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A' Cerca de Coimbra



Terça-feira, 16.06.15

Coimbra e D. Sesnando

Sesnando … tinha sido introduzido na corte de Sevilha no tempo de Ibn Abbad e, pelos seus talentos e importantes serviços feitos ao príncipe sarraceno, chegara a ocupar o lugar de vizir no divã, esto é, ministro ou membro do conselho supremo do amir, que o distinguia particularmente entre os seus conselheiros. Sesnando tornou-se temido nas guerras com os inimigos de Ibn Abbad; porque nas empresas que dirigia obtinha sempre prósperos sucessos. O motivo por que abandonou o amir de Sevilha para entrar ao serviço de Fernando Magno ignora-se; mas o seu procedimento posterior persuade que alguma ofensa recebida dos sarracenos a isso o instigara … Porventura entre Sesnando e os muçulmanos limítrofes alguns recontros haveria, segundo parece indicá-lo o foral dado a Coimbra por Afonso VI … Sesnando serviu lealmente até o seu último dia a causa da monarquia cristã.

Um diploma exarado no mesmo dia em que, segundo a Crónica dos Godos, Santarém caía em poder dos muçulmanos alguma luz derrama para se descortinarem as causas que tolhiam ao conde o socorrer as suas fronteiras meridionais. É ele o foral de Coimbra, Sesnando, atraindo para ali a população cristã, não organizara o município, contentando-se os novos habitadores com lhes ser assegurado por um título geral a posse hereditária das propriedades rústicas ou urbanas que se lhes distribuíam.
Depois, por quase meio século, Coimbra fora a capital de um distrito, e ainda no tempo de Henrique se podia considerar como a principal cidade do condado ou província de Portugal; mas na tradição, que os documentos contemporâneos parece confirmarem, nos assegura que o genro de Afonso VI estabelecera em Guimarães a sua corte, se tal se pode dizer de uma residência incerta e quase anualmente interrompida. Coimbra, posto que, como vimos, fosse frequentada pelo conde, o qual por vezes fez aí larga assistência, tinha, como todos os lugares principais, governadores próprios sujeitos a ele, segundo sistema hierárquico da monarquia leonesa.

Herculano, A.1987. História de Portugal. Vol. II. Lisboa, Circulo de Leitores, pg.10, 31

 

 

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por Rodrigues Costa às 13:02


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