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João Machado nasceu em Coimbra, no seio de uma família de operários. Muito novo começou a trabalhar com seu pai, que possuía uma pequena oficina … que tinha uma natural inclinação para as Belas Artes … nomeadamente a modelagem e a escultura em madeira. Não terá sido pois, por mero acaso, que a primeira obra de João Machado premiada numa exposição foi um «Cristo» em bucho.
Em 1879, tentando aperfeiçoar a sua incipiente técnica, inscreve-se na Associação dos Artistas … mas logo no ano seguinte, com a fundação da Escola Livre, para aí se transfere, começando a receber orientação de Mestre Gonçalves.
Produz em seguida obras dos mais variados tipos, passando pela pintura, pela talha e pela modelação em barro e em gesso, e pouco a pouco começa a ver os seus méritos reconhecidos pelo público.
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Definitivamente estabelecido como canteiro decorador, João Machado, viu aumentar o número das suas encomendas … levaram-no a ser contratado para as obras do Palácio do Buçaco … Em 1893, quando se inicia o restauro da Sé Velha é convidado também a colaborar nesta obra.
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À sua oficina, no n.º 23 da Rua da Sofia acolhiam-se então alguns jovens artificies que eram industriados na arte de talhar a pedra … Revivia-se assim o tipo de trabalho coletivo tão típico da cidade do Mondego no século XVI.
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Em 1907 foi contratado para lecionar … na Escola Brotero de Coimbra
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A obra-mestra de João Machado é … o conjunto de dois altares do cruzeiro da Igreja de Santa Cruz, dedicados a Nossa Senhora e executados entre 1906 e 1910.
O do lado direito dos visitantes foi o primeiro a ser terminado … Como o seu par é de pedra de Ançã e eleva-se a seis metros de altura.
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De características diferentes é o busto da «República» que hoje se pode ver na escadaria do edifício do Município Coimbrão. Aqui a «República» é a jovem real, serena e confiante, de lábios entreabertos a deixar perceber um leve sorriso, mas simultaneamente grave, como que prevendo as muitas contrariedades que teria de enfrentar ao longo da vida.
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É nesta atividade de materializar na dura pedra os seus sentimentos … que Machado de mostra verdadeiramente e inegável artista, um artista que nos legou uma obra notável.
Dias, P. 1975. João Machado. Um Artista de Coimbra. Edição do Autor, pg.13, 15 a 17, 22, 26, 31
Em 1878, António Augusto Gonçalves fundou a Escola Livre das Artes do Desenho … A Escola não nasceu espontaneamente e, embora tenha sido em Portugal a pioneira, a verdade é que estabelecimentos deste tipo eram já preconizados naqueles países onde a indústria se encontrava mais desenvolvida e tecnologicamente mais avançada … A cidade e os artistas que dessa Escola saíram, muito lhe devem.
Anacleto, R., 1983. O Coreto do Parque Dr. Manuel Braga em Coimbra. Coimbra, Separata de Mundo da Arte, 14, pg. 17 a 30, pg. 21
… a Escola Livre das Artes do Desenho (tinha) o objetivo, como consta dos seus estatutos, aprovados a 25 de Outubro de 1880, «da propagação do estudo do desenho nas suas variadíssimas aplicações às artes, artes industriais e artes fabris; a impulsão de todos os meios que possam favorecer em Coimbra, mormente na classe operária, o desenvolvimento do gosto, aperfeiçoamento das manufaturas e inteligência das obras de arte».
Mestre Gonçalves aproveitou a circunstância de encontrar vários jovens operários talentosos – canteiros-escultores, entalhadores, ceramistas – alguns dos quais já anteriormente iniciados no estudo das artes para promover a grande arrancada a partir de 1880.
A Escola Livre instalou-se na Torre de Almedina … que a Câmara Municipal cedeu para o efeito.
Ali não se seguiam cursos rígidos: os alunos, ou melhor, os associados, eram orientados por Mestre Gonçalves ou por qualquer colega mais destro ou mais evoluído.
Os resultados foram surpreendentes, pois não só os artífices melhoraram tecnicamente em muito pouco tempo, como ganharam um amplo conjunto de conhecimentos teóricos, o que os levou a tomarem consciência da produção artística e a orientá-la num determinado sentido, com um cunho mais pessoal e mais de acordo com a sua sensibilidade e da sua maneira de ser.
