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A' Cerca de Coimbra



Sexta-feira, 13.11.15

Coimbra e as suas personalidades: Miguel Torga

António Correia Rocha, nasce a 12 de Agosto de (1907) em S. Martinho de Anta, concelho de Sabrosa, distrito de Vila Real … Frequenta o curso de Medicina (1928-1933) … Com o livro «A Terceira Voz» (em 1934), “despede-se” literariamente do nome civil que usou nas primeiras edições e adota o pseudónimo de Miguel Torga … Miguel Torga morre (em Coimbra) a 17 de Janeiro (de 1995). A 18, é sepultado em campa rasa no cemitério de S. Martinho de Anta.

 

Miguel Torga (por ele próprio)

Nasceu em S. Martinho de Anta, Trás-os-Montes.
Casado.
Altura: 1 metro 77.
Magro como um espeto.
Perfil de um contrabandista espanhol.
Médico.
Anda que se desunha.
Fuma, sobretudo quando está com amigos ou quando escreve.
Gostava de ser pintor, e chegou mesmo a pintar um autorretrato, que atirou ao mar, no Portinho da Arrábida.
Vai muito ao cinema, e ri-se perdidamente com os desenhos animados.
Só ajudou uma vez a mulher a enxugar a louça, e há dez anos que lhe mata o bicho do ouvido com essa avaria.
Na sua biblioteca, pequena porque não cabem mais livros na exígua casa da Estrada da Beira, em Coimbra, onde mora, contém o essencial das principais leituras do mundo.
Em pintura moderna admira Picasso, Siqueiros, Orozco e Portinari.
Tira o chapéu a Euclides da Cunha e a Machado de Assis.
Gosta de música, particularmente de Bach.
Mas o que gosta a valer, é de calcorrear os montes do seu Douro transmontano, os pauis dos campos do Mondego, à caça de perdizes e narcejas.
Nunca fez uma tratantice a um colega das letras. Em compensação, têm-lhe feito muitas.
Entre os autores que venera: Dostoiewski, Proust, Cervantes, Unamuno e Melville.
É contra os caçadores de autógrafos, contra os álbuns, contra a publicidade.
O “contra” é mesmo o seu forte.
Gosta de solidão, e preza muito quem lha respeita.
Não acredita em fantasmas.
Anda sempre a morrer, e não há ninguém que gaste mais energia.
Se pudesse recomeçar a vida gostaria de ser mais poeta ainda.
Um dos seus títulos de glória é ter passado a adolescência no Brasil (Leopoldina – Minas).
Vive pelos nervos.
Não há ninguém mais amigo dos seus amigos, e tão mal compreendido por eles.
A arte para ele não é uma ambição: é um destino.
A sua terra é para ele como uma planta: sítio de deitar raízes.
Tinha 20 anos quando escreveu o primeiro livro, que se chama «Ansiedade».
Portas brasileiros que admira: Manuel Bandeira, Cecília, Ledo Ivo.
Romancistas brasileiros que admira: Graciliano, Lins do Rego e Jorge Amado.
Gosta de deuses pagãos, a quem tem cantado nas suas Odes.
Mas não conta com eles para o dia da morte, que teme como uma noite sem madrugada.

 

Rocha, C. 2000. Miguel Torga. Fotobiografia. Prefácio de Manuel Alegre. Lisboa, Publicações D. Quixote. Pg. 13, 45, 58, 98 a 101, 183

 

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por Rodrigues Costa às 09:50


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