Fevereiro, Abril 1985.
Planificação e texto de apresentação de Ângela Sobral
- O Último Tamanqueiro de Cantanhede
Exposição temporária. Organização em colaboração com o Instituto Português do Património Cultural. Casa do Artesanato da Região de Coimbra. Janeiro de 1986.
Texto de apresentação da Margarida Coutinho Gouveia
- Barros Vermelhos do Carapinhal
Exposição temporária. Casa do Artesanato da Região de Coimbra. 1987
Planificação de duas exposições sobe o tema a primeira com texto de Berta Duarte
- Barros Vidrados de Casal do Redinho
Exposição temporária. Casa de Artesanato de Coimbra, de 16 de Março a 31 de Maio de 1980.
Planificação e texto de apresentação de Ângela Sobral

Deste conjunto de exposições recolhemos a respetiva documentação de apoio. Neste âmbito foram, ainda, organizadas as seguintes exposições em ordem às quais não dispomos de documentação:
- Faiança Esmaltada de Coimbra
Exposição temporária. Casa de Artesanato da Região de Coimbra, 1980
Planificação e texto de apresentação de Ângela Sobral
- Rendas de Semide
Exposição temporária. Casa de Artesanato da Região de Coimbra.
Planificação e texto de apresentação de Ângela Sobral
- Cobres de Oliveira do Hospital
Exposição temporária. Casa de Artesanato da Região de Coimbra.
Planificação e texto de apresentação de Ângela Sobral
- Cestaria em Vime
Exposição temporária. Casa de Artesanato da Região de Coimbra, de Fevereiro a Setembro de 1980.
Planificação e texto de apresentação de Berta Duarte
- Esteiras de Arzila
Exposição temporária. Casa de Artesanato da Região de Coimbra.
Planificação e texto de apresentação de Ângela Sobral
- Serralharia Artística. Homenagem da CMC a José Pompeu Aroso
Exposição temporária. Casa de Artesanato da Região de Coimbra, em Julho 1980. Planificação e texto de apresentação de Berta Duarte
- Barros Pretos de Olho Marinho
Exposição temporária. Casa de Artesanato da Região de Coimbra, de Dezembro de 1980 a Abril de 1981.
Planificação e texto de apresentação de Berta Duarte
Esta exposição foi posteriormente reapresentada com texto e apresentação de Ângela Sobral.
- Antonino de Castro, Peneireiro
Exposição temporária. Casa de Artesanato da Região de Coimbra, em 1989.
Planificação e texto de apresentação de Ângela Sobral
- Bordados da Madeira
Exposição temporária. Casa de Artesanato da Região de Coimbra, de Outubro a Dezembro de 1983.
Planificação e texto de apresentação de Berta Duarte

- Eventos sobre a salvaguarda do património cultural
. I Encontro sobre a Salvaguarda do Património Cultural
Organização, Dezembro de 1980
. Seminário sobre a recuperação do Centro Histórico de Coimbra
Organização. Fevereiro de 1982
. Museu dos Transportes Urbanos
Planificação, montagem e abertura na antiga remise dos carros elétricos.
Organização e textos de Rodrigues Costa.

- Semana de Coimbra no Estoril, 8 a 17 de Junho de 1984
Evento que para além da apresentação diária de grupos de fado de Coimbra e de grupos folclóricos, da gastronomia regional e da realização de uma Serenata de Coimbra junto à Igreja de S. Estêvão, em Lisboa, integrou as exposições a seguir enumeradas.
. Técnicas tradicionais da Região de Coimbra em que foram apresentados as seguintes mostras: Faiança Esmaltada de Coimbra; Rendas de Semide; Artefactos de Madeira; Cobres de Oliveira do Hospital; Funilaria e Latoaria; Tecelagem de Almalaguês; Cestaria em Vime.
. Coimbra antiga
Textos de A. Carneiro da Silva
. 6 Fotógrafos de Coimbra
Textos de Manuel Miranda
. Pintores de Coimbra
Textos de A.F. Rodrigues da Costa
. Medalhística. Homenagem a Cabral Antunes
Textos de A. Carneiro da Silva

Rodrigues Costa, que agradece a colaboração das Dr.ªs Berta Duarte e Ângela Sobral.