Dias, P. 1975. João Machado. Um Artista de Coimbra. Edição do Autor, pg.9 e 10
Em 1878, António Augusto Gonçalves fundou a Escola Livre das Artes do Desenho … A Escola não nasceu espontaneamente e, embora tenha sido em Portugal a pioneira, a verdade é que estabelecimentos deste tipo eram já preconizados naqueles países onde a indústria se encontrava mais desenvolvida e tecnologicamente mais avançada … A cidade e os artistas que dessa Escola saíram, muito lhe devem.
Anacleto, R., 1983. O Coreto do Parque Dr. Manuel Braga em Coimbra. Coimbra, Separata de Mundo da Arte, 14, pg. 17 a 30, pg. 21
… a Escola Livre das Artes do Desenho (tinha) o objetivo, como consta dos seus estatutos, aprovados a 25 de Outubro de 1880, «da propagação do estudo do desenho nas suas variadíssimas aplicações às artes, artes industriais e artes fabris; a impulsão de todos os meios que possam favorecer em Coimbra, mormente na classe operária, o desenvolvimento do gosto, aperfeiçoamento das manufaturas e inteligência das obras de arte».
Mestre Gonçalves aproveitou a circunstância de encontrar vários jovens operários talentosos – canteiros-escultores, entalhadores, ceramistas – alguns dos quais já anteriormente iniciados no estudo das artes para promover a grande arrancada a partir de 1880.
A Escola Livre instalou-se na Torre de Almedina … que a Câmara Municipal cedeu para o efeito.
Ali não se seguiam cursos rígidos: os alunos, ou melhor, os associados, eram orientados por Mestre Gonçalves ou por qualquer colega mais destro ou mais evoluído.
Os resultados foram surpreendentes, pois não só os artífices melhoraram tecnicamente em muito pouco tempo, como ganharam um amplo conjunto de conhecimentos teóricos, o que os levou a tomarem consciência da produção artística e a orientá-la num determinado sentido, com um cunho mais pessoal e mais de acordo com a sua sensibilidade e da sua maneira de ser.
Dias, P. 1975. João Machado. Um Artista de Coimbra. Edição do Autor, pg.9 e 10
A construção do Jardim Botânico, que se instalava em parte da cerca dos frades beneditinos e ocupou, posteriormente, uma parcela da dos Marianos … seguindo traçado de Mattiazzi, e não só, a sua feitura prolonga-se até 1867.
Anacleto, R. 2003. O Arquitecto José do Couto em terras da Beira. In II Congresso Internacional do Barroco, pg. 651 a 661.Porto, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, pg.654
Junto ao rio, desde 1887 que se transformava lentamente o largo espaço do Cais das Ameias num belo Passeio Público, com canteiros ajardinados e maciços de verdura. Colocava-se o gradeamento do lado do rio e empedravam-se os passeios … Fazer construir um coreto decente era tarefa que urgia, até porque, realmente, aos domingos a banda exibia-se e para tal utilizava aquela ruína a que impropriamente se atribuía tal denominação.
Anacleto, R., 1983. O Coreto do Parque Dr. Manuel Braga em Coimbra. Coimbra, Separata de Mundo da Arte, 14, pg. 17 a 30, pg. 19 e 20
A beatificação de D. Isabel de Aragão, em 1516, constituiu o reconhecimento oficial do culto que de há muito o povo de Coimbra lhe tributava com o nome de Rainha Santa. Em 1556 tornou-se extensivo a todo o país e em 1616 ao reino de Aragão … a instauração do processo com vista à canonização, apoiado por vários soberanos mas só verdadeiramente desencadeado pelo empenhamento do bispo-conde D. Afonso de Castelo Branco. Foi assim que no dia 26 de Março de 1612, ao começo da tarde, se procedeu à primeira abertura do túmulo da rainha, já que o exame das relíquias era um dos requisitos processuais … “se achou mui são, inteiro, e sem corrupção”
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Determinou logo D. Afonso de Castelo Branco expor à veneração dos fiéis os restos mortais incorruptos da Rainha Santa … o túmulo de prata branca mandado fazer na mesma ocasião (1613) por D. Afonso … apresenta-se com austera volumetria: de forma paralelepipédica, coberto por uma tampa retangular alongada … Mede de comprimento máximo 2,33 m e de largura 0,86 m … O conhecimento da tratadística está patente no tratamento das colunas coríntias, assentes em pedestal baixo, em avanço, e de harmoniosas proporções … O espaço entre as colunas é preenchido pelos cristais … tudo leva a crer que anteriormente Domingos Vieira tivesse vindo à cidade do Mondego para contratar “o sepulcro da Rainha Santa que o dito bispo manda fazer à sua custa”
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A canonização, ocorreu em 1625.
