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Convento de S. Domingos
Do lado fronteiro (ao Colégio da Graça) erguia-se o «Convento de S. Domingos», agora desaparecido e rasgado pela abertura da Rua João de Ruão. Da igreja pouco resta, além da fachada voltada à rua, que era a cabeceira da capela-mor, armoriada com o brasão dos duques de Aveiro, e da Capela de jesus, de magnífica arquitetura renascentista. Fazia parte deste templo a Capela do Tesoureiro, uma das mais notáveis realizações da Renascença Coimbrã, mas já com decoração maneirista, feita por João de Ruão entre 1558 e 1565. Encontra-se agora montada no Museu Machado de Castro.
A Igreja de S. Domingos, que ficou por concluir, devido à falta de meios … O antigo convento desta ordem situava-se mais próximo do rio (escavações arqueológicas entretanto realizadas identificaram a sua localização debaixo do edifício do Hotel Almedina) e havia sido fundado no primeiro quartel do século XIII, sob a proteção de D. Branca e D. Teresa, filhas de D. Sancho I.
Colégio do Carmo
Confinando com a Igreja da Graça encontra-se o «Colégio e Igreja de Nossa Senhora do Carmo»
O Colégio do Carmo Calçado foi uma das mais prestigiosas instituições da cidade universitária de Coimbra. Fundado em 1542 pelo bispo do Porto, D. Frei Baltazar Limpo, para acolher os clérigos da sua diocese que viessem seguir os estudos em Coimbra, em breve resolveria destiná-lo aos frades da ordem em que professara … Foi ele o iniciador das grandes construções colegiais de que ainda resta parte do noviciado, datado de 1548.
Mas o grande construtor, aquele que mandou erigir a mais monumental igreja da Rua da Sofia e um dos mais belos claustro de Coimbra foi, porém, o famoso bispo de Portalegre, D. Frei Amador Arrais
… A Igreja do Carmo é como um coroamento de todas as pesquisas arquitetónicas citadinas, com uma fachada porticada … de nave única com capelas nos flancos.
… Os edifícios foram entregues à Ordem Terceira de S. Francisco, que fez algumas alterações nas alas colegiais.
… A igreja data de 1597 e teve como mestre-de-obras e provável tracista Francisco Fernandes … são notáveis as capelas laterais … No retábulo principal salientam-se as pinturas maneiristas, do melhor que no género se fez em Portugal, de autoria de Simão Rodrigues e Domingos Vieira Serrão. De estacar são também os azulejos e as esculturas em madeira estofada.
… O claustro foi concluído em 1600 … Como diz Eugénio de Castro, este claustro é “o encanto de todos os artistas e a inveja de quantos ambicionam um asilo discreto e carinhoso para os estudos e para as suas meditações”.
Na sacristia, entre outras peças de valor, guarda-se uma Deposição no Túmulo, do século XVI, vinda do Convento de Sant’Ana, e um belíssimo arcaz feito em 1754 pelo marceneiro António Temudo.
Borges, N. C., 1987. Coimbra e Região. Lisboa, Editorial Presença. Pg. 81 e 82
Colégio de S. Bernardo
Separado do Carmo pela ladeira do mesmo nome, erguia-se outro grande edifício, o «Colégio de S. Bernardo» ou do «Espirito Santo», pertencente aos cistercienses. Está hoje muito adulterado, mantendo apenas uma parte da fachada. O lado do edifício junto à Ladeira do Carmo foi transformado num palacete oitocentista. Era uma grande construção, mas simples, adaptada ao declive, com dois claustros interiores. A sua fundação deve-se ao cardeal D. Henrique, que financiou as obras “à custa da sua própria fazenda”.
Colégio de S. Boaventura
Sofrendo de igual descaracterização está o «Colégio de S. Boaventura», do outro lado da rua, logo a seguir ao Beco de S. Boaventura. Igreja e parte residencial estão transformadas em lojas comerciais e habitações … Ocuparam-no os franciscanos da Província dos Algarves, que tinham por apelido os «frades pimentas».
Colégios de S. Miguel e Colégio de Todos-os-Santos
Na mesma linha do Colégio de S. Bernardo se encontra o «Palácio da Inquisição», de que restam partes, sobretudo no lado que dá para o pátio do seu nome. Para se entender a sua localização há que referir as construções que o antecederam. No cotovelo formado entre a Rua da Sofia e a subida de Montarroio levantaram-se dois colégios do Mosteiro de Santa Cruz: o de S. Miguel, ao longo da Rua da Sofia, destinado a canonistas e teólogos, e o de Todos-os-Santos, na rampa de Montarroio, para alojamento de alunos de Teologia e Artes. Projetaram-se cerca de 1535 e ainda decorriam obras em 1547, quando o rei D. João III pediu os edifícios ao Prior de Santa Cruz para aí instalar o Colégio das Artes
…O tribunal da Inquisição estabeleceu-se em Coimbra, em 1541, andando por sedes provisórias, até vir ocupar este edifício desafeto, em 1566. Das velhas construções pouco resta, para além de um lanço de claustro, no pátio interno. As instalações foram sendo adaptadas.
Para a Rua da Sofia ficava a «Porta da Bica», por onde entravam os presos. Havia outra entrada pelo Pátio de S. Miguel, que já não existe, mas o núcleo principal voltava-se para o Pátio da Inquisição … À entrada do pátio, à direita, situavam-se os «aposentos dos secretários» - prédio renovado, no estilo dos séculos XVII-XVIII, de boas linhas. No topo ficavam os «aposentos dos inquisidores», com um terraço avarandado, tendo do baixo a «casa do tormento». Os cárceres e galerias do lado sul e poente desapareceram já.
Borges, N. C., 1987. Coimbra e Região. Lisboa, Editorial Presença. Pg. 82 e 83
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