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 18:35

Terça-feira, 08.12.15

Coimbra, o edifício Chiado 2

Em Março de 1978, um grupo de cidadãos, encabeçado pelo Delegado da Direção-Geral dos Desportos, Fernando Mendes Silva, iniciou um movimento cívico, a “Operação Chiado” com o intuito de salvar o edifício: “Dêem-nos 4 meses e mostraremos o que se pode fazer disto”, terá pedido Mendes Silva. Em colaboração com várias entidades foi elaborado um programa de animação com atividades variadas. Para além dos Serviços de Turismo da Câmara Municipal de Coimbra foram envolvidos na definição do programa: a Fundação Calouste Gulbenkian, a Secretaria de Estado da Cultura, a Universidade, o Museu Nacional de Machado de Castro, entre outras … Assim se realizaram, finais de xadrez, exposições … ciclos de cinema e até concursos de doçaria regional.
Enquadrado neste clima de mobilização cívica … a 5 de Junho de 1978, a “Noite de Coimbra” evento realizado na Praça do Comércio e em defesa da renovação urbanística e remoção do estacionamento, com o objetivo de lhe devolver a função de centro cívico e de convívio. Neste evento o banco “entregou” simbolicamente a chave ao impulsionador deste movimento, Fernando Mendes Silva, ficando os Serviços de Turismo da CMC encarregados da sua dinamização.
Na sequência da “Operação Chiado” e da consequente ocupação do edifício, com atividades culturais, a Câmara Municipal comprometeu-se com o Banco Pinto & Sotto Mayor em adquirir o edifício o que só aconteceu em 1984, já no mandato do próprio Mendes Silva como presidente da autarquia … Entretanto a Câmara Municipal solicitara no dia 11 de maio de 1978 a classificação do edifício como de “interesse público” … O Instituto de Salvaguarda do Património Cultural e Natural deu um parecer positivo a este pedido no dia 14 de Junho de 1978 … a sua classificação só se concretiza em 1997, sendo publicado o decreto de classificação como imóvel de interesse público em 2002 … a sua aquisição ao Banco fez-se através da permuta de um terreno na Avenida Fernão de Magalhães … Depois da sua aquisição pela CMC passou a ser um espaço expositivo de temas e obras diversificadas até que, em 2001, inaugurou como Museu Municipal.

Sendo à data o responsável pelos Serviços Municipais de Turismo, seja-me permitido um testemunho.
No final da “Noite de Coimbra” o Dr. Mendes Silva depois de entregar as chaves procurou-me e disse-me: “A minha tarefa está terminada. Agora é com a Câmara”. E, acrescentou, com aquele seu inconfundível linguarejar coimbrão: “Aguente-se à bronca”.
Rodrigues Costa

Magalhães, R. 2010. Edifício Chiado. Uma das curiosidades de Coimbra. In Caminhos e Identidades da Modernidade. 1910. O Edifício Chiado em Coimbra. Actas. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra, pg. 217 a 220