Borges, N. C., 1996. O Tumulo de Prata da Rainha Santa Isabel, em Coimbra. Separata de In Memoriam: Carlos Alberto Ferreira de Almeida. Porto, Faculdade de Letras, Pg. 163 a 166
Precedida de uma ofensiva estratégica contra a taifa de Sevilha, dinamizada a partir de Mérida, em 1063, destinada a isolar o Reino de Badajoz, a tomada de Coimbra por Fernando I, no ano seguinte, não constituiria um mero episódio na lógica da «Reconquista». Era antes, em certo sentido, o seu próprio e simbólico ponto de partida … A submissão da fortíssima praça - «illarium partium maxima civitas», como refere a documentação medieval – avultava, assim, como prova de fogo da estratégia imperial formulada pelo monarca leonês. Donde a peregrinação a Santiago, de que seria precedida, destinada a impetrar a proteção do santo; donde o conjunto de lendas que se iriam tecer em seu redor, como os «sete anos» de cerco, a ativa intervenção do próprio apóstolo (em tal transe assumindo perfil de «mata-mouros»), a participação de Rui (ou Rodrigo) Dias, o romanesco Cid, armado cavaleiro, após o triunfo, na mesquita. Donde, enfim, nova romagem régia a Compostela, na sequência da conquista, a render graças pelo bom sucesso da empresa.
A fazer fé nos relatos cristãos, os sitiantes haviam combatido “muy fortemente com os engenhos, em tanto que britarom o muro da villa. E os mouros, maao seu grado, veheron a el rei e deitaronsse a seus pees e pedironlhe por mercee que os leixasse hyr cõ seus corpos, e que lhe leixaria a villa e a alcaçova, com quanto aver em ella avya. E el rey com grande piedade outorgoullo. E entregaronlhe a vylla a huum domingo, ora de terça.
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Coimbra renderia, de facto, um opulento saque em cativos e bens, mesmo que os 5.000 prisioneiros transmitidos pelas fontes pertençam também, provavelmente, aos domínios da lenda. Integrada pelo Imperador no Reino da Galiza, atribuído a seu filho Garcia … seria confiada (bem como todo o território a sul do Douro, reconstituindo, de um modo geral, o velho «condado de Coimbra»), a Sesnando Davides.
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A nomeação do famoso «alvazir» como governador da cidade e seu território no novo contexto da conquista cristã … representava a possibilidade de utilização, ao serviço da «reconstrução» e em pleno «Andalus», da sua própria origem moçárabe … no âmbito de uma estratégia de aglutinação do tecido social e de atração de novos «povoadores».
Pimentel, A.F. 2005. A Morada da Sabedoria. I. O Paço real de Coimbra. Das Origens ao Estabelecimento da Universidade. Coimbra, Almedina, pg. 218 a 220.
