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A' Cerca de Coimbra



Quarta-feira, 30.09.15

Coimbra, as transformações da alcáçova nos séculos XV e XVI 2

É, pois, decerto esta a morada onde o «Rei Venturoso» se instala, em Outubro de 1502, quando, dirigindo-se a Compostela … De facto, são conhecidas as consequências da peregrinação régia ao túmulo do Apóstolo: a renovação monumental das sepulturas patriarcais de Afonso Henriques e de Sancho I; o empreendimento, a cargo de Boitaca, de uma extensa intervenção na própria estrutura do Mosteiro … «derrubar a Igreja do dito Mosteiro, Claustro & Capítulo, & Capítulo nouo». O envolvimento do mesmo grupo de personagens (Boitaca, Pedro Anes, Vicente Dias) em ambos os estaleiros, do cenóbio e do Paço, induz assim, mesmo sem comprovação documental, a aceitar uma correlação, também cronológica, entre as duas empresas. E não parece forçado imaginar que, face às condições topográficas particulares que caracterizavam o alcantilado «ninho de águias» onde se implantava o edifício palatino e aos graves problemas estruturais que a esse tempo já ostentaria – e que testemunham tanto a refeitura quase integral dos cubelos da fachada norte, como o pegão que escorava (provavelmente há muito) a varanda da Rainha e, mesmo, a própria noção geral de serem os paços muito «destroidos» –, que a construção da plataforma contrafortada (sem visível utilidade antes da edificação da nova estrebaria), tenha, de facto, constituído a primeira etapa do empreendimento. E que nela se tivessem investido os seus primeiros anos. Anos esses, porém, que não podemos saber quantos seriam.

Pimentel, A.F. 2005. A Morada da Sabedoria. I. O Paço real de Coimbra. Das Origens, ao Estabelecimento da Universidade. Coimbra, Almedina, pg. 390 e 391

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por Rodrigues Costa às 22:24

Terça-feira, 29.09.15

Coimbra, as transformações da alcáçova nos séculos XV e XVI 1

Parece, pois, ser chegado enfim o momento de procurar reconstituir o processo de remodelação do Paço Real de Coimbra posto em marcha por D. Manuel I.
Efetivamente e como escreveria Nogueira Gonçalves, “A Capela de S. Miguel apresenta-se como uma inserção ao conjunto dos paços” – situação ainda hoje visível ao nível dos telhados, que claramente fletem no seu ponto de arranque, evidenciando a sua justificação ao velho organismo palatino e mesmo ao «albacar». Apenas não é, como o ilustre mestre imaginou, “uma das extensões manuelinas aos paços antigos”, mas o produto da intervenção do Infante D. Pedro no solar dos seus maiores, nos quinze anos em que, apesar de tudo, lhe foi dado usufruí-lo. Capela que não é fácil saber como era na verdade, mas que não custa imaginar correspondesse ao corpo e ao vestíbulo da atual, num comprimento duplo da largura, rematada a sul por uma ousia rasgada, no topo, por ventanas … Em ângulo reto e a expensas do corpo do «albacar» que seu pai edificara, avançaria a nova ala residencial, destinada a dotar de melhores condições habitacionais o velho Paço, nesse tempo de crescente civilização e requinte da vida cortesã e que talvez tenha sido o cenário do seu cavalheiresco juramento com o conde de Avranches, antes da trágica jornada de Alfarrobeira, quando no dizer de Rui de Pina, o príncipe o “apartou soo a huuma camara”. E onde também não custa imaginar que remontasse à sua intervenção esse vão que abria da futura antecâmara da Rainha sobre a nave da capela.


