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Pedro, bispo de Coimbra, depois de ter assistido ao IV Concílio lateranense (1215) voltara a Portugal. Aqui, não sabemos ao certo por que motivo, suscitaram-se entre ele e o rei sérias desavenças que levaram Afonso II a declarar-lhe crua guerra. Era o prelado de espíritos apoucados, e o terror obrigou-o a encerrar-se nos paços episcopais. Para o conservar ali como preso não foi necessário ao rei pôr-lhe guardas. Bastou dizer um dia, apontando para residência do bispo: «Aqui está o falcão e ali a garça; se a garça se mover, o falcão há-de apanhá-la». Desde então ninguém mais se atreveu a entrar no paço do bispo senão algum clérigo. Quando D. Pedro chegou a sair trazia as barbas crescidas e no ombro a cruz vermelha de cruzado. A sua inteligência começava já ou começou desde então a obscurecer-se, chegando por vezes a praticar atos de rematada loucura. Por este ou por outro motivo o rei deixou de persegui-lo, e ele submeteu-se a tudo.
Herculano, A.1987. História de Portugal. Vol. III. Lisboa, Circulo de Leitores, pg. 172
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