… a similitude do aparelho de construção ostentada pelo alcácer e pelos trechos arcaicos da muralha (num percurso homogéneo, entre a demolida «Porta da Traição» e a de «Almedina»), reconhecida por Vergílio Correia e Nogueira Gonçalves, tanto quanto o facto se confirmar que, do mesmo modo, “também pedras visigóticas foram aproveitadas para o enchimento dos muros” (sabendo-se hoje que onde se vê «visigodo» se deve, porventura, ver «moçárabe») … Tudo leva, assim, a crer que a importância simbólica e estratégica atribuída à recuperação de Coimbra, no quadro de um projeto imperial de «guerra santa» direcionado ao Reino de Leão, incluiria a sua conversão em praça militar, entendida como guarda avançada do Islão, em cujo âmbito se articulariam tanto o seu «repovoamento» como a sua poderosa fortificação; e que esta se levara a cabo por meio da edificação do «alcácer» e da própria cintura de muralhas, sem a qual, em boa verdade, não disporia aquele de verdadeira eficácia militar … desse modo melhor se compreendendo, aliás, a presença (há muito assinalada), no percurso mural, de trechos mais ou menos explicitamente «muçulmanos», como o arco ultrapassado da Porta da Traição, documentado em 1094, os arranques, também de arco ultrapassado, reconhecidos na Porta de Almedina, onde igualmente parecem divisar-se restos de duas torres circulares, estruturas que, pela sua afinidade técnica com a «alcáçova» e a muralha urbana, Nogueira Gonçalves atribuiria, uma vez mais, ao “século IX, ao período a seguir à primeira reconquista" e mesmo, talvez, a Porta do Sol, referenciada em 1087.
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Parece, assim, configurar-se, no extremo norte do «Andalus» ocidental, mais do que um mero «alcácer», uma praça-forte cingida de muralhas: ciclópico anel, cerrando a ferradura e dando ao (duplo) «monte» a aparência «redonda» captada por Idrisi.
Pimentel, A.F. 2005. A Morada da Sabedoria. I. O Paço real de Coimbra. Das Origens ao Estabelecimento da Universidade. Coimbra, Almedina, pg. 197 a 199
Na verdade e mau grado a diversidade das suas interpretações, as descrições de Virgílio Correia e Nogueira Gonçalves coincidiam em absoluto e mesmo com a que, três séculos antes, elaborara D. Jerónimo Mascarenhas e que constitui a mais antiga referência conhecida sobre a estrutura da muralha coimbrã, “grandes pedras quadradas de mármore mui branco (…), umas inteiras e outras quebradas, lavradas e esculpidas ao modo romano”, em algumas se ostentando “buracos pelos quais se uniam umas com as outras com gatos de ferro (…), postas nos muros desta cidade, sem ordem alguma, e outras por fundamentos dos muros”, em muitas partes se divisando “entre outras pedras algumas colunas, que tudo mostra a grande pressa com que eles foram levantados, e que foram feitos de matéria, que já ali havia”. Posteriormente, contudo, ganharia novo fôlego a defesa da origem romana das muralhas, face ao conhecimento da implementação, em finais do século III e inícios do seguinte, sob Diocleciano e Maximiniano, de um plano geral de fortificação urbana.
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Novos contributos viriam, de resto, reforçar essa interpretação, ainda que propondo, em termos de efetiva razoabilidade … um traçado de menor amplitude em relação ao que viria a ser a sai dimensão medieval. Dever-se-ia, porém, a Carneiro da Silva, em 1987 e partindo de levantamento fotográfico infelizmente nunca publicado, a mais recente (e concisa) caracterização técnica dos trechos arcaicos da muralha, em função da qual afirmaria ser “a sua estrutura … constituída por um intradorso de forte cimento, ligado com numerosos restos romanos, como telha, ladrilho, restos de colunas, degraus, vergas e outras cantarias, e uma forra de grossas alvenarias”. A verificação, porém, de que afinal “também pedras visigóticas foram aproveitadas para o enchimento de muros, levá-lo-ia “a considerar que são os árabes que levantam as muralhas de Coimbra, ao servirem-se daqueles materiais de épocas anteriores ao seu domínio”
Pimentel, A.F. 2005. A Morada da Sabedoria. I. O Paço real de Coimbra. Das Origens ao Estabelecimento da Universidade. Coimbra, Almedina, pg. 196