Pimentel, A.F. 2005. A Morada da Sabedoria. I. O Paço real de Coimbra. Das Origens, ao Estabelecimento da Universidade. Coimbra, Almedina, pg. 388 a 390

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por Rodrigues Costa às 19:52

Segunda-feira, 28.09.15

Coimbra, a evolução da alcáçova

… perdida a função central que, em tempos de insegurança, conduzira à edificação do dispositivo militar; dificultada, pela existência da Capela palatina, a expansão da área logística do Paço no setor ocidental do recinto fortificado (como o fora a oriente); ultrapassada também a razão de fundo que levara, originalmente, a dotar a cidadela de uma única entrada virada à «linha de festo» da colina, tudo indica que sobre o velho «albacar», se terá levado a efeito a construção de um novo edifício, suscetível de ampliar a capacidade da estrutura paçã, providenciando-lhe simultaneamente uma nova serventia, ligada à área de serviços que crescera a noroeste do recinto fortificado e a uma zona urbana em paulatino crescimento (como prova a referência, em 1297, a casas erguidas “juxta petrariam subtus alcaçeuam regis nouam”) e, através dela, à zona da Sé.
… Por outro lado e mau grado o revolvimento dos terrenos, o espólio exumado (a quando da escavação de 1979/87 no «Jardim da Capela») forneceria moedas (ceitis e reais) dos reinados de D. João I, D. Duarte, D. Afonso V e D. João III. Em tal contexto e face ao perpétuo vaivém de D. Pedro I – o qual, como escrevia Fernão Lopes, “assi como quem faz correiçom, andava pollo Reino, em guisa que poucas vezes acabava huum mees em cada logar destada”, pouco conciliável com investimentos de fundo em estruturas palaciais e à crise financeira que ensombraria o reinado de D. Fernando I (e à gigantesca obra de fortificação de cidades e vilas em que se empenhou), tudo parece apontar para que a nova ala tenha sido erguida nos anos posteriores à crise de 1383/85 e ao advento da nova Dinastia, respondendo à utilização do Paço por parte do Rei de «Boa Memória», repetidamente documentada e ao desenvolvimento exponencial então sofrido pela Corte e que faria D. Duarte escrever, no «Leal Conselheiro», que poderiam andar nela até 3.000 pessoas. O ritmo seguido pela convocação de Cortes na cidade por parte do monarca (1387, 1390, 1395/96, 1397, 1400) poderá, assim constituir uma referência na edificação da nova ala palatina.

Pimentel, A.F. 2005. A Morada da Sabedoria. I. O Paço real de Coimbra. Das Origens ao Estabelecimento da Universidade. Coimbra, Almedina, pg. 285 a 287

 

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por Rodrigues Costa às 23:02

Sexta-feira, 25.09.15

Coimbra e os ex-líbris

Acha-se a nossa Cidade intimamente ligada a esta temática. Muitos conimbricenses têm sido utentes de marcas de posse bibliográfica – lembrem-se, ao acaso, os nomes de Armando Cortesão, Camilo Pessanha, Eugénio de Castro, Fernandes Martins …; outros celebrizaram-se como colecionadores ilustrados – recordam-se os nomes do General Adolfo Ferreira de Loureiro, o primeiro português a colecionar ex-líbris e a reunir uma coleção, fabulosa para a época, de 15.000 peças, os de João Jardim Vilhena e Henrique de Campos Ferreira Lima, cujas coleções, depois de terem deslumbrado os visitantes da já referida Exposição de 1927, se encontram hoje, respetivamente, na Biblioteca Geral e na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra; outros ainda são apontados como estudiosos investigadores de matérias ex-librísticas – e destes nem vale a pena salientar nomes tão numerosos eles são; outros, mais uma vez ainda, são considerados Artistas de ex-líbris – e é a eles que este Guia irá, mais adiante, fazer pormenorizada referência.
As duas exposições já realizadas em Coimbra por altura dos Encontros a que acima se aludiu (em 1979 e 1983) basearam-se fundamentalmente nas coleções Vilhena e Ferreira Lima. A presente baseia-se, na sua quase totalidade e exclusivamente, na coleção de um dos autores deste Guia (Rui Fernando Palhé da Silva)

Pereira, J.T.M. e Silva, R.F.P. 1988. Ex-librística Conimbricense. Guia da Exposição. Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra. pg. X e XI

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por Rodrigues Costa às 09:59