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 10:10

Segunda-feira, 07.12.15

Coimbra, o edifício Chiado 1

Conforme a história oficial, divulgada pelos Grandes Armazéns do Chiado, em Abril de 1888, os irmãos Joaquim Nunes dos Santos e Abílio Nunes dos Santos … fundaram a firma Nunes dos Santos e Companhia … Tinha sede na travessa de S. Nicolau (n.º 12) em Lisboa e explorava o negócio da importação de rendas e bordados … Durante os anos de 1903-1904 a sociedade passa de grossita a retalhista … são inaugurados a 3 de Abril de 1905 os Grandes Armazéns do Chiado … Em 1906, instalavam-se duas filiais, no Porto e Coimbra.
… Em 1909, na rua Ferreira Borges (antiga Rua da Calçada) era, então vendido um edifício à sociedade Nunes dos Santos e Comp.ª composto por duas lojas, sobrelojas e três andares, com o objetivo de para aí ser transferida a agência dos Grandes Armazéns do Chiado, passando esta a ser uma sucursal com a dignidade e a variedade de produtos que a cidade merecia … Numa segunda-feira, dia 15 de Abril de 1910, inauguraram-se as novas instalações dos Grandes Armazéns do Chiado … em prédio amplo e elegante, que na Rua Ferreira Borges se destaca pela originalidade da sua frontaria, pela vastidão das montras e pela iluminação feérica de todo o estabelecimento … A fachada do edifício esteve iluminada em todos os andares … à noite o Edifício produz um efeito deslumbrante…
… O pedido de autorização do projeto … data de 3 de Junho de 1909.
O Autor assina … com as iniciais A.S. e o último nome Correia, que pressupomos ser Alberto de Sá Correia, técnico de engenharia (condutor de obras) da … Repartição de Obras Públicas da Câmara Municipal de Lisboa.
… Os motivos decorativos do projeto inicial eram estilisticamente geométricos mas com um certo movimento orgânico Arte Nova … o edifício foi feito em função da fachada, sendo a qualidade e originalidade superior á do interior … As estruturas metálicas foram executadas numa grande fundição alemã da bacia do Reno, a Hoerde, conforme se confirma através das inscrições.
… Nos finais dos anos quarenta as filiais terão iniciado a sua decadência, facto confirmado por uma expressão utilizada em Coimbra para caracterizar as peças de vestuário fora de moda, apelidados de “monos do Chiado”.
… no início de 1952, o Edifício Chiado de Coimbra é vendido a Santiago Alvarez Mendes … o objetivo da aquisição terá sido servir de armazém de tecidos … iniciou-se também uma fase de produção fabril de peças de vestuário … Tendo em vista a comercialização deste vestuário surgiu a necessidade de se designar a marca, e a empresa Sociedade Têxtil Santiago A.A. Mendes passou a chamar-se Santix.
Estes armazéns sofreram um grande incêndio no dia 13 de Abril de 1963 e os últimos dois pisos ficaram muito danificados … os bombeiros referiram que o edifício não tinha caído pela qualidade da construção e pelo facto da sua estrutura ser em ferro.
… Pelo valor de 16.000 contos é, então, vendido em 12 de Setembro de 1973 ao Banco Intercontinental Português … Em 1977, o Chiado passava para propriedade do Banco Pinto e Sotto Mayor.

Magalhães, R. 2010. Edifício Chiado. Uma das curiosidades de Coimbra. In Caminhos e Identidades da Modernidade. 1910. O Edifício Chiado em Coimbra. Actas. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra, pg. 179, 192, 197, 198, 207, 213, 215, 217

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 11:13

Sexta-feira, 04.12.15

Coimbra, o Colégio da Sapiência 3

Concluído em Junho de 1604 o essencial da obra, logo os Professores e clérigos escolares se mudaram no dia 18 de Julho seguinte … O conjunto do Colégio não ficara totalmente concluído até aquela data, sendo a Capela sagrada só em 5 de Maio de 1637.
… o colégio passou a ser popularmente conhecido por Colégio Novo e só anos depois começou a ser referido por Colégio da Sapiência.

… Um alvará de D. João III, de 9 de Maio de 1552, satisfazendo um pedido expresso dos Jesuítas, e a fim de evitar a expansão para nascente dos Crúzios, proibia vender, aforar, ou de qualquer forma ceder um trato de terreno à Porta Nova que os Crúzios estavam a negociar para suas … Aquela Porta Nova … fora entaipada para dificultar a passagem da judiaria … Sobre o seu arco corria uma passagem coberta para ligar a muralha diretamente à Torre de Preconeo … torre que por sua vez estava ligada àquela cerca (a cerca do Colégio dos Órfãos, como era conhecida) … Anos antes os Crúzios pensaram abrir uma passagem mais direta para aquela cerca, que tem uma magnífica colunata conhecida de pouco, e mandaram demolir não só arco reconstruído (da Porta Nova) mas a Torre de Peconeo.

Silva, A.C. 1992. A Criação e Levantamento do Colégio da Sapiência (vulgo Colégio Novo). Coimbra, Santa Casa da Misericórdia de Coimbra. Pg. 32 e 33

 

Permitam-me algumas notas informativas de quem nasceu e cresceu na Cerca do Colégio dos Órfãos, tendo por Pai um funcionário da Misericórdia de Coimbra profundo conhecedor de todo o espaço em apreço.