… data de 1930, por mão de António de Vasconcelos, a primeira reconstituição do circuito medieval das muralhas coimbrãs. Se o velho mestre não curara de deslindar a sua origem, mas tão só de definir o seu percurso, outro tanto não faria Virgílio Correia, que, no mesmo ano e sob o impacte da descoberta, nas infraestruturas do Museu que dirigia, do criptopórtico romano, afirmava, invocando Plínio, que “admitindo que «oppidum et flumen Minium» se referem a Coimbra, aí temos, além da designação do nome da terra, a sua qualidade de «oppidum», povoação de altura, fortificada, que de facto Coimbra é, e provavelmente sempre foi”. Apesar disso, não deixava de constatar que “acerca das muralhas romanas de Coimbra, nada conhecemos, até agora, de positivo. Em Junho de 1943, contudo, evocava Nogueira Gonçalves: “Alvorecia o século quinto. Iam caindo, feridas quase sem glória, as águias dos emblemas imperiais. Desabava a torrente dos povos bárbaros, alastrando em ruínas e morticínios. Em 409 … a primeira onda, a dos suevos, alanos e vândalos …”
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Ganhava, pois, raízes, até por confronto com Conimbriga, onde os avanços da arqueologia comprovariam a origem tardo-antiga das muralhas, a tese da ereção da cerca coimbrã ao despontar do século V, perfilhada por Fernandes Martins, em 1951 e por Pierre David, desde 47, embora recuando a edificação dos muros, em ambas as cidades, à invasão dos Francos de 258. Antes que terminasse o ano de 43, contudo, meses depois de Nogueira Gonçalves, recordando a invasão bárbara de 409, com ela relacionar a edificação das muralhas coimbrãs, as obras em curso do palácio universitário, proporcionando a descoberta do pano de muro e do cubelo (depois demolido) incluídos no átrio de S. Pedro, abriam novas perspetivas, em função das quais Virgílio Correia, estribado no confronto do “aparelho de construção, onde, como noutros pontos dos muros e das portas de Coimbra, foram empregados blocos romanos, de algum grande edifício desmontado para o efeito”, deduzia ser o mesmo «coevo das grandes obras de fortificação citadina, cuja origem e cronologia precisa são ainda um problema em aberto”
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E concluía: “O problema da idade das primeiras muralhas de Coimbra apresenta-se como de difícil solução … Por outro lado, não se encontraram, até agora, nas muralhas pedras de ornato paleocristão ou bárbaro. Donde tornar-se admissível o levantamento da fortificação precisamente na época do domínio dos visigodos, que tornaram Imínio numa capital onde quatro monarcas cunharam moeda; e capital significou sempre, na Idade Média, cidade poderosamente fortificada. As muralhas apresentam, desde o Castelo, ao longo da Couraça de Lisboa, até ao Arco de Almedina, a mesma composição, com aproveitamento nas fiadas inferiores de silhares do grande aparelho romano. Mal conhecidos os muros do lado poente e norte … sendo porém absolutamente seguro que a parte visível sobre a Ladeira dos Jesuítas é de época tardia, de material uniforme”. Por seu turno … exarava Nogueira Gonçalves … “As fortificações militares da cidade pertencem a diversas épocas…”
Pimentel, A.F. 2005. A Morada da Sabedoria. I. O Paço real de Coimbra. Das Origens ao Estabelecimento da Universidade. Coimbra, Almedina, pg.195 e 196
Na verdade, não custa admitir que a romanização de «Aeminium» tivesse por objetivo a incorporação de um povoado primitivo, aí encastelado (o «oppidum»), impedindo a sua reconstituição em local estratégico, como era o ponto de travessia do Mondego pela estrada (então organizada) «Ulissipo – Bracara Augusta», assim se originando uma pequena cidade que ao longo dos séculos I e II iria crescendo e estruturando órgãos políticos (refletidos no «fórum»), colhendo os benefícios das vias comerciais que aí se cruzavam, sem, por tanto, rivalizar com a opulenta Conimbriga.
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… a opinião de C.A. Ferreira de Almeida, segundo a qual seria admissível que a Porta de Almedina assentasse numa base romana, como o próprio conceito (na verdade sensato) de que a hipotética muralha imperial representasse apenas um reforço pontual das qualidades defensivas da própria topografia … sendo que a comprovação da origem romana da Porta de Almedina não constitui necessariamente prova da sua inclusão num circuito murado, o mesmo sucedendo com a Porta de Belcouce.
Pimentel, A.F. 2005. A Morada da Sabedoria. I. O Paço real de Coimbra. Das Origens ao Estabelecimento da Universidade. Coimbra, Almedina, pg. 214
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