Quinta-feira, 24.09.15

Coimbra, deixa de ser a capital do reino 4

… a perda do valor militar da estrutura castrense da Alcáçova refletira-se na ereção de casas junto ou adjacentes aos muros ou porta da própria cidadela, parte dos quais propriedade régia, albergando repartições ou servidores e que agora ruíam, também elas, dia a dia, ante a escassez de alugadores. E talvez tenha sido essa mesma condição e a disponibilidade que a cidade intramuros oferecia ao alojamento de uma Corte em franco e contínuo crescimento e, por essa via, progressivamente dependente do aposentamento extra-palatino (senão mesmo a utilidade que revestia, no sentido de dar uso e, desso modo, providenciar a manutenção de um área urbana onde os monarcas detinham fortes interesses imobiliários), a razão de fundo da conservação de Coimbra, por toda a Idade Média, no centro de uma circuito áulico inexoravelmente deslocado para sul; se não esse, até, o verdadeiro motivo da(s) transferência(s) da Universidade. Que a abundância não seria, apesar de tudo, excessiva, mostra-o, pelo menos, a expressa menção de D. Afonso IV, ao entender «fazer morada gram parte do ano na Cidade de Coimbra», à necessidade que tinha, para os seus oficiais, das casas ocupadas pelos estudantes. E, esse facto, justificativo, por certo da referência a “moradores na Alcáçova”, detetada ao menos até ao século XIV, explicará também, num tempo em que Fernão Lopes se não esquecia de realçar o valor iconológico revestido, no contexto urbano, pelo paço régio e em que este se assume, cada vez mais, em termos de “afirmação heráldica e linhagística", a atenção que o Paço coimbrão mereceria por parte da Coroa e que não cessaria, efetivamente, com o advento da nova Dinastia.


Pimentel, A.F. 2005. A Morada da Sabedoria. I. O Paço real de Coimbra. Das Origens ao Estabelecimento da Universidade. Coimbra, Almedina, pg. 284 e 285

 

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por Rodrigues Costa às 10:15

Quarta-feira, 23.09.15

Coimbra, deixa de ser a capital do reino 3

No interior da velha cerca islâmica, três séculos volvidos sobre a sua edificação, surgia pois, do «palatium» primigénio sesnandino, um organismo novo, materializando a função, nova também, que ao antigo recinto se outorgara: um «Paço Real da Alcáçova». E se era, inquestionavelmente, a cabeça da urbe, pousado na colina, pretendia-se também que dela fosse o coração. De facto, afastado, pouco a pouco, o perigo muçulmano, que ainda em tempos de D. Teresa e do próprio D. Sancho I ameaçara os muros da cidade; estabilizada com Leão e Castela, a linha da fronteira; esbatida a importância militar do recinto fortificado, a moradia régia inaugurava uma relação crescente aberta com a cidade envolvente e as suas necessidades vitais. É desse modo que, em 1273, D. Afonso III estabelece que a feira semanal, cuja tradição remontaria a seu avô D. Sancho, se fizesse “nas minhas casas n’Almedina”, por reputá-lo de interesse comum seu e de todos. Apesar disso, quatro anos mais tarde o mercado mudaria de local e é D. Fernando I que, em 1377, volta ao tema, instituindo uma feira franca, todos os anos, de 15 de Setembro a 15 de Outubro … “Com entendimento que a dicta feira se faça dentro da cerca da dicta cidade no curral dos nossos paaços e arredor deles se dentro nom couberem”
… De facto, a estabilização paulatina da Corte no eixo Lisboa-Santarém, remontando, justamente, a D. Afonso III, tivera como corolário a lenta decadência da Almedina, que a valorização do «curral do paço» como espaço vital da antiga urbe, cada vez mais centrada no arrabalde, parecia pretender contrariar. Antes disso, porém, a perda do valor militar da estrutura castrense da Alcáçova refletira-se na ereção de casas junto ou adjacentes aos muros ou porta da própria cidadela, parte dos quais propriedade régia, albergando repartições ou servidores e que agora ruíam, também elas, dia a dia, ante a escassez de moradores.


