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A' Cerca de Coimbra


Terça-feira, 29.10.19

Coimbra: Tinteiro de tartaruga levado do Mosteiro de Santa Cruz

João Batista Ribeiro, no seu Inventário do Museu Portuense de 1839, regista «um estojo que contem um tinteiro de tartaruga marchetado d’ouro e madrepérola, que foi do uso de Fr. Bartholomeu dos Martires».

Escrivaninha, c. 1720-1747, tartaruga, madrepérolEscrivaninha, c. 1720-1747, tartaruga, madrepérola, liga de cobre e ouro. Museu Nacional
de Soares dos Reis (fot. José Pessoa IMC/ MC)

Mas já em 1838, no periódico O Panorama (1838: 122), se fizera referência a esta peça com essa associação ao nome do Arcebispo de Braga, acrescentando a menção a uma pena «com que se asignaram os decretos do concilio tridentino, monumentos curiosos doados a Sancta Cruz por D. Fr. Bartholomeu dos Martyres».

Igreja de Santa Cruz. Santuário 01 a.jpg

Igreja de S. Cruz. Santuário, onde a peça estava guardada

Dessa pena não volta a encontrar-se notícia, tão pouco do estojo a que alude João Batista Ribeiro. Trata-se de uma peça de produção italiana do século XVIII, construída em tartaruga, ornamentada com incrustações de motivos “chinoiserie” em ouro e elementos “rocaille”, grotescos e figuras alegóricas em madrepérola. Não é assinada, mas tem paralelos muito estreitos com peças da autoria de Gennaro e Giuseppe Sarao.
Foi apresentada na exposição de Arte Ornamental de 1882, sem classificação, mas já com a indicação de ter sido oferecida por Benedito XIV à Academia Litúrgica Pontifícia fundada em Coimbra em 1747.
Joaquim de Vasconcelos dedicou-lhe, em 1914, um breve estudo onde a classifica como trabalho francês, da corte de Luís XV e onde definitivamente deita por terra a associação ao concílio de Trento e a Frei Bartolomeu dos Mártires. Em 1998, a sua classificação foi revista por comparação com paralelos de outros museus, designadamente da Wallace Collection, tendo então sido datada do século XVIII e aproximada à produção da família Sarao.

A escrivaninha integra-se, desde 2001, no circuito da exposição permanente do Museu em articulação com peças de ourivesaria do Século XVIII.

Machado, A.P. A propósito de três itens de inventário. In: O Património Artístico das Ordens Religiosas entre o Liberalismo e a atualidade, n.º 3. 2016. Pg. 161-172.

 

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por Rodrigues Costa às 09:29

Sexta-feira, 27.11.15

Coimbra, o Órgão da Igreja de Santa Cruz

O grande órgão de tubos da Igreja de Santa Cruz é um instrumento que pela sua idade, história e tamanho tem um lugar especial na organaria portuguesa. As partes mais antigas têm aproximadamente 480 anos. Foi construído ou teve intervenções de importantes organeiros (portugueses, espanhóis, flamengos) e possui 3 registos inteiros e 55 meios registos, num total de 2.920 tubos sonantes tendo na sua fachada um Flautado de 24. É, nas palavras de D. Dyonísio da Glória, em 1726 “este Órgão um monstruo de harmonia”.
A consola encontra-se na parte de trás do órgão, de forma que o organista não tem contacto visual direto com a ação litúrgica, mas por outro lado toda a superfície é aproveitada para colocar tubos. O instrumento, apesar de ter um só teclado, está subdividido em 4 secções, designadas pelos respetivos registos mais graves: órgão de 24, de 12 e de 6 (palmos), sendo a quarta secção de cornetas. As secções podem ser controladas através da entrada de vento nos someiros.
… Os trabalhos de restauro do instrumento tiveram lugar entre o verão de 2004 e a Páscoa de 2008. O objetivo foi devolver a este instrumento a sua integridade histórica, técnica, estética e musical, de acordo com o estado concebido em 1719-24 pelo organeiro Manuel Benito de Herrera.
O sistema de vento foi objeto de uma solução nova … Atualmente possui 3 foles novos, colocados atrás do órgão. Para além de funcionarem com motor, que lhe fornece o vento, é ainda possível manobrá-los manualmente

Rohden, P. G. 2015. Programa do Concerto. Órgão Histórico de Santa Cruz. Organista Paulo Bernardino. Realizado no domingo, 21.06.2015.

 

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por Rodrigues Costa às 19:29


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