Primeira: lembro-me de meu Pai me mostrar o início de uma escadaria atulhada, à direita de um pátio, junto à atual entrada da Faculdade de Psicologia, e de me ter referido que ali começava a escada subterrânea que ligava o Colégio a Santa Cruz.
Segunda: Na Cerca , para além da colunata acima referida, recordo a existência das duas capelas, ainda com vestígios de frescos e encimadas por estátuas de Santos. A que estava no topo da rua com a colunata tinha bancos de madeira e a de cima tinha um assento, em pedra, à volta da mesma.
Terceira: Num dos socalcos da Cerca – o do meio – que designávamos por 'jardim', ainda existiam vestígios de um jardim, nos topos do qual, existiam duas escadarias em pedra que ligavam aos socalcos inferiores.
Quarta: No caminho que indo das escadas a poente do referido 'jardim' para o socalco inferior que era designado por 'recreio', lembro-me de existir, incrustada na parede, uma pedra com uma data inscrita, da qual não me recordo com precisão, mas que julgo era um ano da centúria de 16.
Quinta: Junto à casa da Cerca onde habitávamos eram evidentes os restos da muralha e recordo-me de uma estrutura que agora digo que poderia prefigurar um ângulo de uma torre. No exterior da casa havia uma estrutura que me parecia ser a parte superior do teto de uma abóbada, ouvindo-se o cair da água para dentro da mesma.

Rodrigues Costa

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 22:23

Quarta-feira, 02.12.15

Coimbra, o Colégio da Sapiência 1

Dado o destino que os seus Colégios tiveram, os Crúzios logo pensaram em edificar um Colégio que substituísse aqueles … Melhor local não poderia escolher que o vasto planalto, levemente inclinado para poente, sobranceiro aos Mosteiro de Santa Cruz, dentro da Muralha, onde os Crúzios ocupavam uma Torre onde tinham os sinos do Mosteiro, conhecida por Torre de Santa Madalena, ou Torre Velha dos Sinos … alguns casebres e terras de cultura, tudo vizinho da oficina de canteiros de João de Ruão, que agora se sabe ali vivia num beco que tinha o seu nome. Aquela torre, entre a Torre do Prior do Ameal e a Torre de Preconeo, é referida no desenho de Moefnagel, e tinha próximo a capela de Santa Madalena, propriedade dos Crúzios, e que dava o nome à Torre … entre os terrenos que os Crúzios adquiriram estava um confinante com a conhecida Torre do Prior do Ameal … Em Julho de 1552 é assinado o primeiro contrato de escambo entre a Câmara e o Mosteiro, contrato em que este cedia àquela o domínio direto de duas casas na Rua do Coruche ‘que he das boas da cidade’, recebendo em troca um ‘pedaço de chão à Porta Nova’, com seu muro e barbacã, e o domínio direto das torres e muros aforados ao licenciado João Vaz.
… Ultrapassadas as dificuldades da aquisição dos terrenos … logo no dia 30 de Março de 1593 se iniciaram as obras, sob traça do arquiteto Filipe Tércio … é naquele dia que é feito solenemente o assento da primeira pedra do novo Colégio … A construção, não obstante rápida dado o volume enorme que tinha, foi sofrendo sobressaltos. Para darem um pouco mais de largura à construção, os Crúzios apropriaram-se de boa parte da rua medieval conhecida por rua ‘que ia da Porta Nova à Sé’, com a projeção aproximada da hoje Rua do Colégio Novo, e assim em domínios da Sé. O Cabido logo interpôs embargos … acabando a contenda por ser solucionada com a transferência para o Cabido de uma propriedade na Beira, pertença dos Crúzios,

Silva, A.C. 1992. A Criação e Levantamento do Colégio da Sapiência (vulgo Colégio Novo). Coimbra, Santa Casa da Misericórdia de Coimbra. Pg. 16 a 20

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Rodrigues Costa às 09:52



Mais sobre mim

foto do autor


Pesquisar

Pesquisar no Blog  

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

calendário

Dezembro 2015

D S T Q Q S S
12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
2728293031