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A' Cerca de Coimbra



Segunda-feira, 15.06.15

Coimbra, a reconquista cristão vista pelo lado muçulmano

Com a morte de Almançor, em 1002, a rápida fragmentação do Califado de Córdoba, no âmbito da «2.ª fitna» e a formação do Reino aftássida de Badajoz, onde «Qulumbryya», juntamente com outras cidades do «Gharb» (Santarém, Lisboa, Sintra, Alcácer do Sal, Évora e Beja), se veria integrada a partir de 1022, é provável que a urbe não tivesse visto diminuída a sua importância militar … Desde 1057, aliás, Fernando I de Leão, atravessando o Douro, se apoderava sistematicamente de posições muçulmanas … Mas a importância que revestia a tomada de Coimbra é amplamente ilustrada pela amplitude da expedição em sua intenção, assumindo o soberano pessoalmente o comando das hostes e com esse fim se dirigindo à cidade em companhia da Rainha D. Sancha, de seus filhos e filhas e de diversos prelados … vindo a conquista a verificar-se em 10 de Julho de 1064.

segundo o relato de Ibn ‘Idari … : “E assim continuou o inimigo de Deus, Fernando – escreveria o cronista –, fortalecendo-se, enquanto os muçulmanos se debilitavam (…) até que o maldito sitiou a cidade de Coimbra (…) O maldito Fernando assediou-a agora até que a conquistou. E isso porque o seu «qa’id» - nesse tempo era um dos escravos de Ibn al-Aftas, que se chamava Randuh –, falou secretamente com Fernando para que lhe desse o «amãn» a ele e à sua família e se passaria a ele, desde a cidade, durante a noite. Então o maldito lhe deu o «amãn» e o maldito passou secretamente ao exército dos cristãos. Ao amanhecer, as gentes da cidade, já tinham feito os preparativos para a luta. Então lhes disseram os cristãos: como nos combateis quando vosso emir está connosco? A gente da cidade não tinha conhecimento daquilo e quando não o encontraram, souberam que a notícia era certa. Pediram ao estrangeiro o «amãn», mas não lhes foi concedido. Tinham-se esgotado as provisões e o inimigo de Deus sabia-o. Então esforçou-se em combatê-los, até entrar nela por assalto; como consequência, foram mortos os homens e cativas as crianças e as mulheres. E isto foi no ano 456”.
Com a conquista de Fernando Magno, encerrava-se a etapa islâmica da urbe, um amplo ciclo de três séculos e meio, longamente interrompido, entre 878 e 987, pela tomada de Afonso III e pelo domínio dos «condes de Coimbra»

Não é exatamente verdade que tenha deixado de “haver história da cidade nesse período” mesmo que esta, com efeito, se encontra praticamente por fazer … É, sobretudo, um facto, que o conjunto de informações reunido produz, essencialmente, uma sequência de «episódios», cujo real sentido em boa parte nos escapa e entre os quais, não obstante, figurará o que representa a «circunstância» que determinou a ereção do enigmático «alcácer».

Pimentel, A.F. 2005. A Morada da Sabedoria. I. O Paço real de Coimbra. Das Origens ao Estabelecimento da Universidade. Coimbra, Almedina, pg.164 e 165

 

 

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por Rodrigues Costa às 22:32


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