Pimentel, A.F. 2005. A Morada da Sabedoria. I. O Paço real de Coimbra. Das Origens ao Estabelecimento da Universidade. Coimbra, Almedina, pg. 283 e 284

 

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por Rodrigues Costa às 10:10

Terça-feira, 22.09.15

Coimbra, deixa de ser a capital do reino 2

… é ainda no Paço Real da Alcáçova coimbrã que se reúnem as históricas Cortes de 1385, donde, pela hábil intervenção do doutor João das Regras (e oportuna pressão do Condestável), sairia o Mestre eleito Rei de Portugal, sendo, em consequência , «alçado» como tal e entronizado com as vestes e insígnias régias, no decurso da missa solene que sancionaria o acontecimento, celebrada pelo bispo de Lamego muito provavelmente na própria capela palatina. Ao Paço de Coimbra voltaria D. João I, de resto, por diversas vezes, como atesta o avultado número de Cortes convocadas na cidade pelo monarca e a sua conversão em sede de ducado, em 1415, atribuído ao Infante D. Pedro, seu filho … Com a morte do Infante, em 1449, na trágica jornada de Alfarrobeira e a queda em desgraça da família ducal, tudo indica que o Paço tenha encetado um ciclo de abandono. É o que documenta o conjunto de alvarás emanados por D. Afonso V, entre 1455 e 1469, relativos ao provimento da capelania, vaga desde o falecimento do Regente. Mas este facto, bem como conhecimento de o monarca ter convocado Cortes para a cidade ainda em 1472 … atestam, com a presença do Rei, uma interesse pela velha moradia régia, que se salda numa utilização, por parte da Casa Real, prolongada afinal ininterruptamente até quase ao último quartel do século XV … é só com D. João II que, de facto, se enceta uma desocupação continuada que, em quatro longas décadas, iria conduzi-la ao estado de ruína em que, cinco séculos volvidos sobre a edificação embrional, receberia D. Manuel I o histórico palácio dos seus predecessores.

Pimentel, A.F. 2005. A Morada da Sabedoria. I. O Paço real de Coimbra. Das Origens ao Estabelecimento da Universidade. Coimbra, Almedina, pg. 268

 

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por Rodrigues Costa às 11:31

Segunda-feira, 21.09.15

Coimbra, deixa de ser a capital do reino 1

Com efeito e mau grado o reinado de D. Afonso II corresponder a uma progressiva transferência da «sede» da Corte em benefício de Santarém e de Lisboa, prosseguida por D. Afonso III, tornando-se doravante mais prolongadas as ausências de Coimbra por parte dos soberanos … manteve-se a urbe, ao longo do século XIV, entre as quatro cidades mais assiduamente visitadas pela Corte.
A despeito destas ocorrências pontuais é, contudo, apenas a partir de D. Dinis que podemos seguir com mais detalhe os itinerários régios … nos 32 anos que decorrem de 1282 a 1314, apenas em seis deles (1287, 89, 99, 1303, 1309 e 1310) o monarca não parece ter estado na cidade, onde passaria os Natais de 1282, 84, 90, 93, 1301 e (aparentemente) 1307, regressando pela última vez em 1317, ao mesmo tempo que a prolongada estadia da Corte em 1307 seria tradicionalmente responsabilizada pela transferência da Universidade. Quanto a D. Afonso IV, era em Coimbra, enquanto Infante, a cidade “onde tinha sua molher e assento de sua casa”, onde estaria o ninho de águias das suas revoltas contra o pai e onde lhe nasceria o filho D. Pedro – porém não na alcáçova, mas num misterioso “alcacer, que estava acerqua de São Lourenço”, parecendo inferir-se, mesmo pelo facto de ter «conquistado a cidade» em Dezembro de 1321, no quadro da sua rebelião e de a posse desta lhe ter sido mais tarde ratificada pelo pai (mas precedida da devida homenagem ao Rei), que o uso do Paço Real se encontraria adstrito ao monarca reinante. Enquanto soberano, todavia, conservar-se-ia ausente da cidade entre 1336 e 1340, aí celebrando, porém, os Natais de 1326, 1334 e 1341. Mais breves seriam, decerto, as estadias de D. Pedro … Outro tanto, porém, não ocorreria com seu filho D. Fernando … No Paço da Alcáçova sucederia, aliás, o nascimento da almejada herdeira, D. Beatriz e aqui estanciaria o «Formoso» “dassessego” por diversas vezes, em particular nos anos da guerra com Castela, de 1371, 1372 (incluindo o Natal) e 1377.

