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A' Cerca de Coimbra



Segunda-feira, 09.11.15

Coimbra e as suas personalidades: Edmundo de Bettencourt

Alto, muito alto, no dizer de José Régio, ergue Edmundo de Bettencourt os seus gorjeios de cristal e oiro, em voos de tal envergadura que apenas podiam acompanhá-los as flutuações da sua lírica inspiração, pois Bettencourt foi tão grande cantor como poeta, integrado nesse movimento que, após o ciclo do Orpheu, se definiu como o mais salutar e arejado nas letras portuguesas – o movimento «presencista».
No conjunto dessas aptidões se vertebrou a formação do mais intelectual trovador que passou por Coimbra, senão o de mais larga projeção em todo o Portugal … um cantor sadio, sugestivo, original!
… Em Edmundo de Bettencourt vincam-se essencialmente estas duas diretrizes, em que se definiu como único: - Preocupação seletiva e intensidade vocalista.
No que respeita à primeira manifestou a tendência, a que foi fiel, para se libertar do recurso a tudo quanto, em outros cantores, se enformasse do estilo mavioso, romântico, embalador ou puramente enternecedor … A inclinação para temas populares, mais compreensíveis e de mais rápida fixação memorial, marcam-lhe a primazia dum reinado, em que será soberano.
… Intensidade vocalista: Nela reside a segunda das apontadas características deste cantor, traduzida na impetuosidade, agressividade até, com que ataca as frases iniciais, um apelo às reservas de sonoridade de que as cordas vocais são capazes, quase que um grito, nunca caindo, até ao fim, na dolência embaladora, de que outros fatalmente lançariam mão.

Sousa, A. 1981. O Canto e a Guitarra na Década de Oiro da Academia de Coimbra (1920-1930). Coimbra, Comissão Municipal de Turismo, pg. 28 a 30

Edmundo Bettencourt (Funchal, 1889 — Lisboa, 1973) foi um cantor e poeta Português notavelmente conhecido por interpretar Fado de Coimbra e pelo seu papel determinante na introdução de temas populares neste género musical.
Frequentou a Faculdade de Direito de Coimbra, foi funcionário público, até ser despedido por o seu nome figurar entre os milhares de signatários das listas do MUD, desenvolvendo, então, a atividade de delegado de propaganda médica. Integrou o grupo fundador de Presença, cujo título sugerira, e em cujas edições publica O Momento e a Legenda. Dissocia-se do grupo presencista em 1930, subscrevendo com Miguel Torga e Branquinho da Fonseca uma carta de dissensão, onde é acusado o risco em que a revista incorria de enquadrar o "artista em fórmulas rígidas", esquecendo o princípio de "ampla liberdade de criação" defendido nos primeiros tempos"
… Frequentou os cafés Royal e Gelo, onde se reuniu a segunda geração surrealista, … Com efeito, o versilibrismo, o imagismo e certa atmosfera onírica e irreal conferem à sua poesia um lugar de destaque no segundo modernismo, estabelecendo, simultaneamente, a ponte com o vanguardismo de Orpheu e com tendências surrealistas e imagistas verificadas em gerações posteriores à Presença.

Acedido em 21.10.2015, em https://pt.wikipedia.org/wiki/Edmundo_Bettencourt

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por Rodrigues Costa às 20:09


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