Pimentel, A.F. 2005. A Morada da Sabedoria. I. O Paço real de Coimbra. Das Origens ao Estabelecimento da Universidade. Coimbra, Almedina, pg. 266 a 268

 

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por Rodrigues Costa às 11:36

Sexta-feira, 18.09.15

Coimbra, cortes de 1385

Em 3 de Março de 1385, entrou em Coimbra D. João, mestre da ordem de Avis, para assistir às cortes para qui convocadas … «… chegou a par de Santa Clara … E foram-no receber, com mui grande procissão, e com mui grande honra que lhe fizeram, e ia vestido pontificalmente D. Lourenço, bispo de Lamego … a rogo do deão e colégio da Sé de Coimbra, e a rogo do concelho da dita cidade, e os muito nobres e honrados colégios e concelho e muitos jogos e trebelhos que lhe fizeram. E vinham aí com o dito mestre de Avis, muitos cavaleiros e muitos escudeiros dos quais vinha aí Nuno Álvares … e como o sobredito D. João, mestre de Avis, viu a sobredita procissão vir de cima recontada, desceu-se das bestas, mui humildemente, e fincou os joelhos em terra, e beijou a cruz, e veio com a procissão mui honestamente de pé, e entrou pela mui nobre cidade de Coimbra, e levaram-no aos paços da Alcáçova sua».
Em 6 de Abril de 1385, D. João foi coroado rei na igreja de S. Cristóvão.
No mesmo dia se lavrou o auto da eleição de D. João I no Paço da Alcáçova nesta cidade. Nele figuram, como representantes do concelho de Coimbra, Afonso Domingues de Aveiro e Gonçalo Esteves Ferreira.

Loureiro, J.P. 1964. Coimbra no Passado, Volume I. Coimbra, Edição da Câmara Municipal, pg. 243 e 244

 

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por Rodrigues Costa às 12:06

Quinta-feira, 17.09.15

Coimbra, cortes de 1261

Estabelecendo por algum tempo a corte em Guimarães, o novo monarca visitou sucessivamente vários daqueles distritos, recolhendo-se a Coimbra, ainda então considerada como capital da monarquia, nos fins de Julho de 1248. Tanto aqui, como durante a sua residência no Norte, Afonso III parece ter seguido uma politica judiciosa.

Efetivamente Afonso III jurara então conservar intacta a moeda … O prazo expirava, porém, em 1261, e o rei, desobrigado das suas promessas, tratou de recorrer de novo a esse deplorável meio de locupletar-se. Apenas, todavia, começara a aumentar o valor nominal da moeda antiga e a cunhar outra nova viciada, um brado de reprovação se alevantou de toda a parte … Cedendo aos clamores universais, Afonso III convocou as cortes de Coimbra, onde os bispos, os vassalos da coroa, os mestres das ordens, os abades dos principais mosteiros e os procuradores dos concelhos vieram a reunir-se nos fins de Março ou princípios de Abril desse mesmo ano.
A assembleia foi agitada. Discutiu-se largamente o direito da coroa e ponderaram-se os males que resultavam ao reino daquelas mudanças…. Para chegar a um acordo fizeram-se, enfim, concessões mútuas. Decretou-se que as moedas antigas fossem restituídas ao estado primitivo; que nunca mais nelas se fizesse alteração de valor nominal ou real, e que as novas que o rei começara a cunhar, e que evidentemente eram de inferior toque, valessem em relação às antigas na razão de setenta e cinco por cento, isto é que dezasseis destas equivalessem a doze daquelas.

Herculano, A.1987. História de Portugal. Vol. V. Lisboa, Circulo de Leitores, pg. 9, 52

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por Rodrigues Costa às 23:02

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